O mês de novembro, na tradição popular, nos remete ao culto dos nossos entes queridos que já não estão aqui, mas que entraram na morada eterna. Quantos sentimentos afloram nestes dias: saudade, tristeza, recordações da vida, sentimentos de culpa por causa de uma despedida que não aconteceu, de um perdão de não foi dado; sensação de um tempo perdido e de não aproveitamento de uma presença que se encontrava entre nós e que agora “aparentemente” não está mais!
Tudo isso é humano, é normal que aconteça, mas a fé, sobretudo neste Ano da Fé, nos impele a darmos um passo à frente, a não ficarmos restritos apenas a nossos pensamentos. O livro da Sabedoria (3,1-2), na Sagrada Escritura, é categórico, quando afirma que “as almas dos justos estão nas mãos de Deus”. Essa certeza derruba, antes de tudo, todas aquelas teorias que forçam a acreditar que depois desta vida não haverá mais nada. O autor do livro sagrado acrescenta que essas almas “aos olhos dos insensatos parecem ter morrido”; aparentemente pode parecer assim para eles, porém a verdadeira morte é aquela que nos priva da felicidade e da vida eterna, que se encontram somente em Deus, e a que faz alguém pensar que, com ela, a nossa viagem termina num vácuo sem fim. Isso significa eliminar Aquele que nos criou e que espera o nosso retorno para vivermos, definitivamente, com Ele. Na realidade, esse é o caminho do secularismo que fez e faz de tudo para eliminar Deus, o Pai, da nossa sociedade. Se a pessoa se fecha em si mesma ou pretende abraçar o universo inteiro, no curto horizonte de seus projetos, não encontrará lugar para o Pai e nela triunfará a angústia e a solidão.
Como redescobrir o rosto daquele Pai que está esperando por nós? Como restituir à nossa época o gosto de uma esperança real, capaz de dar o verdadeiro sentido à nossa existência?
Deus se apresentou ao mundo como AMOR e, se nós nos abrirmos ao amor, Ele mesmo nos tirará dos nossos medos e dos nossos egoísmos. Nós não vivemos para a morte, mas para a vida. Como diz o evangelista João: “Nós passamos da morte para a vida, porque amamos os nossos irmãos. Quem não ama permanece na morte”(1Jo3,14) . As pinceladas do amor que saberemos traçar, ao longo de nossa vida, serão caminhos para a eternidade. Não tenhamos medo: o amor triunfará!
Dom José Negri, PIME
Bispo Diocesano de Blumenau