Leituras Bíblicas
“Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna” (Jo 6,68)!
Dia 17 de agosto de 2010
Terça-feira da 20ª semana do Tempo Comum
A Igreja celebra hoje: São Jacinto (1183-1257) – Leia sua vida clicando: http://www.paulinas.org.br/diafeliz/santo.aspx?Dia=17&Mes=8
Livro de Ezequiel 28,1-10:
Foi-me dirigida a palavra do Senhor nestes termos:
"Filho de homem, diz ao príncipe de Tiro: Eis o que diz o Senhor Deus: Tu te encheste de orgulho, dizendo: ‘Eu sou um deus, estou sentado no trono de Deus, no coração do mar’, não sendo tu um deus mas apenas um homem; e, contudo, julgas-te igual a Deus.
Consideras-te mais sábio do que Daniel: nenhum mistério te é obscuro.
Foi pela tua sabedoria e inteligência que adquiriste riqueza e amontoaste ouro e prata em teus tesouros.
Pela tua perícia para o comércio, acrescentaste as riquezas, e o teu coração ensoberbeceu-se.
Por causa disto, assim fala o Senhor Deus: Já que te julgas deus,
por isso, eis que farei vir contra ti estrangeiros, os mais bárbaros dos povos. Eles desembainharão a espada contra a tua sabedoria e macularão o teu esplendor.
Far-te-ão descer à cova; morrerás de morte violenta no coração dos mares.
Dirás ainda, à vista dos teus carrascos: ‘Eu sou um deus’, quando é evidente que não és senão um homem e não um deus, na mão do teu assassino.
Morrerás da morte dos incircuncisos, aos golpes dos estrangeiros. Sou Eu quem o afirma" -oráculo do Senhor Deus.
Livro de Deuteronômio 32,26.27-28.30.35-36:
Eu disse: ‘Vou destroçá-los; vou apagar do meio dos homens a sua memória.’
Se os hostilizasse como povo inimigo, não se ensoberbeceriam seus adversários? De certo diriam: ‘Foi o nosso poder que triunfou, não foi o Senhor que fez tudo isto!’
Eles são gente insensata, desprovida de inteligência.
Como poderia um só perseguir mil, e dois, pôr em fuga dez mil, se o seu Rochedo lhos não vendesse, se o Senhor lhos não entregasse?
A mim pertencem a vingança e a retribuição, quando o pé deles resvalar, pois está próximo o dia da sua ruína; depressa virá o seu destino.
O Senhor fará justiça ao seu povo e terá compaixão dos seus servos, ao ver que as suas mãos fraquejam, que já não há escravo nem homem livre.’
Evangelho segundo S. Mateus 19,23-30:
Jesus disse, então, aos discípulos: «Em verdade vos digo que dificilmente um rico entrará no Reino do Céu.
Repito-vos: É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha, do que um rico entrar no Reino do Céu.»
Ao ouvir isto, os discípulos ficaram estupefatos e disseram: «Então, quem pode salvar-se?»
Fixando neles o olhar, Jesus disse-lhes: «Aos homens é impossível, mas a Deus tudo é possível.»
Tomando a palavra, Pedro disse-lhe: «Nós deixamos tudo e seguimos-te. Qual será a nossa recompensa?»
Jesus respondeu-lhes: «Em verdade vos digo: No dia da regeneração de todas as coisas, quando o Filho do Homem se sentar no seu trono de glória, vós, que me seguistes, haveis de sentar-vos em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel.
E todo aquele que tiver deixado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos ou campos por causa do meu nome, receberá cem vezes mais e terá por herança a vida eterna.
Muitos dos primeiros serão os últimos, e muitos dos últimos serão os primeiros.»
Comentário ao Evangelho do dia feito por
São Pedro Damião (1007-1072), eremita e depois bispo, Doutor da Igreja
Sermão 9; PL 144, 549-553 (a partir da trad. Delhougne, Les Pères commentent, p. 499)
Deixar tudo para seguir a Cristo
Na verdade, é uma grande coisa «deixar tudo», mas ainda é ainda mais importante «seguir a Cristo» porque, como aprendemos através dos livros, muitos deixaram tudo mas não seguiram a Cristo. Seguir a Cristo é a nossa tarefa, o nosso trabalho, e nisso consiste o essencial da salvação do homem, mas não podemos seguir a Cristo se não abandonarmos tudo o que nos bloqueia. Porque «Ele sai, a percorrer alegremente o seu caminho, como um herói» [Sl 19 (18),6] e ninguém pode segui-Lo carregado com um fardo.
«Nós deixámos tudo e seguimos-Te», diz Pedro, não apenas os bens deste mundo mas também os desejos da nossa alma. Porque quem continua apegado, nem que seja a si mesmo, não abandonou tudo. Mais ainda, não serve de nada deixar tudo à exceção de si mesmo, porque não há para o homem fardo mais pesado que o seu eu. Que tirano será mais cruel, que senhor será mais impiedoso para o homem do que a sua própria vontade? […] Por consequência, é necessário que deixemos os nossos bens e a nossa vontade própria se queremos seguir Aquele que não tinha sequer «onde reclinar a cabeça» (Lc 9,58) e que veio «não para fazer a [Sua] vontade, mas a vontade d’Aquele que [O] enviou» (Jo 6,38).