Ascensão do Senhor
1ª Leitura: At 1,1-11
2ª Leitura: Ef 1,17-23
Evangelho: Mc16,15-20
JESUS NOS PREPARA O CAMINHO PARA SUBIRMOS AO CÉU
A solenidade da ascensão do Senhor que celebramos ainda no tempo Pascal, marca o cume deste tempo litúrgico que vivemos durante estes mais de 40 dias. Como o cume de uma montanha é sua parte mais alta, a ascensão é sim também a subida a este monte! Sabemos que é das partes mais altas que conseguimos ver melhor, mais longe e com maior amplitude. No entanto a solenidade da “subida” só pode ser bem compreendida se associada ao mistério de sua “descida”. Dois mistérios, estes, de nossa fé que se complementam: encarnação e ressurreição do Senhor. É a festa do retorno ao Pai e não do abandono. É a solenidade da unidade e não da dispersão. É o mistério da espera e não do pragmatismo.
Na primeira leitura, repete-se a mensagem essencial desta festa: Jesus, depois de ter apresentado ao mundo o projeto do Pai, entrou na vida definitiva da comunhão com Deus – a mesma vida que esperam todos os que percorrem o mesmo “caminho” que Jesus percorreu. Quanto aos discípulos: eles não podem ficar olhando de braços cruzados para o céu, numa passividade alienante; mas têm de ir para o meio dos homens e continuar o projeto de Jesus. (At 1,1-11).
Por isso, esta solenidade do Senhor não deve ser vista como uma despedida de Cristo. Em geral as despedidas são acompanhadas sempre por uma dispersão posterior. No mistério deste domingo o que a Palavra revela é que a ‘elevação’ de Cristo aos céus provocou na realidade a comunhão dos discípulos de Jesus. Se durante os 40 dias de suas manifestações pascais o Senhor se fez presença viva, o seu retorno à direita do Pai, não significou ausência e sim uma nova forma de presença também do seu corpo, agora revestindo os apóstolos reunidos na Igreja, que é sacramento do corpo de Cristo: “Não vos afasteis de Jerusalém, mas esperai a realização da promessa do Pai, da qual vós me ouvistes dizer: João batizou com água; vós porém, sereis batizados com o Espírito Santo dentro de poucos dias” (At 1,4-5).
A segunda leitura convida os discípulos a terem consciência da esperança a que foram chamados (a vida plena de comunhão com Deus). Devem caminhar ao encontro dessa “esperança” de mãos dadas com os irmãos – membros do mesmo “corpo” – e em comunhão com Cristo, a “cabeça” desse “corpo”. Cristo reside no seu “corpo” que é a Igreja; e é nela que Se torna, hoje, presente no meio dos homens. (Ef 1,17-23).
O Evangelho narra a Aparição Pascal de Jesus e o envio dos onze apóstolos a proclamar o Evangelho a todas as criaturas. (Mc 16,15-20). Jesus dá aos apóstolos uma Missão: “IDE por todo o mundo, proclamai o Evangelho a toda criatura”. Também tem uma Promessa: “E o Senhor agia com eles.”. Jesus aparece a seus discípulos, não para consolá-los, mas para dar-lhes a missão de proclamar a Boa Nova a toda humanidade. Marcos diz que Jesus “foi levado” – forma passiva que indica que é o Pai quem age. A ausência física do Senhor abre o tempo da comunidade. Jesus continua presente na missão de seus discípulos.
O Sentido da festa: 1. Jesus foi ao encontro do Pai, depois de uma vida gasta ao serviço do “Reino”; deixou aos seus discípulos a missão de anunciar o “Reino” e de torná-lo uma proposta capaz de renovar e de transformar o mundo. Celebrar a ascensão de Jesus significa, antes de mais, tomar consciência da missão que foi confiada aos discípulos e sentir-se responsável pela presença do “Reino” na vida das pessoas.
2. A Ascensão nos lembra que somos ENVIADOS de Cristo para continuar e completar a sua obra… Não podemos ficar parados, olhando para o céu… Devemos ser discípulos e fazer discípulos para o Reino… E Cristo nos garante: “Estarei convosco todos os dias, até ao fim do mundo…”
3. Mas esse trabalho não dependerá apenas de nossas forças… Por isso os envia a Jerusalém “para aguardar o Espírito Santo, reunidos em oração, com Maria, mãe de Jesus”. Como Maria e os apóstolos reunidos no cenáculo, devemos REZAR e invocar o Espírito Santo. Cristo já tinha afirmado: “Sem mim nada podeis fazer…”. Por isso, a Igreja não começa com a Ação… mas com a Oração.
4. Cristo PARTE, mas PERMANECE na COMUNIDADE. A Ascensão de Cristo ao céu não é o fim de sua presença entre nós, mas o começo de uma nova forma de estar no mundo. Na Ascensão, Jesus não se retira; mas é exaltado, glorificado. A parusia não é o retorno de um Jesus ausente, e sim a manifestação gloriosa de um Jesus sempre presente na comunidade. Sua presença acompanha com sinais a nossa Missão evangelizadora. Deus está presente e nos envia como seus apóstolos, para que Cristo seja conhecido e amado por todas as pessoas. “Ele ‘subiu’ para dar-nos a esperança de que um dia iremos ao seu encontro, onde ele nos precedeu…” (Prefácio). Nesta festa, o Pai nos confirma no caminho de Jesus e nos faz suas testemunhas, continuadores de sua missão no mundo.
As MÃES, cujo dia hoje celebramos, que sabem viver o Amor de Deus, desejamos as bênçãos de Deus para esta sublime vocação: Ser Mãe. Parabéns!
Pe. Osmar Debatin