Na liturgia antiga, no domingo entre a Oitava do Natal e a Epifania, a Igreja, ornada de paramentos brancos, costumava celebrar a festa do Santíssimo Nome de Jesus. Hoje, reduzida à categoria de memória facultativa, esta festa se pode celebrar no dia 3 de janeiro, e nela se recorda, como já então se fazia, o mistério redentor contido no adorável nome de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ele é, efetivamente, Deus que salva e nos concede, não só o perdão dos pecados, mas ainda o dom inefável da filiação divina.
Sim, exclama hoje o Apóstolo S. João na primeira leitura, “desde já somos filhos de Deus”. No entanto, continua ele, ainda não “se manifestou o que seremos” (1Jo 3,2), porque nós, embora nos tenhamos batizado e estejamos em graça, trazemos em nossa alma um tesouro inestimável cujo esplendor só veremos plenamente no céu. Somente lá, vendo a Deus face a face como Ele mesmo se vê, poderemos dar-nos conta das riquezas infinitas — graças, dons, méritos — que o Senhor depositou em nossas mãos.
Com efeito, uma só graça, por ser de ordem estritamente sobrenatural, é mais valiosa do que o bem natural de todo o universo (cf. S. Th. I-II, q. 113, a. 9, ad 2), de maneira que na alminha de uma criança recém-batizada há uma riqueza mais preciosa do que o conjunto de todas as coisas visíveis. Não é de espantar, portanto, que o mártir esteja disposto a entregar a própria vida, bem de ordem puramente natural, a fim de não perder a filiação que o une a Deus e lhe dá direito de herdar a glória que Ele nos tem preparada.
Que possamos, pois, fazer render esse tesouro pela correspondência à graça divina e a obediência aos Mandamentos daquele que, constituído Salvador do mundo, nos enriquecerá ainda mais com a sua presença no céu. — De coração agradecido, repitamos hoje com S. Paulo: “Que ao nome de Jesus todo joelho se dobre nos céus, na terra e no inferno; e que toda língua confesse que o Senhor Jesus Cristo está na glória do Pai” (Fl 2, 10s).
Santa Genoveva, Virgem consagrada
(422-+c.510)
Santa Genoveva nasceu em Nanterre, próximo de Paris, na França, no ano de 422, dentro de uma família muito simples. Desde cedo, ela foi discernindo o chamado de Deus a seu respeito. Quando tinha apenas 8 anos, um bispo chamado Dom Jermano estava indo da França para a Inglaterra em missão. Passou por Nanterre para uma celebração e, ao dar a bênção para o povo, teve um discernimento no Espírito Santo e chamou aquela menina de oito anos para a vida consagrada. A resposta dela foi de que não pensava em outra coisa desde pequenina.
Santa Genoveva queria ser totalmente do Senhor. Não demorou muito tempo, ela fez um voto a Deus para viver a virgindade consagrada. Com o falecimento dos pais, dirigiu-se a Paris para morar na casa de uma madrinha. Ali, vida de oração, penitência de oferta a Deus para a salvação das almas. Então, ela foi ficando conhecida pelo seu ardor, pelo seu amor e pelo desejo de testemunhar Jesus Cristo a todos os corações.
Incompreendida pelas pessoas, ela chegou ao ponto de ser defendida pelo mesmo Bispo que a chamou para a vida de consagração. Em Paris, ela ficou gravemente enferma; na doença, na dificuldade, chegou a ficar 3 dias em coma. Mas, em tudo, entregava-se à vontade de Deus. E o seu coração ia se dilatando e acolhendo a realidade de tantos. Uma mulher de verdade.
Por causa da invasão do Hunos em várias regiões, chegou, em Paris, uma história que estava amedrontando toda gente: os Hunos estavam chegando para invadir e destruir a capital. Não era verdade e ela o soube. Então, fez questão de falar a verdade para o povo. Eles a perseguiram e quiseram queimá-la como feiticeira. Mas a sua fidelidade a Deus sempre foi a melhor resposta.
Numa outra ocasião, de fato, os Hunos estavam para invadir e destruir Paris. Santa Genoveva chamou o povo para a oração e penitência; e não aconteceu aquela invasão. A sua fama de santidade e sua humildade para comunicar Cristo Jesus iam cada vez mais longe. Santa Genoveva ia ao encontro de povos, e a influência que tinha era para socorrer os doentes, os famintos, uma mulher de caridade, uma santa. Quantas jovens puderam ser despertadas para uma vocação de virgindade consagrada a partir do testemunho de santa Genoveva! Ela faleceu com quase 90 anos.
Santa Genoveva, rogai por nós!