Leituras Bíblicas
“Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna” (Jô 6,68)!
Dia 16 de novembro de 2010
Terça-feira da 33ª semana do Tempo Comum
Hoje a Igreja celebra: Santa Gertrudes, "A Grande" (1256-1302) – Conheça sua vida clicando: http://www.paulinas.org.br/diafeliz/santo.aspx?Dia=16&Mes=11
Livro do Apocalipse 3,1-6.14-22
Ao anjo da igreja de Sardes, escreve: «Isto diz o que tem os sete espíritos de Deus e as sete estrelas: ‘Conheço as tuas obras; tens fama de estar vivo, mas estás morto.
Sê vigilante e fortifica aquilo que está a morrer, pois não encontrei perfeitas as tuas obras, diante do meu Deus.
Recorda, portanto, o que recebeste e ouviste. Guarda-o e arrepende-te. Pois se não estiveres vigilante, virei como um ladrão, sem que saibas a que hora virei ter contigo.
No entanto, tens em Sardes algumas pessoas que não mancharam as suas vestes; esses caminharão comigo, vestidos de branco, pois são dignos disso.
Assim, o que vencer andará vestido com vestes brancas e não apagarei o seu nome do livro da Vida, mas o darei a conhecer diante de meu Pai e dos seus anjos.’
Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.»
Ao anjo da igreja de Laodiceia, escreve: «Isto diz o Ámen, a Testemunha fiel e verdadeira, o Princípio da Criação de Deus:
‘Conheço as tuas obras: não és frio nem quente. Oxalá fosses frio ou quente.
Assim, porque és morno – e não és frio nem quente – vou vomitar-te da minha boca.
Porque dizes: ‘Sou rico, enriqueci e nada me falta’ – e não te dás conta de que és um infeliz, um miserável, um pobre, um cego, um nu –
aconselho-te a que me compres ouro purificado no fogo, para enriqueceres, vestes brancas para te vestires, a fim de não aparecer a vergonha da tua nudez e, finalmente, o colírio para ungir os teus olhos e recobrares a vista.
Aos que amo, eu os repreendo e castigo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te.
Olha que Eu estou à porta e bato: se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, Eu entrarei na sua casa e cearei com ele e ele comigo.’
Ao que vencer, farei que se sente comigo no meu trono, assim como Eu venci e estou sentado com meu Pai, no seu trono.
Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.»
Livro de Salmos 15(14),2-3.4.5:
Aquele que leva uma vida sem mancha, pratica a justiça e diz a verdade com todo o coração;
aquele cuja língua não levanta calúnias e não faz mal ao seu próximo, nem causa prejuízo a ninguém;
aquele que despreza o que é desprezível, mas estima os que temem o Senhor; aquele que não falta ao juramento, mesmo em seu prejuízo;
aquele que não empresta o seu dinheiro com usura, nem se deixa subornar contra o inocente. Quem assim proceder não há-de sucumbir para sempre.
Evangelho segundo S. Lucas 19,1-10:
Tendo entrado em Jericó, Jesus atravessava a cidade.
Vivia ali um homem rico, chamado Zaqueu, que era chefe de cobradores de impostos.
Procurava ver Jesus e não podia, por causa da multidão, pois era de pequena estatura.
Correndo à frente, subiu a um sicômoro para o ver, porque Ele devia passar por ali.
Quando chegou àquele local, Jesus levantou os olhos e disse-lhe: «Zaqueu, desce depressa, pois hoje tenho de ficar em tua casa.»
Ele desceu imediatamente e acolheu Jesus, cheio de alegria.
Ao verem aquilo, murmuravam todos entre si, dizendo que tinha ido hospedar-se em casa de um pecador.
Zaqueu, de pé, disse ao Senhor: «Senhor, vou dar metade dos meus bens aos pobres e, se defraudei alguém em qualquer coisa, vou restituir-lhe quatro vezes mais.»
Jesus disse-lhe: «Hoje veio a salvação a esta casa, por este ser também filho de Abraão;
pois, o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido.»
Comentário ao Evangelho do dia feito por
João Paulo II, Papa entre 1978 e 2005
Carta aos sacerdotes por ocasião da Quinta-Feira Santa de 2002, §§ 4-6
«Hoje veio a salvação a esta casa»
Tenho a impressão de que o sucedido entre Jesus e o «chefe dos publicanos» de Jericó se parece em vários aspectos com uma celebração do sacramento da misericórdia. […] Cada um dos nossos encontros com um fiel que nos pede para se confessar […] pode ser sempre, pela graça surpreendente de Deus, aquele «local» junto do sicômoro onde Jesus levantou os olhos para Zaqueu. A nós, é-nos impossível medir quanto tenham penetrado os olhos de Cristo no íntimo do publicano de Jericó. Sabemos, porém, que aqueles são os mesmos olhos que fixam cada um dos nossos penitentes. No sacramento da reconciliação, somos instrumentos dum encontro sobrenatural com leis próprias, que devemos apenas respeitar e favorecer.
Deverá ter sido, para Zaqueu, uma experiência impressionante ouvir chamar pelo seu nome. Na boca de muitos conterrâneos, aquele nome era pronunciado com grande desprezo. Agora ouve proferi-lo com uma ternura tal, que exprime não só confiança, mas familiaridade e de algum modo urgência duma amizade. Sim, Jesus fala a Zaqueu como a um velho amigo, que talvez O esquecera, mas nem por isso Ele renunciara à sua fidelidade e, por conseguinte, entra com a doce pressão do afeto na vida e na casa do amigo reencontrado: «Desce depressa, pois tenho de ficar em tua casa» (Lc 19,5). No relato de Lucas, impressiona o tom da linguagem: tudo é tão personalizado, delicado, afetuoso! Não se trata apenas de comoventes traços de humanidade. Há, neste texto, uma urgência intrínseca, expressa por Jesus enquanto expressão reveladora da misericórdia de Deus.