Comentário sobre a liturgia do Pe. Antonio Rivero, L.C., Doutor em Teologia Espiritual, professor e diretor espiritual no seminário diocesano Maria Mater Ecclesiae de são Paulo (Brasil)
SãO PAULO, 22 de Dezembro de 2014 (Zenit.org) – Ciclo B
Textos: Is 52,7-10; Hb 1,1-6; Jo 1,1-18
Ideia principal: O motivo profundo da nossa alegria está aqui: O Verbo se fez carne e habitou entre nós.
Síntese da mensagem: Natal é o cumprimento do velho sonho de Deus: conviver com o homem. Já desde o Paraíso, quando o Senhor visitava os nossos primeiros pais no cair da tarde, assim como na tenda da reunião durante a travessia do deserto. E depois no Templo de Jerusalém, lugar privilegiado da presença de Deus no meio do seu povo. Sempre é a mesma tentativa: habitar entre os homens. E agora isto chega à sua plenitude: Deus planta a sua tenda na história. É Emanuel, isto é, Deus conosco. Alegremo-nos, porque hoje é Natal!
Pontos da ideia principal:
Em primeiro lugar, por muito preocupados que estejamos pelos problemas da vida- que existem!-, e por preto que vejamos o panorama social ou eclesial- que aí está e nos ameaça!-… Escutemos a voz da Igreja mensageira que anuncia esta grande notícia na santa missa: Deus visitou o seu povo e nos traz o seu consolo e a sua paz (1ª leitura). Uma paz sem limites, feita de justiça e direito. Alegremo-nos, porque hoje é Natal, e com o Natal recuperamos o sentido da vida e a força para enfrentar esses problemas da vida diária, familiar laboral, porque Deus em Cristo caminha do nosso lado, que para isso se fez homem! Contagiemos o espírito do Natal!
Em segundo lugar, por muitas palavras que escutemos de sereias enganadoras que nos assobiam prometendo-nos a libertação, o êxito, a supressão da dor e das angustias, ou palavras tentadoras do inimigo da nossa alma para que claudiquemos na nossa fé e confiança em Deus ao ver tantos excessos e desastres naturais e humanos… Deus Pai hoje pronunciou a sua última e definitiva Palavra que é o seu Filho. E essa Palavra encarnada nos purificou dos nossos pecados e nos libertou das nossas ataduras, morrendo voluntariamente por nós, revestindo-nos da filiação divina (evangelho) para que levemos uma vida digna e nobre (2ª leitura). Alegremo-nos, porque hoje é Natal, e com o Natal renasce a esperança que não defrauda e nos salva! Contagiemos o espírito do Natal!
Finalmente, por muitas e espessas trevas que nos querem envolver por onde for- ideologias de cunho liberal, marxista, hedonista e pragmático-, hoje uma Luz brilhou para nós (evangelho), e graças a esta Luz podemos ver tudo a partir de uma nova perspectiva, a perspectiva da eternidade: as sãs e humanas alegrias, e também as tristezas e as dores; os êxitos conquistados com garra e honestidade, e também os fracassos injustos; os trabalhos bem remunerados, e também as demissões; a saúde transbordante e a doença que nos carcome; os momentos de plenitude radiante e os instantes de dúvidas e perplexidades; a aceitação entre os nossos amigos e familiares, e também o desengano e o esquecimento nos quais estamos prostrados. Tudo desde a luz de Belém se ilumina, se esclarece, retoma sentindo. Por quê? Porque o Filho de Deus se fez homem para experimentar na sua própria carne e redimir todas estas situações humanas. Alegremo-nos, porque hoje é Natal, e com o Natal renasce a fé que dissipa toda a treva do coração e da mente! Contagiemos o espírito do Natal!
Para refletir: Vivo os sete dias da semana, as quatro semanas do mês e os doze meses do ano o espírito do Natal: alegria, paz, vitória, liberação, justiça, filiação divina? Quem quer me roubar o espírito do Natal: este mundo anticristão, o demônio tentador ou as minhas paixões baixas? O que vou pedir para o Menino Jesus que nasce em Belém? E o que vou oferecer em troca? Contagio o espírito do Natal?
Para rezar: Com toda a Igreja rezemos o grande pregão de Natal e enchamo-nos de alegria profunda: “Anunciamo-vos, irmãos e irmãs, uma grande notícia, / uma grande alegria para todo o povo. / Escutai com um coração cheio de gozo: / Tinham passado milhares e milhares de anos / desde que, no princípio, Deus criou o céu e a terra / e fez o homem e a mulher à sua imagem e semelhança. / Milhares e milhares de anos tinham sido transcorridos / desde que cessou o dilúvio / e o Altíssimo fez resplandecer o arco íris, / sinal de aliança e de paz. / No ano 752 da fundação de Roma; / no ano 42 do império do Otávio Augusto, / quando sobre toda a terra reinava a paz, / na sexta idade do mundo, / faz muitos anos, / em Belém de Judá, povo humilde de Israel, / ocupado então pelos romanos, / num presépio, porque eles não encontraram hospedagem, / da Santa Maria a Virgem, esposa de José, / da casa e da família de Davi, / nasceu Jesus, chamado Messias e Cristo, / que é o Salvador que o povo esperava. / Alegrai-vos, irmãos. / Esta é a boa notícia do anjo: / “Nasceu-vos um Salvador: o Messias, o Senhor”.
