29/03/2016
Pe. Mauro Gambetti – Custódio do Sacro Convento de Assis
Publicamos um comentário do Custódio do Sacro Convento de Assis referente aos trágicos ataques terroristas destes anos. De 18 a 20 de setembro dois dias de encontro de reflexão entre líderes religiosos, homens políticos e de cultura.
A tudo o que está acontecendo não podemos responder com o silêncio. Está em ato a “terceira guerra mundial” e a Europa atingida no coração e desafiada repetidamente, não pode permanecer à janela e somente olhar o que acontece na Ásia médio oriental, na África ou em outros países aparentemente distantes. Não pode nem mesmo limitar-se a promover programas e convenções para a acolhida dos refugiados.
O terrorismo transversal, focado em anúncios de uma “guerra santa”, obriga os governos e cidadãos a tomar posição: esconder-se como camundongos ou sair à luz do dia. Guerra Santa? Misericórdia.
Volta à nossa mente João Paulo II que no ano 1986, em plena guerra fria, convocou para Assis os líderes mundiais das religiões para invocar a paz no mundo. As intenções beligerantes dos USA e URSS foram desfeitas e o apelo a fazer calar as armas por um dia se conclui com as palavras atribuídas a Francisco: Onde há ódio que eu leve o amor, (…) onde há guerra eu meu leve a paz! Depois caíram muitos muros. Durante o conflito entre a Bósnia e Erzegovina, em 1993, o Papa convocou novamente os líderes religiosos das principais religiões monoteístas. Também aqui o Papa intervém propondo o caminho da reconciliação. Depois dos ataques às Torres Gêmeas, cristãos e muçulmanos pareceram querer elevar-se até o próprio Deus através de bandeiras para vencer o outro, matando-se uns aos outros. Mais uma vez, o Papa, cansado mas perseverante, convocava novamente a Assis todas as religiões do mundo. Elevou-se alto o grito uníssono de todos os líderes. “Violência nunca mais! Guerra nunca mais! Terrorismo nunca mais! Em nome de Deus toda religião traga para a terra justiça e paz, perdão e vida,,amor!”
Neste ano transcorre o trigésimo aniversário daquele primeiro encontro e os frades franciscanos de Assis, junto com a Comunidade de Santo Egídio e as Dioceses, saem à luz dom dia e escancaram as portas para um novo encontro entre os líderes mundiais e das religiões. Uma oração em coro e uma palavra unânime, fruto de reflexão partilhada, esta a resposta que desejamos suscitar.
Do dia 18 a 20 de setembro próximo, dois dias de mesas redondas e um dia de oração. Com os líderes religiosos são convidados homens políticos, expoentes do mundo científico e da cultura, operadores de paz e todos os homens de boa vontade. Quem quiser, venha a Assis.
Ao mesmo tempo nos perguntaremos: quais sãos os princípios reconhecidos de todas as religiões para uma convivência pacífica? Que contribuição a política, a ciência, a cultura em geral podem propor para a definição de um decálogo de convivência humana? Diante da insensata violência que se alastra, as religiões devem dar ao mundo uma mensagem convergente. A política deve cumprir um esforço de traçar um percurso na direção da justiça e da paz entre os povos, conjugando todo o projeto com a sustentabilidade ambiental.
Nas principais praças do mundo, do Oriente ao Ocidente, faremos conhecer o pensamento que jorrará dos encontros e dos diálogos de Assis. E cultivemos um sonho: Que a Itália se levante como exemplo de integração das culturas assumindo o decálogo que se escreverá em Assis no ordenamento legislativo e nos decretos executivos. Talvez se poderá estender o mesmo modelo aos Estados europeus e depois a todos os Estados membros da ONU.
Acreditamos que a estrada de Assis, aquela da fraternidade humilde traçada por Francisco, vivida primeiro nas ruas, ainda antes que nos conventos, caracterizada pela “recíproca submissão”, seja a resposta a ser dada.
Tradução do italiano: Pe. Raul Kestring
Fonte: http://www.lastampa.it/2016/03/29/vaticaninsider/ita/commenti/da-assisi-un-decalogo-contro-la-terza-guerra-mondiale-IeS0SGrrgjYOBUnSEpNzYN/pagina.html