SOLENIDADE DE S. PEDRO E S. PAULO
– Celebração de 15 anos da Diocese de Blumenau
“Tu és o Cristo, Filho do Deus vivo” (Mt 16,16)
“Sobre esta pedra edificarei a minha Igreja” (Mt 16,18)
Irmãos e irmãs…
01. Celebramos hoje, em comunhão com a Igreja espalhada pelo mundo, com júbilo e em ação de graças, a Solenidade dos Apóstolos Pedro e Paulo. São Pedro nos faz pensar no Papa e em sua missão. Hoje também é o Dia do Papa. E São Paulo Apóstolo é o padroeiro de nossa Diocese.
02. Esses dois grandes homens da primeira hora são conhecidos como colunas da Igreja. Cada um, ao seu jeito e segundo a missão recebida de Jesus, constitui, para os cristãos, referência essencial quanto ao modo de viver e anunciar o Evangelho. Somos agradecidos a Deus pela vida e pelo exemplo desses dois discípulos. O Senhor nos dê a graça de imitá-los.
03. Depois de três anos de “missões” nas paróquias, e enquanto a imagem de Nossa Senhora Aparecida e as Relíquias de S. João Paulo II ainda peregrinam entre nós, estamos aqui, na Igreja Catedral, para celebrar o décimo quinto aniversário da nossa Igreja Diocesana. O Papa João Paulo II, hoje santo canonizado, criou a Diocese de Blumenau no dia 19 de abril de 2000, ano do Grande Jubileu da Encarnação. A instalação da Diocese com a Posse do primeiro Bispo Diocesano, Dom Angélico Sândalo Bernardino, ocorreu dois meses depois, no dia 24 de Junho, festa da Natividade de São João Batista.
04. Esta nossa Celebração se dá quando já estamos navegando em alto mar do ano da Vida Consagrada e do Ano da Paz. E as velas do nosso barco já são empurradas pelos ventos da convocação do Papa Francisco para o Ano Santo da Misericórdia a iniciar-se no dia 08 de Dezembro próximo.
05. Pois bem, neste dia tão especial, o que nos diz Deus nos textos da Escritura Santa proclamados há pouco? Convido-os a prestarmos atenção ao diálogo entre Jesus e os discípulos e à resposta que Ele dá a Pedro:
06. O Evangelho leva-nos a Cesareia de Filipe, no Norte da Galileia, numa região marcada pelo paganismo. Jesus, depois do sucesso nos inícios de sua vida pública, depara-se agora com resistências e indiferença da parte de muitos. Na intimidade com os seus discípulos, faz-lhes perguntas a respeito dele próprio. A preocupação de Jesus é estimular e formar nesses seus amigos a convicção e a opção de segui-lo e de investir tudo numa vida nova, segundo o Reino anunciado por Ele mesmo.
07. “Quem dizem por aí que eu sou? E vocês, quem vocês dizem que eu sou?”
– é comovente o modo como Jesus revela sua humanidade ao mostrar-se interessado com o que por aí se diz dele; age como se fosse qualquer um de nós. A pergunta feita aos discípulos na intimidade, hoje também é dirigida a mim e a ti, a mim e a vocês. Jesus tem o propósito de nos incluir na vida dele; quer conversar conosco como com amigos: deseja trocar ideias e colher impressões.
– De fato, a pergunta é típica de conversa entre amigos íntimos: “E tu, o que dizes de mim? Quem eu sou para ti? És mesmo meu amigo?”
– Jesus quer tocar, como que apalpando, o coração dos amigos; quer saber a verdade de cada um; não quer que fujam dele; Jesus precisa deles e de sua amizade: “E tu, o que dizes de mim?”
– É importante prestar atenção na pergunta de Jesus e levá-la ao coração. Essa mesma pergunta de Jesus poderia ser feita com outras palavras, como: “O que pensam de mim as pessoas que sabem que és meu amigo e que veem tuas obras, que ouvem tuas palavras e conhecem teus pensamentos? Se és meu amigo, como vives na tua vida privada? Como é tua oração? Como vives em Família? Como és com os vizinhos? Participas da Comunidade? Perdoas? És solidário? És honesto? És de fato meu discípulo missionário?” O que diz de mim a tua maneira de viver? És coerente?”
