Ver comentário embaixo,
Bem-aventurado Charles de Foucauld :
Livro de Daniel 1,1-6.8-20:
No terceiro ano do reinado de Joaquim, rei de Judá, Nabucodonosor, rei da Babilónia, veio cercar Jerusalém. O Senhor entregou-lhe Joaquim, rei de Judá, e uma parte dos objetos do templo; Nabucodonosor transportou-os ao país de Chinear e colocou-os na sala do tesouro dos seus deuses. O rei deu ordem a Aspenaz, chefe dos criados, que lhe trouxesse jovens israelitas, de ascendência real ou de família nobre, sem qualquer defeito, formosos, dotados de toda a espécie de qualidades, instruídos, inteligentes e fortes. Seriam colocados no palácio real e Aspenaz devia ensinar-lhes as letras e a língua dos caldeus. O rei destinou-lhes uma provisão diária de alimentos, reservada à ementa da mesa real, e do vinho que ele bebia. A formação deles havia de durar três anos, após o que entrariam ao serviço na presença do rei. Entre estes, contavam-se Daniel, Hananias, Michael e Azarias, que pertenciam aos filhos de Judá. Daniel tomou a resolução de não se manchar com o alimento do rei e com o vinho que ele bebia. Por isso, pediu ao chefe dos criados para se abster deles. Deus fez com que o chefe dos criados acolhesse Daniel com benevolência e amabilidade. Mas depois disse-lhe: «Temo que o rei, meu senhor, que determinou o que vós haveis de comer e beber, venha a encontrar o vosso rosto mais magro que o dos outros jovens da mesma idade e assim me exponhais a uma repreensão da parte do rei.» Então, Daniel disse ao oficial, a quem o chefe dos criados tinha confiado o cuidado de Daniel, Hananias, Michael e Azarias: «Por favor, faz uma experiência de dez dias com os teus servos: que se nos dê apenas legumes a comer, e água a beber. Depois disto, compararás o nosso aspecto com o dos jovens que se alimentam das iguarias da mesa real e, conforme o que tiveres constatado, assim agirás com os teus servos.» Concordou com esta proposta e submeteu-os à prova, durante dez dias. Ao fim deste prazo, verificou-se que tinham melhor aspecto e estavam mais robustos que todos os jovens que comiam os acepipes da mesa real. Como consequência, o oficial retirava as iguarias e o vinho que lhes estavam destinados e mandava que lhes servissem legumes. A estes quatro jovens, Deus deu sabedoria e inteligência no domínio das letras e ciências. Daniel compreendia toda a espécie de visões e sonhos. Decorrido o tempo fixado pelo rei para a apresentação dos jovens, o chefe dos criados levou-os à presença de Nabucodonosor, que conversou com eles. Dentre todos os jovens, não houve nenhum que pudesse comparar-se a Daniel, Hananias, Michael e Azarias. Por isso, entraram ao serviço na presença do rei. Em qualquer assunto de sabedoria e inteligência que os consultasse, o rei achava-os dez vezes superiores a todos os escribas e magos do seu reino.
Dan. 3,52.53.54.55.56:
«Bendito sejas, Senhor, Deus de nossos pais:
digno de louvor e glória eternamente! Bendito seja o teu nome santo e glorioso: digno de supremo louvor e exaltação eternamente!Bendito sejas no templo da tua santa glória: digno de supremo louvor e glória eternamente!
Bendito sejas por penetrares os abismos, sentado sobre os querubins: digno de supremo louvor e exaltação eternamente!
Bendito sejas no teu trono real: digno de supremo louvor e exaltação eternamente!
Bendito sejas no firmamento dos céus: digno de supremo louvor e glória eternamente!
Evangelho segundo S. Lucas 21,1-4:
Levantando os olhos, Jesus viu os ricos deitarem no cofre do tesouro as suas ofertas. Viu também uma viúva pobre deitar lá duas moedinhas e disse: «Em verdade vos digo que esta viúva pobre deitou mais do que todos os outros; pois eles deitaram no tesouro do que lhes sobejava, enquanto ela, da sua indigência, deitou tudo o que tinha para viver.»
Comentário ao Evangelho do dia feito por:
Bem-aventurado Charles de Foucauld (1858-1916), eremita e missionário no Saara
Meditações sobre o Evangelho, 263 (in Oeuvres spirituelles, Seuil 1958, p. 174)
Não desprezemos os pobres, os pequenos […]; para além de serem nossos irmãos em Deus, são os que imitam mais perfeitamente Jesus na sua vida exterior. Eles representam perfeitamente Jesus, o operário de Nazaré. Eles são os anciãos entre os eleitos, os primeiros a ser chamados ao berço do Salvador. Eles foram os companheiros habituais de Jesus, do seu nascimento até à morte; a eles pertenciam Maria e José e os apóstolos. […] Longe de os desprezar, honremo-los, honremos neles a imagem de Jesus e dos seus santos pais; em lugar de os desdenhar, admiremo-los. […] Imitemo-los e, dado que vemos que a sua condição é a melhor, aquela que Jesus escolheu para si mesmo, para os seus, aquela que chamou em primeiro lugar para junto do Seu berço, aquela que ele mostrou pelos seus atos e palavras […], abracemo-la. […] Sejamos pobres operários como ele, como Maria, José, os apóstolos, os pastores, e se algum dia ele nos chamar para o apostolado, permaneçamos nesta vida tão pobres como ele nela permaneceu, tão pobres como nela ficou um São Paulo «o seu fiel imitador» (cf 1Cor 11,1).
Não deixemos nunca de ser em tudo pobres, irmãos dos pobres, companheiros dos pobres, sejamos os mais pobres dos pobres como Jesus, e como ele amemos os pobres e rodeemo-nos deles.