CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL
Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia da CNBB
DOMINGO DE RAMOS DA PAIXÃO DO SENHOR – ANO A
5 DE ABRIL DE 2020
CELEBRAR
EM FAMÍLIA O DIA DO SENHOR
Estamos vivendo o Tempo litúrgico da Quaresma. É um forte tempo de oração, escuta da Palavra
de Deus e práticas de caridade em vista da celebração da Páscoa do Senhor. Porém, este ano,
estamos vivendo-o de forma bastante diferente por conta do combate à disseminação do COVID
– 19.
Acolhendo a orientação das autoridades civis e sanitárias, nossos bispos no Brasil orientam os
fiéis a permanecerem em suas casas, evitando aglomeração de pessoas e, consequentemente, não
participando das celebrações eucarísticas. Desta forma, somos convidados a CELEBRAR o Dia
do Senhor como Igreja doméstica, com nossos familiares, em nossas casas.
Cabe aqui recordar o que nos afirmam as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora na Igreja do
Brasil, número 73: “A casa, enquanto espaço familiar, foi um dos lugares privilegiados para o
encontro e o diálogo de Jesus e seus seguidores com diversas pessoas (Mc 1,29; 2,15; 3,20;
5,38; 7,24). Nas casas Ele curava e perdoava os pecados (Mc 2,1-12), partilhava a mesa com
publicanos e pecadores (Mc 2,15ss; 14,3), refletia sobre assuntos importantes, como o jejum
(Mc 2,18-22), orientava sobre o comportamento na comunidade (Mc 9,33ss; 10,10) e a
importância de se ouvir a Palavra de Deus (Mt 13,17.43).”
Assim, desejamos oferecer esta sugestão de Celebração da Palavra de Deus para ser celebrada
em sua casa, com seus familiares neste triste momento da pandemia. São muitos os horários de
transmissão de missas em nossos canais católicos que podemos acompanhar; mas, vivendo a
dignidade de povo sacerdotal que nosso batismo nos conferiu, podemos não só acompanhar, mas
celebrar com nossas famílias o Dia do Senhor.
Escolha em sua casa um local adequado para celebrar e rezar juntos. Prepare sua Bíblia com o
texto a ser proclamado, um crucifixo, uma imagem ou ícone de Nossa Senhora, uma vela a ser
acesa no momento da celebração.
Escolha quem irá fazer o “Dirigente (D)” da celebração: pode ser o pai ou mãe e quem fará as
leituras (L). Na letra (T) todos rezam ou cantam juntos.
SUGESTÃO: Prepare um ramo que será afixado na porta da sua casa no momento da celebração.
CELEBRAÇÃO
O SENHOR NOS REÚNE
T.: Saudemos com hosanas Mt 21,9
O Filho de Davi!
Bendito o que nos vem
em nome do Senhor!
Jesus, rei de Israel,
Hosana nas alturas!
D.: Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
T.: Amém.
D.: O Deus da Esperança, que nos cumula de toda alegria e paz em nossa fé, pela ação
do Espírito Santo, esteja convosco.
T.: Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo.
D.: Após percorrermos as cinco semanas da Quaresma, que nesta ocasião foi totalmente
diferente das demais que já tínhamos vivenciado, não deixamos de praticar o jejum, a
oração e a caridade. Crescemos na fé, no amor à Deus e aos irmãos e irmãs.
Gostaríamos de estar hoje reunidos em nossa Igreja, reunidos em Comunidade. Diante
de toda esta situação, devemos permanecer em casa, e como Família, celebrarmos este
Domingo de Ramos, através da escuta e meditação da Palavra de Deus.
Continuamos seguindo os passos de Jesus, que chega a Jerusalém. “Celebrando com fé
e piedade a memória desta entrada”, possamos participar do Mistério da sua Paixão,
Morte e Ressurreição.
Cultivemos a fé, a perseverança e a coragem. Acolhamos com esperança a Palavra que
meditaremos, para que, como Igreja Doméstica, saibamos cultivar e multiplicar entre
nós os sentimentos de Cristo.
