Por Dom Jesús Sanz Montes, ofm, arcebispo de Oviedo
Apresentamos a meditação escrita por Dom Jesús Sanz Montes, OFM, arcebispo de Oviedo, administrador apostólico de Huesca e Jaca, sobre o Evangelho deste domingo (Lucas 7,36 – 8,3), 11º do Tempo Comum.
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Convidar para almoçar é um dos sinais de amizade mais comuns, em todas as culturas. O Evangelho de hoje nos narra o episódio de um fariseu que pedia a Jesus que fosse à sua casa porque queria almoçar com Ele. E assim foi. Mas uma mulher conseguiu entrar de penetra – uma mulher bem conhecida na cidade pelos seus pecados; e, discretamente, começou a chorar aos pés de Jesus, a beijá-los, enxugá-los com seus cabelos e perfumá-los com o frasco de perfume que havia levado. O fariseu, vendo aquilo, começou a murmurar contra o Mestre, ou seja, convidou Jesus para almoçar como quem convida uma pessoa ilustre, talvez para exibir-se como anfitrião do famoso Mestre que estava na boca de todos.
É impressionante essa mania de esperar Deus nos lugares que Ele não frequenta ou teimar em sair por cima quando vemos que Ele chega por caminhos que nem sequer imaginávamos. Nesta cena, no entanto, o mais importante não era a frustração do fariseu, mas o ensinamento de Jesus diante do comportamento daquela pobre mulher. Ela fez o que faltou ao fariseu na mais elementar cortesia oriental: acolher lavando os pés, secá-los e perfumá-los. Mas ela não fez isso como gesto de educação refinada, pois não estava em sua casa nem era ela que havia convidado Jesus, e sim como gesto de conversão, como petição de perdão e como espera de misericórdia. Certamente, o Senhor responderia com acréscimo: não banalizaria o pecado da mulher, mas valorizaria infinitamente mais o perdão que ela suplicava com aquele gesto. O fariseu só viu nela o erro, enquanto Jesus acertou em ver sobretudo o amor: a quem muito ama, muito lhe é perdoado.
O fariseu e aquela mulher haviam pecado, cada um de uma maneira. O primeiro não reconheceu isso, enquanto ela soube pedir perdão, que é um gesto de amor.
A vida é como um banquete. Nele podemos estar murmurando inutilmente sobre os erros alheios, como o fariseu, ou ser perdoados amorosamente, como a mulher. Além de evitar os erros, temos de aprender a amar, acreditando que maior que a nossa lentidão é a misericórdia do Senhor.
ZENIT, 11/06/2010