Neste dia é celebrada a Igreja Triunfante, constituída por todos os bem-aventurados que salvaram sua alma e estão no Paraíso, na posse da visão beatífica de Deus.
Os inumeráveis heróis anônimos, na sua maioria esquecidos pelos demais homens e pela História que ao longo dos tempos foram passando desta vida para a Eternidade em estado de graça e pelos méritos da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo foram sendo admitidos no Paraíso – todos esses, embora esquecidos na Terra, são santos e são honrados pela Igreja neste dia.
“Vi uma grande multidão que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas. Estavam de pé diante do Trono e diante do Cordeiro, de vestes brancas e palmas na mão.”
Esta visão narrada por são João Evangelista, no Apocalipse, fala dos santos aos quais é dedicado o dia de hoje. A Igreja de Cristo possui muitos santos canonizados e a quantidade de dias do calendário não permite que eles sejam homenageados com exclusividade. Além desses, a Igreja tem, também, muitos outros santos sem nome, que viveram no mundo silenciosamente e na nulidade, carregando com dignidade a sua cruz, sem nunca ter duvidado dos ensinamentos de Jesus.
Enfim, santos são todos os que foram canonizados pela Igreja ao longo dos séculos e também os que não foram e nem sequer a Igreja conhece o nome e que nos precederam em vida na terra perseverando na fé em Cristo. Portanto, são mesmo multidões e multidões. Ele ama todos do mesmo modo. O que vale é o nosso testemunho de fidelidade e amor na fé em seu Filho, o Cristo, e que somente Deus conhece.
Como mesmo entre os canonizados muitos santos não têm um dia exclusivo para sua homenagem, a Igreja reverencia a lembrança de todos, até os sem nome, numa mesma data. A celebração começou no século III, na Igreja do Oriente, e ocorria no dia 13 de maio.
A festa de Todos os Santos ocorreu pela primeira vez em Roma, no dia 13 de maio de 69, quando o papa Bonifácio IV transformou o Panteão, templo dedicado a todos os deuses pagãos do Olimpo, em uma igreja em honra à Virgem Maria e a Todos os Santos.
A mudança do dia começou com o abade inglês Alcuíno de York, professor de Carlos Magno, perto do ano 800. Os pagãos celtas entendiam o dia 1º de novembro como um dia de comemoração que anunciava o início do inverno. Quando eles se convertiam, queriam continuar com a tradição da festa.
Assim, a veneração de Todos os Santos lembrando os cristãos que morreram em estado de graça foi instituída no dia 1º de novembro.
O papa Gregório IV, em 835, fixou e estendeu para toda a Igreja a comemoração em 1º de novembro.
Oficialmente, a mudança do dia da festa de Todos os Santos, de 13 de maio para 1º de novembro, só foi decretada em 1475, pelo do papa Xisto IV. Mas o importante é que a solenidade de Todos os Santos enche de sentido a homenagem de Todos os Finados, que ocorre no dia 2 de novembro.
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São Tiago da Pérsia
São Tiago, também conhecido como “recortado”, nasceu na cidade real da Pérsia, de nobre família, e muito jovem ascendeu na hierarquia da corte, alcançando grande reputação frente ao rei devido ao seu conhecimento e inteligência, tendo recebido extraordinárias honras e favores. E esta era sua grande tentação.
O Rei decidiu banir o Cristianismo do reino, obrigando a todos cristãos renunciar a sua fé ou morrer. São Tiago não teve coragem de renunciar aos seus privilégios e abandonou o verdadeiro Deus, que deixou de professar. Sua mãe e a esposa ficaram muitísssimo aflitas com a sua queda, deplorando a cada dia a escolha feita e redobrando orações por ele. Quando o Rei Isdegerdes morreu, elas lhe escreveram a seguinte carta:
Nós fomos informadas que tempos atrás, em troca dos favores dos reis e bens materiais, abandonaste o amor do Deus imortal. Pois pense onde está o rei agora, cujos favores tinhas em tão alta conta. Homem infeliz, pois agora que ele retornou ao pó, que é o destino de todos mortais, já não tens a minima esperança de receber uma só moeda, muito menos proteção. E saibas que se perseverares nos teus crimes, você mesmo, pela justiça divina, irá cair em tormentos, junto com o teu querido rei. E de nossa parte, não queremos mais assunto contigo.
Tiago foi muito afetado pela leitura de tal carta e começou a refletir quais justas punições na vida eterna lhe caberiam por sua apostasia, que receberia da prórpia do mais justo dos reis. Resolveu abandonar a corte, afastar-se da companhia daqueles que poderiam lhe seduzir novamente, renunciar as honras, pompas e prazeres, de tudo aquilo que poderia ocasionar sua ruina.
Assim vemos todos os dias penitentes que esquecem-se dos perigos dos quais recém foram resgatados e colocam-se novamente nos mesmos buracos dos quais foram retirados pela misericórdia de Deus. Observe os animais, se algumas vez cairam em uma armadilha e, com sorte, dela saíram, redobram os cuidados para nunca mais cair novamente no mesmo ardil. Muito mais deveriam fazer todos os homens, que governam a si mesmos, pela razão ou fé, deveriam evitar todas as oportunidades de cair nas mesmas tentações.
