Dom Rafael Biernaski
Bispo de Blumenau(SC)
“A minha alma glorifica ao Senhor, meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador!” (Lc 1,46- 47). Um tempo de Ação de Graças a Deus pelas suas maravilhas: assim a Igreja do Brasil iniciou a celebração do Ano Mariano Nacional. Na vida de três pescadores, Domingos Martins Garcia, João Alves e Felipe Pedroso, no encontro da Imagem de Nossa Senhora nas águas do Rio Paraíba do Sul, teve início um caminho de Bênçãos de Deus pela intercessão da Serva do Senhor. Foi a resposta da Mãe aos rogos dos filhos, trabalhadores humildes, para prover a necessidade de peixe. Como no “Sim” ao Anjo na Anunciação e no serviço generoso à prima Isabel, Maria nos ensina a acolher o Dom de Deus, a reconhecer Sua ação no mundo e a doar-se, em perfeita obediência à Sua Vontade. Aparecida é a mensagem que fala ao coração na simplicidade da oração, do trabalho e da partilha.
Da acolhida da Imagem em seu barco e em suas casas, os pescadores se tornam mensageiros da Virgem Maria. Em primeiro lugar, põem-se em oração: “Ave Maria… Rogai por nós, pecadores…”. E reúnem os vizinhos para venerar a Mãe de Deus. A notícia se espalha pela redondeza, e vão chegando os devotos atraídos pela doçura materna que socorre na necessidade, que consola na tribulação, e indica o caminho do Evangelho de Seu Filho Jesus. Devoção que brota da fé humilde e cresce na comunhão com a Igreja.
Ao longo destes três séculos de devoção e encanto pela pessoa e pelas virtudes da Mãe de Deus, os peregrinos foram recolhendo em suas vidas as graças derramadas abundantemente, pois reconhecem nela a intercessora junto a Jesus: “Eles não têm mais vinho!” (Jo 2,3). Nos sofrimentos e lutas diárias recorrem Àquela que esteve presente no caminho do Filho, até a Cruz: “Eis a tua Mãe!” (Jo 19,27). E permaneceu como Senhora das Dores e da Esperança, porque “bem-aventurada é aquela que acreditou” (Lc 1,45). Como Mãe que acompanha os filhos e filhas com maternal proteção, derrama as graças com especial predileção pelos aflitos e necessitados.
Na aurora da Igreja nascente, no Cenáculo com os discípulos, Maria ora e espera. Espera porque a “misericórdia do Senhor é de geração em geração” (Lc 1,50). Ora para que se cumpra a promessa do Espírito. Por isso, é verdadeiramente Mãe da Igreja, Mãe da comunidade discípula missionária. Em Aparecida, contemplamos o Amor de Deus. Amor redentor que enche a vida da alegria evangélica. Convite a amar e servir. Rogai por nós, Santa Mãe de Deus, para sejamos dignos das promessas de Cristo.