EVANGELHO:
L.: Do Evangelho segundo Mateus Mt 21,1-11
Naquele tempo, Jesus e seus discípulos aproximaram-se de Jerusalém e chegaram a
Betfagé, no monte das Oliveiras. Então Jesus enviou dois discípulos, dizendo-lhes: “Ide
até o povoado que está ali na frente, e logo encontrareis uma jumenta amarrada e com
ela um jumentinho. Desamarrai-a e trazei-os a mim! Se alguém vos disser alguma coisa,
direis: ‘O Senhor precisa deles, mas logo os devolverá’” Isso aconteceu para se cumprir
o que foi dito pelo profeta: “Dizei à filha de Sião: Eis que o teu rei vem a ti, manso e
montado num jumento, num jumentinho, num potro de jumenta”. Então os discípulos
foram e fizeram como Jesus lhes havia mandado. Trouxeram a jumenta e o jumentinho
e puseram sobre ele suas vestes, e Jesus montou. A numerosa multidão estendeu suas
vestes pelo caminho, enquanto outros cortavam ramos das árvores, e os espalhavam
pelo caminho. As multidões que iam a frente de Jesus e os que o seguiam, gritavam:
“Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana no mais
alto dos céus!” Quando Jesus entrou em Jerusalém a cidade inteira se agitou, e diziam:
“Quem é este homem?” E as multidões respondiam: “Este é o profeta Jesus, de Nazaré
da Galileia”. Palavra da Salvação.
T.: Glória a Vós Senhor!
(Neste momento algum membro da família fixa na porta da casa, do lado de fora, ou noutro
local visível um ramo como sinal de comunhão espiritual com toda a Igreja. Enquanto se afixa
o ramo se canta…)
Hosana hei, hosana ha
Hosana hei, hosana hei, hosana ha. (bis)
1) Ele é o santo Ele é o Filho de Maria. Ele
é o Deus de Israel, Ele é o Filho de Davi.
Santo é o seu nome é o Senhor Deus do
universo. Glória a Deus de Israel nosso Rei
e Salvador.
2) Vamos a ele com as flores dos trigais,
com os ramos de oliveira, com alegria e
muita paz. Santo é o seu nome é o Senhor
Deus do universo. Glória a Deus de Israel
nosso rei e salvador.
D.: No dia em que celebramos a vitória de Cristo sobre o pecado e a morte, também
somos convidados a morrer para o pecado e ressurgir para uma vida nova.
Reconheçamo-nos necessitados da misericórdia do Pai:
D.: Senhor, que fazeis passar da morte para a vida quem ouve a vossa palavra, tende
piedade de nós.
T.: Senhor, tende piedade de nós.
D.: Cristo, que quisestes ser levantado da terra para atrair-nos a vós, tende piedade de
nós.
T.: Cristo, tende piedade de nós.
D.: Senhor, que nos submeteis ao julgamento da vossa cruz, tende piedade de nós.
T. Senhor, tende piedade de nós.
D.: Deus misericordioso tenha piedade de nós, perdoe nossos pecados, e nos conduza à
vida eterna.
T.: Amém.
D.: Rezemos juntos:
T.: Ó Deus, autor da vida, com ramos de oliveira, crianças, jovens, adultos, pobres
e tantos outros aclamaram Jesus ao entrar em Jerusalém. Abençoai nossa família,
que está aqui reunida. Que no meio desta pandemia, possamos celebrar com
confiança, nosso caminho pascal. Por Cristo, nosso Senhor. Amém.
A VOSSA PALAVRA É A LUZ DOS NOSSOS PASSOS
Forma breve: Mt 27,11-54
D.: Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo Mateus.
L.1: Naquele tempo, Jesus foi posto diante de Pôncio Pilatos, e este o interrogou:
T.: “Tu és o rei dos judeus?”
L.1: Jesus declarou:
D.: “É como dizes”.
L.1: E nada respondeu, quando foi acusado pelos sumos sacerdotes e anciãos. Então
Pilatos perguntou:
L.2: “Não estás ouvindo de quanta coisa eles te acusam?”
L.1: Mas Jesus não respondeu uma só palavra, e o governador ficou muito
impressionado. Na festa da Páscoa, o governador costumava soltar o prisioneiro que a
multidão quisesse. Naquela ocasião, tinham um prisioneiro famoso, chamado Barrabás.
Então Pilatos perguntou à multidão reunida:
T.: “Quem vós quereis que eu solte: Barrabás, ou Jesus, a quem chamam de
Cristo?”
L.1: Pilatos bem sabia que eles haviam entregado Jesus por inveja. Enquanto Pilatos
estava sentado no tribunal, sua mulher mandou dizer a ele:
Mulher: “Não te envolvas com esse justo, porque esta noite, em sonho, sofri muito por
causa dele”.
L.1: Porém, os sumos sacerdotes e os anciãos convenceram as multidões para que
pedissem Barrabás e que fizessem Jesus morrer. O governador tornou a perguntar:
T.: “Qual dos dois quereis que eu solte?”
L.1: Eles gritaram:
T.: “Barrabás”.
L.1: Pilatos perguntou:
L.3: “Que farei com Jesus, que chamam de Cristo”?
L.1: Todos gritaram:
T.: “Seja crucificado!”
L.1: Pilatos falou:
L.2: “Mas, que mal ele fez?”
