Por Dom Jesús Sanz Montes, ofm, arcebispo de Oviedo
Apresentamos a meditação escrita por Dom Jesús Sanz Montes, OFM, arcebispo de Oviedo (Espanha), administrador apostólico de Huesca e Jaca, sobre o Evangelho deste domingo (Lucas 9,18-24), 12º do Tempo Comum.
* * *
Estamos quase terminando junho, mês de provas em muitos centros escolares. O Evangelho deste domingo é precisamente um grande exame, no qual Jesus põe seus discípulos à prova. O Senhor, após as últimas correrias apostólicas com os seus, retira-se, como tantas outras vezes, a um lugar afastado para orar com eles. Verdadeiro exemplo para todo discípulo, seja qual for nossa vocação cristã: ação e contemplação, falar aos homens sobre Deus e a Deus sobre os homens. Jesus se encontra com seus amigos e então lhes faz uma espécie de pesquisa de mercado: “Quem diz o povo que eu sou?”.
Podemos imaginar o assombro ou talvez a paixão em responder entre aqueles homens que conviviam com o Mestre. Então apareceu o leque acostumado: um profeta, um personagem estranho, uma espécie de OVNI religioso, João Batista, Elias… Sei, sei… “E vós, quem dizeis que eu sou?”
Esta é a grande pergunta à qual, em algum momento da vida, um verdadeiro cristão deve saber responder ou deve começar a saber responder. Porque o risco consiste em ter ideias sobre Cristo, em conhecer d’Ele o que dizem os manuais de história das religiões, o que dizem as pesquisas, a mídia ou qualquer poder dominante. E então, nós nos tornamos repetidores de uma ideia sobre Jesus completamente de fora, totalmente alheia a esses centros da nossa vida: o amor amável, a dor inesperada, a lembrança imensa, o caminho cotidiano, a morte irmã, a espera certa. Porque dizer com a minha vida e a partir da minha vida quem é Jesus para mim supõe dizê-lo a partir de todas essas realidades, com todas essas situações que são as que constroem a minha existência.
A melhor resposta à pergunta de Jesus é a que se diz e se narra seguindo-O cada dia, perdendo a vida por Ele e pelos irmãos, que é a melhor maneira de ganhar a vida… Mais ainda: é a única maneira: quem quiser ganhar sua própria vida (isto é, quem se apropriar das suas poucas coisas e dos seus poucos dias) a perderá, enquanto quem perder sua vida por Ele (isto é, quem se entregar a Jesus com todo o coração e com todas as forças) a salvará. Quem sabe disso é quem alguma vez já o fez, acreditando totalmente na Palavra do Senhor.
ZENIT 18/06/2010