Leituras Bíblicas
Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna. João 6, 68
Dia 06 de Outubro de 2009
Terça-feira da 27 semana do Tempo Comum
Hoje a Igreja celebra : S. Bruno, eremita, +1101
Ver comentário abaixo:
Santo Agostinho : Duas mulheres, duas imagens da nossa vida
Livro de Jonas 3,1-10:
A palavra do Senhor foi dirigida pela segunda vez a Jonas, nestes termos: «Levanta-te e vai a Nínive, à grande cidade e apregoa nela o que eu te ordenar.» Jonas levantou-se e foi a Nínive, segundo a ordem do Senhor. Nínive era uma cidade imensamente grande, e eram precisos três dias para a percorrer. Jonas entrou na cidade e andou um dia inteiro a apregoar: «Dentro de quarenta dias Nínive será destruída.» Os habitantes de Nínive acreditaram em Deus, ordenaram um jejum e vestiram-se de saco, do maior ao menor. A notícia chegou ao conhecimento do rei de Nínive; ele levantou-se do seu trono, tirou o seu manto, cobriu-se de saco e sentou-se sobre a cinza. Em seguida, foi publicado na cidade, por ordem do rei e dos príncipes, este decreto: «Os homens e os animais, os bois e as ovelhas não comam nada, não sejam levados a pastar nem bebam água. Os homens e animais cubram-se de roupas grosseiras, e clamem a Deus com força; converta-se cada um do seu mau caminho e da violência que há nas suas mãos. Quem sabe se Deus não se arrependerá e acalmará o ardor da sua ira, de modo que não pereçamos?» Deus viu as suas obras, como se convertiam do seu mau caminho, e, arrependendo-se do mal que tinha resolvido fazer-lhes, não lho fez.
Livro de Salmos 130(129),1-2.3-4.7-8:
Do fundo do abismo clamo a ti, SENHOR!
Senhor, ouve a minha prece! Estejam teus ouvidos atentos à voz da minha súplica!
Se tiveres em conta os nossos pecados, Senhor, quem poderá resistir?
Mas em ti encontramos o perdão; por isso te fazes respeitar.
Israel espera pelo SENHOR; porque nele há misericórdia e com ele é abundante a redenção.
Ele há de livrar Israel de todos os seus pecados.
Evangelho segundo S. Lucas 10,38-42:
Continuando o seu caminho, Jesus entrou numa aldeia. E uma mulher, de nome Marta, recebeu-o em sua casa. Tinha ela uma irmã, chamada Maria, a qual, sentada aos pés do Senhor, escutava a sua palavra. Marta, porém, andava atarefada com muitos serviços; e, aproximando-se, disse: «Senhor, não te preocupa que a minha irmã me deixe sozinha a servir? Diz-lhe, pois, que me venha ajudar.» O Senhor respondeu-lhe: «Marta, Marta, andas inquieta e perturbada com muitas coisas; mas uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada.»
Comentário ao Evangelho do dia feito por:
Santo Agostinho (354-430), Bispo de Hipona (Norte de África) e Doutor da Igreja
Sermão 104; PL 38, 616 (a partir da trad. Luc commenté, DDB 1987, p. 92 rev)
Duas mulheres, duas imagens da nossa vida
Creio que compreendeis, que estas duas mulheres, ambas diletas do Senhor, dignas do seu amor, e suas discípulas […], que estas duas mulheres são, por conseguinte, a imagem de duas formas de vida: a vida deste mundo e a vida do mundo futuro, a vida de trabalho e a vida de repouso, a vida nas preocupações e a vida na bem-aventurança, a vida no tempo e a vida eterna.
Duas vidas: meditemos mais longamente sobre elas. Consideremos de que é feita esta vida: não me refiro a uma vida censurável […], a uma vida de vícios, de impiedades; não, falo de uma vida de trabalho, carregada de provações, de angústias, de tentações, de uma vida que não tem nada de culpável, de uma vida que era efetivamente a de Marta. […] O mal estava ausente desta casa, tanto em Marta como em Maria; se estivesse presente, a chegada do Senhor tê-lo-ia dissipado. Duas mulheres aí viveram e as duas receberam o Senhor, duas vidas admiráveis, retas, uma feita de trabalho, a outra de repouso. […] Uma de trabalho, mas livre de perturbações, que são obstáculo à vida entregue à ação; a outra isenta de ociosidade, que é obstáculo à vida contemplativa. Havia nesta casa as duas vidas, mas a fonte era a mesma. […]
A vida de Marta é o nosso mundo; a vida de Maria é o mundo que esperamos. Vivamos este mundo com retidão, para obtermos o outro em plenitude. Que possuímos já dessa vida? […] Precisamente, neste momento, vivemos de certa maneira essa vida: afastando o trabalho, pondo de parte as preocupações familiares, reuni-vos e escutais. Comportando-vos assim, assemelhais-vos a Maria. Isso torna-se-vos mais fácil do que a mim, que tenho de tomar a palavra. No entanto, o que digo é a Cristo que vou buscá-lo, e este alimento é de Cristo. Porque é o pão comum a todos, e é para isso que vivo em comunhão convosco.