Disse Francisco na manhã de 8 de janeiro retomando as missas com os fieis na Casa Santa Marta: “Deus só pode ser conhecido totalmente no encontro com Ele e o encontro pela razão não é suficiente”
Andrea Tornielli
Cidade do Vaticano
O nosso intelecto, a razão, são “insuficientes” para conhecer a Deus; somente “pela estrada do amor” se pode conhece-lo”. Assim falou na manhã de 8 de janeiro o Papa Francisco, como reporta a Rádio Vaticana, retomando a celebração da missa na Casa Santa Marta com pequenos grupos de fiéis.
“Deus é amor! E somente pela estrada do amor, tu podes conhecer Deus. Amor racional, acompanhado da razão. Mas como posso amar aquele que não conheço?” “Ama aquele que está próximo de ti’. É esta a doutrina dos dois Mandamentos: o mais importante é amar a Deus, porque Ele é amor; mas o segundo é amar o próximo, porém para chegar ao primeiro devemos subir pelas escadas do segundo: isto é, através do amor ao próximo chegamos a conhecer a Deus, que é amor . Somente amando racionalmente, mas amando, podemos chegar a este amor”.
Eis porque, acrescentou Francisco, devemos amar-nos “uns aos outros” porque o amor vem de Deus” e “quem ama foi gerado por Deus”. “Quem ama conhece a Deus; quem não ama não conheceu a Deus, porque Deus é amor. Mas não amor de novela. Não, não! Amor solido, forte; amor eterno, amor que se manifesta – a palavra destes dias, manifestação – no seu Filho, que veio para nos salvar. Amor concreto; amor de obras e não de palavras. Para conhecer a Deus é necessária toda uma vida; um caminho, um caminho de amor, de conhecimento, de amor para com o próximo, de amor por aqueles que odeiam, de amor por todos.
Papa Bergoglio, portanto, sublinhou que a iniciativa é de Deus, não do homem. Foi “Ele que nos amou e mandou o seu Filho como vítima de expiação pelos nossos pecados”. Em Jesus “podemos contemplar o amor de Deus” e seguindo o seu exemplo, “chegamos –degrau por degrau – ao amor de Deus, ao conhecimento de Deus que é amor”. Evocando depois o profeta Jeremias, o Papa disse que o amor de Deus nos “precede”, nos ama antes ainda que nós o procuramos. O amor de Deus, disse Francisco, é como “a flor da amêndoa”, que é a primeira flor da primavera. O Senhor “nos ama por primeiro”, “sempre teremos esta surpresa”. E completou que “quando nos aproximamos de Deus através das obras de caridade, na oração, na comunhão, na Palavra de Deus”, nos damos conta “que Ele está ali, por primeiro, nos esperando, assim nos ama”.
Francisco, portanto, comentou o Evangelho do dia, que descreve o episódio da multiplicação dos pães e dos peixes. Jesus, explicou, “teve compaixão” de toda aquela gente que tinha acorrido para escutá-lo, porque “eram ovelhas que não tinham ´pastor, desorientadas”. E destacou que também hoje tanta gente está “desorientada” nas “nossas cidades, nos nossos países”. Por isso, Jesus lhes ensina a doutrina e o povo o escuta. Quando depois fica tarde e pede que se lhes dê comida, então os discípulos respondem “um pouco nervosos”. Outra vez o Papa Bergoglio comentou, Deus chegou “primeiro, os discípulos não tinham entendido nada”.
Assim é o amor de Deus: sempre nos espera, sempre nos surpreende. É o Pai, é nosso Pai que tanto nos ama, que sempre está disposto a nos perdoar. Sempre! Não só uma vez, mas setenta vezes sete. Sempre! Como um pai cheio de amor e para conhecer este Deus que é amor devemos subir pela escada do amor ao próximo, pelas obras de caridade, pelas obras de misericórdia, que o Senhor nos ensinou.
Que o Senhor, nestes dias em que a Igreja nos faz pensar na manifestação de Deus, nos dê a graça de conhece-lo pela estrada do amor”.
Fonte: http://migre.me/o48Uy
Tradução do italiano: Pe. Raul Kestring