Qualquer sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail: [email protected]
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Homilética: Missa do Galo
Comentário sobre a liturgia do Pe. Antonio Rivero, L.C., Doutor em Teologia Espiritual, professor e diretor espiritual no seminário diocesano Maria Mater Ecclesiae de são Paulo (Brasil)
SãO PAULO, 22 de Dezembro de 2014 (Zenit.org) – Ciclo B
Textos: Isa 9, 1-3, 5-6; Tit 2, 11-14; Lc 2, 1-14
Ideia principal: os paradoxos de Deus na noite de Natal.
Síntese da mensagem: Deus feito homem. O Eterno desceu no tempo. O não abarcável e Infinito cabe nos braços de Maria. A Palavra do Pai no silêncio. O Imensamente Rico deitado num presépio e envolvido em faixas. O Alimentador do gênero humano necessitado do peito de Maria para não morrer. O Fogo ardente da caridade tremendo de frio nessa noite gelada de inverno. O Desejado das nações rejeitado; e como não tinha lugar para Ele nas hospedagens deste mundo humano, teve que nascer num curral de animais.
Pontos da ideia principal:
Em primeiro lugar, qual o porquê e o para quê destes paradoxos? Porque se cumpriu o tempo, o “Kairòs” pensado por Deus desde toda a eternidade para reconquistar o homem caído e fazê-lo entrar na luz (primeira leitura). E tudo por pura benignidade de Deus, para nos converter em povo seu (segunda leitura), para devolver-lhe a sua glória e trazer a paz tão desejada para toda a humanidade (evangelho). Paz com essa densidade bíblica: bem-estar, prosperidade, desenvolvimento, alegria, justiça. Paz que é harmonia entre homem e homem; entre homem e cosmos; entre homem e Deus. A paz é a definição mesma de Cristo, “Príncipe da paz”. Paz que é vida, amor, salvação, doação. “Não apaguemos a chama ardente desta paz acesa por Cristo” (François Mauriac).
Em segundo lugar, como aconteceram estes paradoxos? Na simplicidade dos personagens: uma donzela humilde e pura, um casto varão, justo e sem dinheiro, e um menino indefeso que é puro candor e ternura; uns pastores pobres sem poder, sem influencias nem títulos, que viviam na intempérie e na vida seminômade. Na simplicidade do lugar: não na Jerusalém prestigiosa e religiosa, mas na pequena cidade de Belém, lugar do pão; esse pão terno de Jesus que necessitará ser cozinhado durante esses anos de vida oculta e pública, até chegar no forno do Cenáculo e do Calvário; e chegará a nós misteriosamente em cada missa. Na simplicidade da cova miserável de animais porque os humanos não lhe deram hospedagem. Na simplicidade da noite, sem barulhos de foguetes, bengalas e fogos artificiais.
Finalmente, em troca de quê estes paradoxos? De que nossos olhos olhem para Ele com ternura e lhe deem um sorriso, e assim dos nossos olhos caiam as escamas das nossas miopias. De que nossos lábios o beijem e fiquem assim purificados, livres já de mentiras e de palavras indignas. De que nossos braços o acolham, e fiquem bem fortalecidos para ajudar ao irmão que está prostrado no chão da depressão ou da tristeza. De que nossas mãos o acariciem e se abram à generosidade com os que sofrem e estão necessitados. De que nossos joelhos se dobrem e o adorem na oração como Deus e Senhor. De que nosso coração seja uma doce hospedagem, para onde convidar Jesus.
Para refletir: Com são Leão Magno refletimos: “Não pode existir lugar para a tristeza, quando nasce aquela vida que vem para destruir o temor da morte e para dar-nos a esperança de uma eternidade gozosa. Que ninguém se considere excluído desta alegria, pois o motivo deste gozo é comum para todos; nosso Senhor, de fato, vencedor do pecado e da morte, assim como não encontrou ninguém livre de culpabilidade, assim veio para salvar todos. Alegre-se, pois, o justo, porque se aproxima da recompensa; regozija-se o pecador, porque será condecorado com o perdão; anime-se o pagão, porque está chamado à vida” (Sermão I sobre o Natal, 1-3).
Para rezar: Terminemos com esta oração: “Menino do presépio, pequeno Deus Menino, irmão dos homens. A minha alma se enche de ternura e o coração de alegria, quando vos vejo assim, pequeno, pobre e humilde, débil e indefeso, deitado nas palhas do presépio. Ensinai-me, Jesus, a apreciar o que vale vossa doce Encarnação. Ajudai-me a compreender o profundo sentido da vossa presença entre nós. Fazei que o meu coração sinta a grandeza da vossa generosidade, a profundidade da vossa humildade, a maravilha da vossa bondade e do vosso amor salvador. Não vos peço entender os paradoxos de Belém, porém peço-vos saborear esses paradoxos com o coração extasiado na fé e na gratidão”.
Qualquer sugestão ou dúvida podem se comunicar com o padre Antonio neste e-mail: [email protected]
Fonte: https://bay175.mail.live.com/?tid=cmPcVKjDaK5BGhEAAjfeSiUg2&fid=flinbox