Pois São Tiago deu o exemplo, não apenas reconheceu seu crime, como publicamente o admitiu e pediu perdão. Suas palavras logo chegaram ao novo rei Varananes, que imediatamente mandou prendê-lo. Em sua presença, o santo professou sua fé. O rei, indignado e furioso, reprovou sua ingratidão, enumerou os favores que havia recebido e as honras concedidas por seu pai. São Tiago calmamente retrucou:
– Onde está ele agora? O que é feito dele?
Estas palavras exasperaram o governante, que o ameaçou com punições severas, não apenas uma morte rápida, mas terríveis tormentos. O santo disse então:
– Qualquer tipo de morte não é nada mais que um sono. Possa minha alma morrer a morte dos justos.
– Morte – replicou o tirano – não é um sono, é o terror dos nobres e reis.
O mártir respondeu:
– É verdade que a morte aterroriza reis e todos pecadores que não aceitam a Deus, por que perecerão.
O rei escutou estas palavras e retrucou:
– Pois então me chamas de pecador, ó raça inútil, que não adora ao Deus Sol, não adora a Deusa Lua, nem ao fogo ou a água, ilustres criações dos deuses.
Replicou São Tiago:
– Eu não te acuso mas afirmo que atribuis o incomunicável nome de Deus às suas criações.
O rei, cada vez mais irado, chamou seus ministros e juízes para deliberar qual morte cruel deveria ser aplicada a tal ofensa. Após consultar seu conselho, decidiu que a menos que renunciasse ao nome de Cristo, o santo deveria morrer lentamente, com seus membros cortados um a um, junta por junta. Tal sentença foi publicada.
No dia marcado, o povo reuniu-se na praça para ver o espetáculo, enquanto os cristãos prostavam-se no chão em orações pedindo a graça da perseverança. Quando chegou à praça, carregado pelos soldados, São Tiago virou seu rosto para Jerusalem, caiu de joelhos e levantando os braços aos céus, rezou com grande fervor.
Os executores aproximaram-se do santo e mostraram seus machados, adagas e outras armas; então estenderam seu braço, e explicaram de que forma morreria caso não negasse a Deus e obedecesse ao rei. Seus amigos da corte pediram que considerasse a proposta do rei, que abjurasse mesmo que momentaneamente, apenas para se salvar. Mas o mártir lhes ensinou:
– Esta morte que lhe parece tão cruel é um preço pequeno a pagar pela vida eterna.
E aos executores perguntou:
– O que estais esperando, comecem logo sua tarefa.
Eles então cortaram-lhe o dedão da mão direita. O santo gritou para que todos pudessem ouvir:
– Óh Salvador dos Cristãos, recebe este ramo da tua árvore. Ele irá aprodrecer mas sei que dele nascerá a tua glória.
O juiz que havia sido apontado como supervisor da execução caiu em lágrimas, assim como todo povo presente. Ele pediu:
– Já é bastante que tenhas perdido um dedo por causa de tua religião. Tens muitas riquezas para te assegurar uma vida tranquila, não as disperdice desta maneira.
São Tiago respondeu:
– A vinha morre no inverno, mas dá frutos na primavera; pois mais capaz de dar frutos é o corpo de Cristo quando podado. Meu coração se alegra no Senhor e exulta meu espírito em Deus meu Salvador. Recebe, ó Senhor, outro ramo de teu corpo.
E a cada dedo cortado, mais glórias aos céus proclamava. Após cortarem os cinco dedos da mão direita, cortaram os da esquerda. O juiz novamente pediu que ele recusasse a Deus e interrompesse o sofrimento enquanto estava vivo, ao que ele disse:
– Não é digno de Deus aquele que tendo empenhado sua palavra, volta a cair em pecado.
Cortaram-lhe os dedos do pé direito, e depois, do pé esquerdo, um por vez. A cada dedo cortado, mais graças proclamava. Aos carrascos disse:
– Agora que já me tiraste os pequenos ramos, ataquem os ramos principais até deixar apenas o tronco. Não tenham piedade de mim pois meu coração rejubila no Senhor e minha alma se eleva de alegria.
Cortaram-lhe então o pé direito e o pé esquedo; a mão direita e a mão esquerda. O braço direito e o braço esquerdo. Por fim, a perna direita e, depois, a perna esquerda. Restou deitado em seu próprio sangue, apenas um tronco nu que perdeu todos os galhos, ainda assim continuava a orar e agradecer à Deus, com mais amor, até que, enfim, um guarda cortou-lhe a cabeça. O santo completou o seu martírio no dia 27 de Novembro de 421, o segundo ano do reinado de Vararanes.
O cristãos ofereceram considerável quantia por seus restos mortais, mas o rei não aceitou. No entanto, a noite, aproveitaram a distração da guarda e resgataram o corpo. Contaram 28 partes que colocaram em um caixão, junto com as vestes ensanguentadas, e cobriram com linho branco. Deram-lhe sepultura em lugar secreto, para que o rei não pudesse roubar-lhe.
Há quatro narrações de seu martírio, o que comprova a veracidade dos fatos.
http://tesourosdaigrejacatolica.blogspot.com/2013/11/sao-tiago-da-persia.html