L.1: Eles, porém, gritaram com mais força:
T.: “Seja crucificado!”
L.1: Pilatos viu que nada conseguia e que poderia haver uma revolta. Então mandou
trazer água, lavou as mãos diante da multidão, e disse:
L.3: “Eu não sou responsável pelo sangue deste homem. Este é um problema vosso!”
L.1: O povo todo respondeu:
T.: “Que o sangue dele caia sobre nós e sobre os nossos filhos”.
L.1: Então Pilatos soltou Barrabás, mandou flagelar Jesus, e entregou-o para ser
crucificado. Em seguida, os soldados de Pilatos levaram Jesus ao palácio do
governador, e reuniram toda a tropa em volta dele.
L.1: Tiraram sua roupa e o vestiram com um manto vermelho; depois teceram uma
coroa de espinhos, puseram a coroa em sua cabeça, e uma vara em sua mão direita.
Então se ajoelharam diante de Jesus e zombaram, dizendo:
T.: “Salve, rei dos judeus!”
L.1: Cuspiram nele e, pegando uma vara, bateram na sua cabeça. Depois de zombar
dele, tiraram-lhe o manto vermelho e, de novo, o vestiram com suas próprias roupas.
Daí, o levaram para crucificar. Quando saíam, encontraram um homem chamado Simão,
da cidade de Cirene, e o obrigaram a carregar a cruz de Jesus. E chegaram a um lugar
chamado Gólgota, que quer dizer “lugar da caveira”. Ali deram vinho misturado com fel
para Jesus beber. Ele provou, mas não quis beber. Depois de o crucificarem, fizeram um
sorteio, repartindo entre si as suas vestes. E ficaram ali sentados, montando guarda.
Acima da cabeça de Jesus puseram o motivo da sua condenação:
T.: “Este é Jesus, o Rei dos Judeus”.
L.1: Com ele também crucificaram dois ladrões, um à direita e outro à esquerda de
Jesus. As pessoas que passavam por ali o insultavam, balançando a cabeça e dizendo:
T.: “Tu, que ias destruir o Templo e construí-lo de novo em três dias, salva-te a ti
mesmo! Se és o Filho de Deus, desce da cruz!”
L.1: Do mesmo modo, os sumos sacerdotes, junto com os mestres da Lei e os anciãos,
também zombavam de Jesus:
T.: “A outros salvou… a si mesmo não pode salvar! É Rei de Israel… Desça agora
da cruz! e acreditaremos nele. Confiou em Deus; que o livre agora, se é que Deus o
ama! Já que ele disse: Eu sou o Filho de Deus”.
L.1: Do mesmo modo, também os dois ladrões que foram crucificados com Jesus o
insultavam. Desde o meio-dia até às três horas da tarde, houve escuridão sobre toda a
terra. Pelas três horas da tarde, Jesus deu um forte grito:
D.: “Eli, Eli, lamá sabactâni?”
L.1: Que quer dizer: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?” Alguns dos que
ali estavam, ouvindo-o, disseram:
T.: “Ele está chamando Elias!”
L.1: E logo um deles, correndo, pegou uma esponja, ensopou-a em vinagre, colocou-a
na ponta de uma vara, e lhe deu para beber. Outros, porém, disseram:
T.: “Deixa, vamos ver se Elias vem salvá-lo!”
L.1: Então Jesus deu outra vez um forte grito e entregou o espírito.
(Quem puder se ajoelha por alguns instantes.)
L.1: E eis que a cortina do santuário rasgou-se de alto a baixo, em duas partes, a terra
tremeu e as pedras se partiram. Os túmulos se abriram e muitos corpos dos santos
falecidos ressuscitaram! Saindo dos túmulos, depois da ressurreição de Jesus,
apareceram na Cidade Santa e foram vistos por muitas pessoas. O oficial e os soldados
que estavam com ele guardando Jesus, ao notarem o terremoto e tudo que havia
acontecido, ficaram com muito medo e disseram:
T.: “Ele era mesmo Filho de Deus!”
D.: Palavra da Salvação.
T.: Glória a vós, Senhor.
(Pequeno momento de silêncio, meditação ou partilha da Palavra)
D.: Professemos a nossa fé:
T.: Creio em Deus Pai…
A DEUS SE ELEVA A NOSSA PRECE
D.: Irmãos e irmãs, caminhemos com o Cristo Messias, justo e bondoso, pobre e
vitorioso. A ele prestemos nossas homenagens e façamos os nossos pedidos.
L.: Senhor, subiste a Jerusalém para sofrer e assim entrar na glória; conduze o teu
povo à Páscoa da Ressurreição!
