Do monte Hor, os israelitas partiram pelo caminho do Mar dos Juncos para contornar a terra de Edom, mas cansaram-se na caminhada. O povo falou contra Deus e contra Moisés: «Porque nos fizestes sair do Egipto? Foi para morrer no deserto, onde não há pão nem água, estando enjoados com este pão levíssimo?» Mas o Senhor enviou contra o povo serpentes ardentes, que mordiam o povo, e por isso morreu muita gente de Israel. O povo foi ter com Moisés e disse-lhe: «Pecámos ao protestarmos contra o Senhor e contra ti. Intercede junto do Senhor para que afaste de nós as serpentes.» E Moisés intercedeu pelo povo. O Senhor disse a Moisés: «Faz para ti uma serpente abrasadora e coloca-a num poste. Sucederá que todo aquele que tiver sido mordido, se olhar para ela, ficará vivo.» Moisés fez, pois, uma serpente de bronze e fixou-a sobre um poste. Quando alguém era mordido por uma serpente e olhava para a serpente de bronze, vivia.
Livro de Salmos 78
(77),1-2.34-35.36-37.38.Escuta, meu povo, os meus ensinamentos; presta atenção às minhas palavras.
Vou abrir a minha boca em parábolas e revelar os enigmas de outros tempos.
Quando os castigava, eles procuravam-no, convertiam-se e voltavam-se para Deus.
Recordavam-se então que Deus era o seu protector, que o Altíssimo era o seu libertador.
Mas logo o enganavam com a boca e lhe mentiam com a língua.
Os seus corações não eram leais com Ele, nem fiéis à sua aliança.
Mas Deus, que é misericordioso, perdoava-lhes os pecados e não os destruía. Muitas vezes conteve a sua ira.
Evangelho segundo S. João 3,13-17.
Pois ninguém subiu ao Céu a não ser aquele que desceu do Céu, o Filho do Homem. Assim como Moisés ergueu a serpente no deserto, assim também é necessário que o Filho do Homem seja erguido ao alto, a fim de que todo o que nele crê tenha a vida eterna. Tanto amou Deus o mundo, que lhe entregou o seu Filho Unigénito, a fim de que todo o que nele crê não se perca, mas tenha a vida eterna. De facto, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele.
Comentário ao Evangelho do dia feito por :
Papa Bento XVI
Homilia para a Vigília pascal, 07/04/2007 © copyright Libreria Editrice Vaticana.
No Credo proclamamos, a propósito do caminho de Cristo: «Desceu à mansão dos mortos». […] A liturgia aplica à descida de Jesus à noite da morte as palavras do salmo 24 (23): «Ó portas, levantai os vossos umbrais! Alteai-vos, pórticos eternos!» A porta da morte está fechada: ninguém pode passar através dela. Não há chave para essa porta de ferro. No entanto, Cristo tem a chave. A sua cruz abre de par em par todas as portas invioláveis da morte, que deixaram de ser inexpugnáveis. A sua cruz, a radicalidade do seu amor, é a chave que abre essa porta. O amor dAquele que, sendo Deus, se fez homem para poder morrer tem força para abrir a porta. É um amor mais forte do que a morte.
Pela encarnação, o Filho de Deus fez-Se um com os seres humanos, com Adão. Mas só quando realizou o supremo ato de amor, descendo da noite da morte, levou a bom termo o caminho da encarnação. Pela sua morte, tomou pela mão Adão e toda a humanidade expectante e guiou-os para a luz.