“Amoris Laetitia” é um estímulo para manter um amor forte, cheio de valores e misericórdia
A Exortação Apostólica pós-Sinodal do Papa Francisco, publicada em abril, assumiu o desafio de tornar a Igreja mais família do que instituição e está sendo considerada uma mudança histórica. “Amoris Laetitia” – a “Alegria do Amor” – é um convite ao verdadeiro significado de “ser família”, é expandir e transformar toda a Igreja em unidade sem exclusão. As reflexões do Pontífice denotam um olhar positivo sobre a família e o matrimônio.
Quatro palavras aparecem repetidas vezes na Exortação: amor, família, matrimônio e Igreja. Monsenhor Vincenzo Paglia, presidente do Pontifício Conselho para a Família, explica que “a Amoris Laetitia reconhece a matriz de todos os elos. Indica uma responsabilidade maior. O documento pede à Igreja que seja mais Igreja, aos padres que sejam mais padres, aos pais que sejam mais pais. Convida todos a serem mais família, a redescobrirem a grandeza de missão da família, conjuntamente com a comunidade eclesial”.
Em Amoris Laetitia, o Papa Francisco, inicia suas reflexões com o Salmo 128, característico da liturgia nupcial hebraica e cristã. Demonstrando que também na Bíblia são apresentadas as famílias, gerações, histórias de amor e crises familiares. Cada capítulo reforça o apelo a uma responsabilidade em relação à criação e às gerações. Uma revolução de amor e da alegria que ele pode proporcionar ao vivê-lo em misericórdia.
Capítulos de amor
Nove capítulos compõem “Amoris Laetitia”, que recebeu contribuições dos resultados de dois Sínodos dos Bispos sobre a família ocorridos em 2014 e 2015. Mais de 300 parágrafos constituem esta ampla exortação, onde os sete primeiros evidenciam a complexidade do tema. O Papa também destaca algumas questões, como o fato de que soluções podem ser encontradas dentro de cada cultura, de acordo com as tradições e desafios locais.
O capítulo primeiro, intitulado “À luz da Palavra”, traz a reflexão sobre o Salmo 128; no segundo capítulo a realidade e os desafios das famílias nos dias atuais; os elementos essenciais do ensinamento da Igreja sobre o matrimônio e da família podem ser encontrados no terceiro capítulo e o quarto capítulo destaca o caráter cotidiano do amor e a reflexão sobre sua transformação ao longo da vida.
“O amor que se torna fecundo” é o quinto capítulo, cheio de ensinamentos sobre acolhimento, amor de pai, de mãe, entre irmãos e a aprendizagem de crescimento na relação com os outros. No capítulo seis o Papa abre espaço para a importância do acompanhamento das pessoas abandonadas, separadas ou divorciadas e o sofrimento dos filhos nas situações de conflito.
O capítulo sétimo é totalmente dedicado à educação dos filhos: a sua formação ética, o valor da sanção como estímulo, o realismo paciente, a educação sexual, a transmissão da fé e, mais em geral, a vida familiar como contexto educativo.
Acompanhar, discernir e integrar são as palavras chaves do oitavo capítulo da Exortação, convidando à misericórdia e ao discernimento pastoral em situações que não correspondem plenamente ao que o Senhor propõe.
E o Papa Francisco encerra com o nono capítulo dedicando-o à espiritualidade conjugal e familiar, “feita de milhares de gestos reais e concretos” (AL 315). “Nenhuma família é uma realidade perfeita e confeccionada duma vez para sempre, mas requer um progressivo amadurecimento da sua capacidade de amar” (AL 325).