T.: Bendito seja aquele que vem!
L.: Fizeste da cruz a árvore da vida. A todos nós renascidos pelo batismo, dá-nos
caminhar como filhos e filhas da luz.
T.: Bendito seja aquele que vem!
L.: Vieste para salvar os pecadores; ajuda-nos a ser misericordiosos com nossos
irmãos e irmãs e a dedicar-nos com amor no serviço do teu Reino.
T.: Bendito seja aquele que vem!
L.: Curai, redentor nosso, os sofrimentos de nossos irmãos e irmãs. Olhai por todos os
que estão envolvidos no enfrentamento desta pandemia, principalmente os profissionais
da saúde.
T.: Bendito seja aquele que vem!
D.: Conscientes do sofrimento de muitos no tempo presente, continuemos a rezar:
T.: Senhor Jesus, ajuda-nos a ver na tua Cruz todas as cruzes do mundo: (rezar cada
linha abaixo alternadamente pelos presentes)
a cruz das pessoas que têm fome de pão e amor;
a cruz das pessoas sozinhas e abandonadas até mesmo por seus próprios filhos e
parentes;
a cruz das pessoas sedentas de justiça e paz;
a cruz das pessoas que não têm o conforto da fé;
a cruz dos idosos que se arrastam sob o peso dos anos e da solidão;
a cruz dos migrantes que encontram as portas fechadas por causa do medo e dos
corações blindados por cálculos políticos;
a cruz dos pequenos, feridos na sua inocência e na sua pureza;
a cruz da humanidade que vaga na escuridão da incerteza e na escuridão da cultura do
momentâneo;
a cruz das famílias despedaçadas pela traição, pelas seduções do mal ou pela homicida
superficialidade e pelo egoísmo;
a cruz dos consagrados que procuram incansavelmente levar a tua luz ao mundo e se
sentem rejeitados, zombados e humilhados;
a cruz dos consagrados que, no caminho, esqueceram o seu primeiro amor;
a cruz dos teus filhos que, acreditando em Ti e procurando viver de acordo com tua
palavra, se encontram marginalizados e descartados até mesmo por suas famílias e
coetâneos;
a cruz das nossas fraquezas, das nossas hipocrisias, das nossas traições, dos nossos
pecados e das nossas muitas promessas quebradas;
a cruz da tua Igreja que, fiel ao teu Evangelho, fadiga a levar o teu amor até mesmo
entre os próprios batizados;
a cruz da Igreja, a tua esposa, que se sente continuamente atacada por dentro e por
fora;
a cruz da nossa casa comum que murcha seriamente diante dos nossos olhos egoístas e
cegos pela ganância e pelo poder.
T.: Senhor Jesus, reaviva em nós a esperança da ressurreição e da tua vitória
definitiva contra todo o mal e toda a morte. Amém!
D.: Voltemos nosso coração ao Pai, rezando:
T.: Pai nosso…
D.: Ó Deus, fiel às tuas promessas, aumenta a fé de todas as pessoas que creem em ti.
Livrai-nos desta pandemia e dá-nos a graça de caminharmos ao teu encontro, como
Igreja doméstica. Por Cristo, nosso Senhor.
T.: Amém.
INVOQUEMOS A BÊNÇÃO DO NOSSO DEUS
D.: Concedei, ó Pai, a vossa bênção à nossa família, e dai-nos a alegria na esperança, a
fortaleza na tribulação, a perseverança na oração, a solicitude atenta às necessidades dos
irmãos e a diligência no caminho de conversão que estamos a percorrer nesta Quaresma.
Todos fazem o sinal da cruz sobre si, enquanto o dirigente continua:
D.: Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
T.: Amém.
Pode concluir-se com a antífona mariana “À vossa proteção”
T.: À vossa proteção recorremos, Santa Mãe de Deus. Não desprezeis as nossas
súplicas em nossas necessidades, mas livra-nos sempre de todos os perigos, ó
Virgem gloriosa e bendita. Amém.
(Cada família poderá́ adaptar o esquema conforme as necessidades. Os cantos são sugestões
podendo ser trocados por outros, respeitando sempre o espírito quaresmal que estamos
vivendo).
Sugestão de Canto:
Eu vim para que todos tenham vida
Que todos tenham vida plenamente
Eu vim para que todos tenham vida
Que todos tenham vida plenamente
1) Entreguei a minha vida pela salvação de
todos. Reconstrói, protege a vida de
indefesos e inocentes. Onde morre o teu
irmão, eu estou morrendo nele.
2) Vim buscar e vim salvar o que estava já
perdido. Busca, salva e reconduze a quem
perdeu toda a esperança. Onde salvas teu
irmão, tu me estás salvando nele.