08. Meu irmão e minha irmã, depois de 15 anos, a Diocese de Blumenau é a Igreja que Jesus durante esse período conseguiu edificar sobre a resposta que cada um foi dando a essas perguntas; ou à pergunta central: “E tu, quem dizes que eu sou?”
09. Aqui, se pudéssemos, como seria edificante citar nomes e contar a vida e as obras de tantos homens e mulheres, lideranças leigas, ministros e ministras, seminaristas, diáconos, padres e bispos (Dom Angélico e Dom José), consagrados e consagradas, crianças, jovens e adultos pequenos e grandes, todos abnegados, que fizeram de sua vida uma entrega com alegria, esperança e fidelidade. Quanta gente dando a vida nas Pastorais, nos Movimentos, nas Associações, nos Organismos, nos Serviços, na atividade Missionária e nos mais diferentes espaços da nossa vida de Igreja!
10. “E tu, Povo da Diocese de Blumenau, quem dizes que eu sou?”
11. É verdade que o jubileu de 15 anos é chamado “jubileu de cristal”. O cristal é fino, delicado e requer cuidado. Mas a resposta firme e convicta de cada fiel, e da comunidade inteira, é pedra(!) – é rocha(!) – a pedra sobre a qual Jesus hoje constrói sua Igreja. Assim já foi sobre o dizer de São Pedro – dizer, não seu, mas recebido do Pai – que Jesus declarou construir a sua Igreja (Mt 16,18). Igreja que Ele construirá e que é sua Igreja.
12. Levantando os olhos e observando ao nosso redor, vemos muitas pedras com as quais se edificou esta Catedral. Assim também, a Catedral viva, a Igreja, a Comunidade do Reino edifica-se com muitas pedras. A resposta que damos a Cristo em cada instante de nossa vida é a nossa pedra que não pode faltar lá, naquele lugar determinado segundo o chamamento que Ele nos faz. Só assim seremos juntos, a grande rocha, conforme o sentido hebraico da palavra pedra, termo usado para designar a rocha escavada, oca, espécie de gruta que serve de lugar de refúgio e acolhimento, onde os pássaros fazem os seus ninhos, os animais guardam as suas crias e os homens se refugiam em caso de guerra; essa grande rocha pode não ser sólida, mas dá solidez a uma vida nova.
13. Nesta solene Liturgia, São Paulo é colocado em realce na Segunda Leitura, da Carta a Timóteo. Desde o seu encontro com Cristo Ressuscitado na estrada de Damasco, Paulo fez de sua vida uma resposta generosa ao chamamento, e um compromisso total com o Evangelho. Essa resposta de Paulo é pedra, é rocha fundamental na edificação da Igreja de Jesus. Quanto entusiasmo desperta a vida de Paulo, que lutou, sofreu, gastou e degastou a sua vida, num dom total para que a salvação de Deus chegasse a todos os povos da terra! O encontro com Cristo marcou de forma decisiva a sua vida.
14. Paulo se identificou totalmente com Cristo, anunciou o Evangelho com entusiasmo e convicção em todo o mundo antigo, sem nunca vacilar perante as dificuldades, os perigos, a tortura, a prisão, a morte. Paulo é, verdadeiramente, um modelo e uma testemunha que deve interpelar, desafiar e inspirar cada um de nós.
15. Hoje, como ontem, descobrir Jesus e viver de forma coerente o compromisso cristão, implica ter a coragem de ser diferente, de pensar e fazer diferente, do jeito como Jesus fez. À luz do testemunho de Paulo e de Pedro, o caminho cristão vivido com radicalidade é um caminho que vale a pena, porque conduz à Vida que é Deus.
16. Os Santos Apóstolos que celebramos, e Maria, a Mãe de Jesus e da Igreja obtenham de Deus para a Diocese de Blumenau, nesta nova etapa, agora com seu novo Bispo, dom Rafael, as mais abundantes bênçãos hoje e sempre! Assim seja!
Dom João Francisco Salm – Administrador Apostólico da Diocese de Blumenau