Leituras Bíblicas
Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna” (Jo 6,68)!
Dia 25 de dezembro de 2010
NATAL DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO, solenidade com Oitava. – Missa do Dia
Livro de Isaías 52,7-10:
Que formosos são sobre os montes os pés do mensageiro que anuncia a paz, que apregoa a boa-nova, e que proclama a salvação! Que diz a Sião: «O rei é o teu Deus!»
Ouve, as tuas sentinelas gritam, cantam em coro, porque vêem olhos nos olhos o regresso do Senhor a Sião.
Ruínas de Jerusalém, irrompei em cânticos de alegria, porque o Senhor consola o seu povo, com a libertação de Jerusalém.
O Senhor mostra a força do seu braço poderoso aos olhos das nações, e todos os confins da terra verão o triunfo do nosso Deus.
Livro de Salmos 98,1.2-3.4.5-6:
Cantai ao Senhor um cântico novo, porque Ele fez maravilhas! A sua mão direita e o seu santo braço lhe deram a vitória.
O Senhor anunciou a sua vitória, revelou aos povos a sua justiça.
Lembrou-se do seu amor e da sua fidelidade em favor da casa de Israel. Todos os confins da terra presenciaram o triunfo libertador do nosso Deus.
Aclamai o Senhor, terra inteira, exultai de alegria e cantai.
Cantai hinos ao Senhor , ao som da harpa, ao som da harpa e da lira;
ao som de cornetins e trombetas, aclamai o nosso rei e Senhor.
Carta aos Hebreus 1,1-6:
Muitas vezes e de muitos modos, falou Deus aos nossos pais, nos tempos antigos, por meio dos profetas.
Nestes dias, que são os últimos, Deus falou-nos por meio do Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, e por meio de quem fez o mundo.
Este Filho, que é resplendor da sua glória e imagem fiel da sua substância e que tudo sustenta com a sua palavra poderosa, depois de ter realizado a purificação dos pecados, sentou-se à direita da Majestade nas alturas,
tão superior aos anjos quanto superior ao deles é o nome que recebeu em herança.
Com efeito, a qual dos anjos disse Deus alguma vez: Tu és meu Filho, Eu hoje te gerei? E ainda: Eu serei para Ele um Pai e Ele será para mim um Filho?
E de novo, quando introduz o Primogênito no mundo, diz: Adorem-no todos os anjos de Deus.
Evangelho segundo S. João 1,1-18:
No princípio existia o Verbo; o Verbo estava em Deus; e o Verbo era Deus.
No princípio Ele estava em Deus.
Por Ele é que tudo começou a existir; e sem Ele nada veio à existência.
Nele é que estava a Vida de tudo o que veio a existir. E a Vida era a Luz dos homens.
A Luz brilhou nas trevas, mas as trevas não a receberam.
Apareceu um homem, enviado por Deus, que se chamava João.
Este vinha como testemunha, para dar testemunho da Luz e todos crerem por meio dele.
Ele não era a Luz, mas vinha para dar testemunho da Luz.
O Verbo era a Luz verdadeira, que, ao vir ao mundo, a todo o homem ilumina.
Ele estava no mundo e por Ele o mundo veio à existência, mas o mundo não o reconheceu.
Veio para o que era seu, e os seus não o receberam.
Mas, a quantos o receberam, aos que nele crêem, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus.
Estes não nasceram de laços de sangue, nem de um impulso da carne, nem da vontade de um homem, mas sim de Deus.
E o Verbo fez-se homem e veio habitar connosco. E nós contemplamos a sua glória, a glória que possui como Filho Unigénito do Pai, cheio de graça e de verdade.
João deu testemunho dele ao clamar: «Este era aquele de quem eu disse: ‘O que vem depois de mim passou-me à frente, porque existia antes de mim.’»
Sim, todos nós participamos da sua plenitude, recebendo graças sobre graças.
É que a Lei foi dada por Moisés, mas a graça e a verdade vieram-nos por Jesus Cristo.
A Deus jamais alguém o viu. O Filho Unigênito, que é Deus e está no seio do Pai, foi Ele quem o deu a conhecer.
Comentário ao Evangelho do dia feito por
São Basílio (c. 330-379), monge e bispo de Cesareia da Capadócia, Doutor da Igreja
Homilia sobre a santa concepção de Cristo, 2.6; PG 31, 1459s (a partir da trad. Delhougne, Les Pères commentent, p. 172 rev.)
«Deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus»
Deus na terra, Deus entre os homens! Desta vez, Ele não promulga a Sua Lei no meio dos relâmpagos, ao som da trombeta, numa montanha fumegante, na obscuridade de uma tempestade aterradora (Ex 19,16ss.), mas recria-Se, de forma mansa e pacífica, num corpo humano, com os Seus irmãos de raça. Deus encarnado ! […] Como pode a divindade viver na carne? Como o fogo subsiste no ferro, não deixando o local onde arde, mas comunicando-se-lhe. Com efeito, o fogo não se lança sobre o ferro mas, permanecendo no seu local, comunica-lhe o seu poder. Ao fazê-lo, não fica minimamente diminuído, mas preenche plenamente o ferro ao qual se comunica. Da mesma forma, Deus, o Verbo que «vive no meio de nós», não saiu de Si mesmo: «O Verbo que Se fez carne» não foi submetido à mudança; o céu não foi despojado d’Aquele que contém, e no entanto a terra acolhe no seu seio Aquele que está nos céus.
Apreende este mistério: Deus está na carne de forma a destruir a morte que nela se esconde. […] Quando se «manifestou a graça de Deus, portadora de salvação para todos os homens» (Tt 2,11), quando «brilhou o sol de justiça» (Ml 3,20), «a morte foi tragada pela vitória» (1Co 15,54) porque não podia coexistir com a verdadeira vida. Ó profundidade da bondade de Deus e do amor de Deus pelos homens! Demos glória com os pastores, dancemos com os coros dos anjos, porque «hoje nasceu o Salvador que é o Messias Senhor» (Lc 2,11-12).
«O Senhor é Deus; Ele tem-nos iluminado» [Sl 118 (117),27], não sob a Sua aparência de Deus, para não assustar a nossa fraqueza, mas sob a forma de um servo, a fim de conferir a liberdade àqueles que estavam condenados à servidão. Quem teria o coração suficientemente adormecido e indiferente para não exultar de alegria, para não irradiar felicidade, perante este acontecimento? É uma festa comum a toda a Criação. Todos devem contribuir para ela, ninguém se deve mostrar ingrato. Elevemos nós também a voz para cantar o nosso júbilo!