Com o tema "O pecado da divisão não impede a vida da unidade", o Padre Pedro Alberto Kunrath, professor de teologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), em seu mais recente artigo, aborda o tema do ecumenismo e a importância da unidade plena, pela qual a Igreja implora com urgência "para que todos sejam um". O texto é embasado no exemplo do Papa Bento XVI, que celebrou um domingo com a comunidade luterana de Roma em março passado, mas que ainda vê diferenças entre os caminhos.
Segundo o Padre Pedro, naquela ocasião o Sumo Pontífice reconheceu que o ecumenismo deu passos à frente nos últimos anos, mas ressaltou que não foram ainda superadas as divisões culpáveis que impedem que católicos e luteranos, por exemplo, bebam do mesmo cálice e se reúnam ao redor do mesmo altar. Para o sacerdote, isso denota que a unidade não é obra que pode ser realizada apenas graças aos esforços humanos.
"É preciso confiar-se ao Senhor, rezando juntos, meditando a Palavra de Deus, ouvindo-se reciprocamente, olhando todos para o único horizonte de Cristo", diz.
Lembrando as palavras do Santo Padre, durante a homilia, Padre Pedro afirma que do caminho da cruz, que é o caminho do amor, do perder-se e doar-se, faz parte o seguimento, o ir com ele, que é, ele mesmo, o caminho da verdade e da vida. Este conceito, citando uma frase do Papa Bento VXI, "inclui também o fato de que este seguimento se realiza em nós, que nenhum de nós tem o próprio Cristo, como se quisesse apropriar-esse dele e que só podemos seguir se caminhamos todos com ele, entrando neste nós e aprendendo com ele o seu amor que doa".
Padre Pedro alerta que se deve mostrar ao mundo, sobretudo, não conflitos de todo o tipo, mas alegria e gratidão pelo fato de que o Senhor nos concede de vivermos como irmãos e porque existe uma "real unidade" que pode tornar-se cada vez mais um testemunho da palavra de Cristo, do caminho de Cristo nesse mundo. "Embora a atmosfera ecumênica seja uma constante entre as Igrejas, naturalmente não devemos nos contentar com isso, mesmo se devemos estar cheios de gratidão por esta comunhão", salienta.
Ainda de acordo com o sacerdote, devemos tornar-nos interiormente inquietos no caminho rumo à maior unidade, na consciência de que, no fundo, só o Senhor nos pode doá-la, porque uma unidade concordada por nós próprios seria obra humana e, por conseguinte, frágil, como tudo o que os homens realizam. "Imploram as palavras do Papa de que devemos procurar conhecer cada vez mais a Cristo, amá-lo mais para que Ele nos conduza à unidade plena".
E em forma de oração, o sacerdote conclui: "Rezemos uns pelos outros, rezemos juntos para que o Senhor nos conceda a unidade e ajude o mundo para que creia. Amém".
Gaudium Press, 23/07/2010