O evangelista Mateus começa o Evangelho lembrando que aquele Jesus cuja história ele está prestes a narrar é o Deus-conosco, o Emanuel (cf Mt 1,23), e termina a narração com as palavras acima, com as quais Jesus promete que ficará sempre conosco, mesmo depois de ter voltado para o céu. Até o final dos tempos Ele será o Deus-conosco.
Jesus dirige essas palavras aos discípulos depois de lhes ter confiado a missão de ir pelo mundo inteiro para levar a sua mensagem. Ele estava bem consciente de que os mandava como ovelhas em meio a lobos e de que eles haveriam de sofrer contrariedades e perseguições (cf Mt 10,16-22). Por isso não queria deixá-los sozinhos nessa missão. E assim, justamente no momento em que está partindo, promete que vai ficar! Os discípulos não o verão mais com os olhos, não ouvirão mais a sua voz, não poderão mais tocá-lo, mas Ele estará presente no meio deles. Como antes, ou melhor, mais do que antes, porque se até então a sua presença se localizava num lugar bem determinado (em Cafarnaum, ou junto ao lago, ou na montanha, ou em Jerusalém), de agora em diante Ele estará em todo lugar onde estiverem os seus discípulos.
Jesus pensava também em todos nós, que teríamos que viver em meio à vida complexa do dia a dia. Sendo Ele o Amor feito homem, deve ter pensado: “Eu gostaria de estar sempre com os homens, gostaria de partilhar com eles todas as suas preocupações, gostaria de os aconselhar, gostaria de caminhar com eles pelas ruas, entrar nas casas, reavivar a alegria deles com a minha presença”.
Foi por isso que Ele decidiu permanecer conosco e fazer-nos sentir a sua proximidade, a sua força, o seu amor.
O Evangelho de Lucas narra que os discípulos, depois de terem visto Jesus subir ao Céu, “voltaram para Jerusalém, com grande alegria” (Lc 24,52). Como é possível isso? É porque eles tinham experimentado o quanto são verdadeiras aquelas suas palavras.
Também nós sentiremos uma imensa alegria se acreditarmos realmente na promessa de Jesus.
“Eis que estou convosco todos os dias até o fim dos tempos”.
Essas palavras, as últimas que Jesus dirige aos seus discípulos, assinalam o fim da sua vida terrena e, ao mesmo tempo, o início da vida da Igreja, na qual Ele está presente de muitos modos: na Eucaristia, na sua Palavra, nos seus ministros (os bispos, os sacerdotes), nos pobres, nos pequeninos, nos excluídos… em todos os próximos.
Nós costumamos dar destaque a uma presença especial de Jesus, aquela que Ele mesmo nos indicou, sempre no Evangelho de Mateus: “Onde dois ou três estiveram reunidos em meu nome, eu estou ali, no meio deles” (Mt 18,20). Por meio dessa presença Jesus quer ter a possibilidade de comparecer em todo lugar.
Quando vivemos tudo o que Ele manda e de modo especial o seu mandamento novo, podemos experimentar esta sua presença inclusive fora da igrejas, no meio das pessoas, lá onde elas vivem, em todo lugar.
A parte que cabe a nós é manter o amor mútuo, de serviço, de compreensão, de participação nas dores, nos anseios e nas alegrias dos nossos irmãos, aquele amor que tudo cobre, que tudo perdoa, amor típico do cristianismo.
Procuremos viver assim, para que todos tenham já nesta terra a possibilidade de se encontrar com Jesus.
Chiara Lubich
Este comentário à Palavra de Vida foi publicado originalmente em maio de 2002.