LEITURAS
1ª leitura: At 10,34a.37-43 = Comemos e bebemos com Ele depois que ressuscitou
Salmo Responsorial: Sl 117 = Este é o dia que o Senhor fez para nós
2ª leitura: 1Cor 5,6b-8 = Lançai fora o fermento velho
Evangelho: Jo 20,1-9 = Ele devia ressuscitar dos mortos
A 1ª leitura é um exemplo de Kerigma que destaca a pureza, digamos assim, do anúncio da Ressurreição de Jesus por dois motivos. Primeiro, porque o anúncio da Ressurreição não se fundamenta em teorias ou em doutrinas, pois se encontra inserido na história, em uma narrativa testemunhal: “nós somos testemunhas de tudo que Jesus fez na terra dos judeus e em Jerusalém”. Segundo, porque está longe de ser considerado mito por ter acontecido num local e numa época precisos. Pedro, em seu discurso, aponta para duas testemunhas: aqueles que viveram com Jesus e os profetas, quer dizer, a própria Sagrada Escritura.
Deus passa na História para fazer o bem
Todo o discurso de Pedro (1 Leitura), indicando o momento histórico da Ressurreição de Jesus e fazendo referência aos profetas vincula a história humana ao projeto divino. Deus age na História humana, Deus “passa” — faz a sua Páscoa — na nossa história fazendo o bem: “ele andou por toda a parte fazendo o bem”. Jesus viveu sua missão na terra de maneira itinerante, passando de casa em casa, de aldeia em aldeia. Diferente dos rabis, que se sentavam debaixo de uma árvore ou em sua casa e ali eram procurados. Em Jesus, Deus passa, e passa fazendo o bem.
O testemunho evangelizador de Jesus consistia em pregar e em fazer o bem. Os milagres realizados por Jesus são manifestações da vontade de Deus, que consiste em libertar a vida humana de tudo que é mal e maldade, como ele ensina na oração do Pai Nosso: “livrai-nos do mal” (Mt 6,13). Esta é também a proclamação pascal que se espera dos cristãos: ser sinal da bondade divina na terra; passar por esta vida fazendo o bem.
Fermento novo
Na carta de Paulo aos Coríntios, ele usa o termo “fermento” para explicar a mudança de vida de quem foi batizado na Ressurreição de Jesus. Na cultura Bíblica, o fermento tinha o poder de, ao levedar a massa, produzir uma nova natureza na mesma. Paulo se serve do sinal do “fermento” aplicando à comunidade para que seja uma massa nova no meio da sociedade. Jesus adota a mesma terminologia do “fermento” para explicar que a graça divina age de modo invisível no coração da pessoa (Lc 13,21), colocando nisto uma proposta de vida com uma nova natureza: crer que a renovação existencial é possível.
Corrida ao sepulcro
O kerigma da Ressurreição (1 Leitura) teve um começo: aquele de ouvir a notícia da Ressurreição de Jesus e correr ao sepulcro (E). Maria, Pedro e o discípulo reagem de maneira diversa à notícia da Ressurreição. O elemento comum entre eles é a corrida. Todos correm ao sepulcro. Mas, isto não é suficiente. A perícope evangélica deste Domingo Pascal diz que Maria chorava, que Pedro entra na sepultura sem compreender e que João espera na entrada do sepulcro. Cada qual com um comportamento, mas com a mesma dificuldade: “Ainda não tinham compreendido a Escritura, segundo a qual ele deveria ressuscitar dos mortos” (E).
Para se aproximar da realidade da Ressurreição é preciso compreender as Escrituras; compreender toda a Escritura. De certo modo, é perda de tempo buscar explicações de como aconteceu a Ressurreição para compreendê-la porque sua compreensão acontece à medida que a Escritura deixa de ser letra e abre os olhos da fé para contemplar “as maravilhas que ele (Deus) fez aos nossos olhos” (Salmo Responsorial).
Feliz Páscoa a todos!
Pe. Osmar Debatin