“O Senhor vos faça crescer abundantemente no amor de uns para com os outros e para com todos.” (1Ts 3,12)
Esta é uma daquelas expressões, familiares ao apóstolo Paulo, que exprimem o seu desejo e, ao mesmo tempo, um pedido ao Senhor, de graças especiais para as suas comunidades (cf. Ef 3,16; Fl 1,9 etc.).
Nesse trecho ele pede, em favor dos tessalonicenses, a graça de um amor recíproco cada vez maior, superabundante. Não se trata de uma censura velada, como se o amor mútuo não existisse naquela comunidade; ele chama a atenção para uma lei inerente ao amor em si mesmo: a lei de um crescimento constante.
“O Senhor vos faça crescer abundantemente no amor de uns para com os outros e para com todos.”
Uma vez que o amor é o centro da vida cristã, se ele não apresentar um progresso, toda a vida do cristão sofrerá as consequências, esmorecendo e podendo até se apagar. Não basta ter entendido de modo luminoso o mandamento do amor ao próximo, nem sequer basta ter experimentado de modo entusiástico seus impulsos e seus ímpetos, no início da própria conversão ao Evangelho. É necessário fazê-lo crescer, mantendo-o sempre vivo, ativo, operante. E isso acontece quando se sabe aproveitar, com prontidão e generosidade cada vez maior, as diversas ocasiões que a vida nos oferece a cada dia.
“O Senhor vos faça crescer abundantemente no amor de uns para com os outros e para com todos.”
Para Paulo, as comunidades cristãs deveriam ter a jovialidade e o calor de uma verdadeira família. Compreende-se, portanto, a intenção do apóstolo, de alertá-las contra os perigos que mais frequentemente as ameaçam: o individualismo, a superficialidade, a mediocridade.
Paulo, porém, quer evitar também outro grave perigo, intimamente associado ao anterior: que os cristãos se acomodem numa vida organizada e tranquila, mas fechada em si mesma.
Ele deseja ver comunidades abertas, pois uma qualidade própria da caridade é amar os irmãos na fé e, ao mesmo tempo, ir ao encontro de todos, sensibilizar-se com os problemas e as necessidades de todos. É uma característica da caridade saber acolher qualquer pessoa, lançar pontes, descobrindo o que há de positivo e unindo-se, nos próprios desejos e esforços de realizar o bem, com todos aqueles que apresentam boa vontade.
“O Senhor vos faça crescer abundantemente no amor de uns para com os outros e para com todos.”
Como viveremos, então, a Palavra de Vida deste mês? Procurando, também nós, crescer no amor mútuo dentro das nossas famílias, do nosso ambiente de trabalho, das nossas comunidades ou associações eclesiais, paróquias etc.
Essa Palavra exige de nós uma caridade superabundante, isto é, uma caridade que saiba ultrapassar as meias-medidas e as diversas barreiras provenientes do nosso tão sutil egoísmo. Poderemos descobrir muitas ocasiões de vivê-la. Basta pensar em certos aspectos da caridade como a tolerância, a compreensão, a aceitação recíproca, a paciência, a disponibilidade para servir, a misericórdia diante das faltas verdadeiras ou supostas do nosso próximo, a partilha dos bens materiais etc.
Também é evidente que, se em nossa comunidade existir esse clima de amor mútuo, ele inevitavelmente irradiará o seu calor em direção a todos os outros. Também aqueles que ainda não conhecem a vida cristã vão se sentir atraídos e é bem possível que, quase sem o perceber, eles sejam envolvidos nessa vida até sentirem-se parte de uma mesma família.
Chiara Lubich
Este comentário à Palavra de Vida foi publicado originalmente em novembro de 1994.