Bento XVI assomou ao meio-dia deste domingo ao balcão central da Basílica Vaticana para a tradicional mensagem natalina e a sua Bênção Urbi et Orbi (à cidade de Roma e ao mundo), transmitida em mundo-visão por emissoras de televisão de 61 países e emissoras de rádio do mundo inteiro, e pelos novos meios de comunicação. Sob um sol esplendente, milhares de fiéis, peregrinos e turistas lotaram a Praça São Pedro para ouvir a mensagem do Papa e suas felicitações.
De fato, após a mensagem propriamente dita, o Santo Padre fez, em 65 línguas, suas felicitações de Natal, concedendoa Bênção Urbi et Orbi.
"Cristo nasceu para nós! Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens do seu agrado: a todos chegue o eco deste anúncio de Belém, que a Igreja Católica faz ressoar por todos os continentes, sem olhar a fronteiras nacionais, linguísticas e culturais. O Filho de Maria Virgem nasceu para todos; é o Salvador de todos" – com essas palavras, o Papa iniciou sua mensagem de Natal.
O Santo Padre recordou uma antífona litúrgica antiga na qual Jesus é invocado como Emanuel, nosso rei e legislador "esperança e salvação dos povos". A antífona conclui-se com uma exortação: "Vinde salvar-nos, Senhor nosso Deus".
"Vinde salvar-nos", repetiu o Pontífice, ressaltando que "tal é o grito do homem de todo e qualquer tempo que, sozinho, se sente incapaz de superar dificuldades e perigos. Precisa de colocar a sua mão numa mão maior e mais forte, uma mão do Alto que se estenda para ele".
"Amados irmãos e irmãs, esta mão é Jesus, nascido em Belém da Virgem Maria. Ele é a mão que Deus estendeu à humanidade, para fazê-la sair das areias movediças do pecado e segurá-la de pé sobre a rocha, a rocha firme da sua Verdade e do seu Amor (cf. Sal 40, 3)."
Explicando o significado do nome daquele Menino (nome que, por vontade de Deus, Lhe deram Maria e José), Bento XVI precisou que o nome Jesus quer dizer "Salvador" (cf. Mt 1, 21; Lc 1, 31).
Ele foi enviado por Deus Pai para nos salvar, sobretudo – frisou o Pontífice –, do mal mais profundo que está radicado no homem e na história:
"O mal que é a separação de Deus, o orgulho presunçoso do homem fazer como lhe apetece, de fazer concorrência a Deus e substituir-se a Ele, de decidir o que é bem e o que é mal, de ser o senhor da vida e da morte (cf. Gn 3, 1-7). Este é o grande mal, o grande pecado, do qual nós, homens, não nos podemos salvar senão confiando-nos à ajuda de Deus, senão gritando por Ele: «Veni ad salvadum nos – Vinde salvar-nos!»
Em seguida, Bento XVI acrescentou que o fato de elevarmos ao Céu esta imploração já nos coloca na justa condição, na verdade do que somos nós mesmos: aqueles que gritaram por Deus e foram salvos.
"Deus é o Salvador, nós aqueles que se encontram em perigo. Ele é o médico, nós os doentes. O fato de reconhecer isto mesmo é o primeiro passo para a salvação, para a saída do labirinto onde nós mesmos, com o nosso orgulho, nos encerramos. Levantar os olhos para o Céu, estender as mãos e implorar ajuda é o caminho de saída" – exortou o Papa.
"Jesus Cristo é a prova de que Deus escutou o nosso grito. E não só! Deus nutre por nós um amor tão forte que não pôde permanecer em Si mesmo, mas teve de sair de Si mesmo e vir ter conosco, partilhando até ao fundo a nossa condição (cf. Ex 3, 7-12). A resposta que Deus deu, em Cristo, ao grito do homem, supera infinitamente as nossas expectativas, chegando a uma solidariedade tal que não pode ser simplesmente humana, mas divina. Só o Deus que é amor e o amor que é Deus podia escolher salvar-nos através deste caminho, que é certamente o mais longo, mas é aquele que respeita a verdade d’Ele e nossa: o caminho da reconciliação, do diálogo e da colaboração."
Unindo-se espiritualmente a tantas pessoas que atravessam situações particularmente difíceis, o Pontífice convidou-nos a fazer-nos voz daqueles que não a têm:
Juntos – exortou – "invoquemos o socorro divino para as populações do Nordeste da África, que padecem fome por causa das penúrias, por vezes ainda agravadas por um estado persistente de insegurança. A comunidade internacional não deixe faltar a sua ajuda aos numerosos refugiados vindos daquela Região, duramente provados na sua dignidade".
O Papa pediu ao Senhor que conforte as populações do Sudeste asiático, particularmente da Tailândia e das Filipinas, que se encontram em graves situações de emergência devido às recentes enchentes.
Pediu que o Senhor socorra a humanidade ferida por tantos conflitos que ainda hoje ensangüentam o Planeta:
"Ele, que é o Príncipe da Paz, dê paz e estabilidade à Terra onde escolheu vir ao mundo, encorajando a retomada do diálogo entre israelenses e palestinos. Faça cessar as violências na Síria, onde já foi derramado tanto sangue. Favoreça a plena reconciliação e a estabilidade no Iraque e no Afeganistão. Dê um renovado vigor, na edificação do bem comum, a todos os componentes da sociedade nos países do Norte da África e do Oriente Médio."
Por fim, auspiciou que o nascimento do Salvador sustente as perspectivas de diálogo e colaboração em Myanmar à procura de soluções compartilhadas, e que o Natal do Redentor assegure estabilidade política nos países da região africana dos Grandes Lagos e assista o empenho dos habitantes do Sudão do Sul na tutela dos direitos de todos os cidadãos.
O Pontífice concluiu com uma premente exortação:
"Amados irmãos e irmãs, dirijamos o olhar para a Gruta de Belém: o Menino que contemplamos é a nossa salvação. Ele trouxe ao mundo uma mensagem universal de reconciliação e de paz. Abramos- Lhe o nosso coração, acolhamo-Lo na nossa vida. Repitamos-Lhe com confiada esperança: «Veni ad salvandum nos».
Como dissemos, após a sua mensagem o Santo Padre dirigiu, em 65 línguas, as felicitações natalinas. Eis as suas felicitações aos de língua portuguesa:
"Feliz Natal para todos! O Nascimento do menino Jesus ilumine de alegria e paz vossos lares e Nações!"
Bento XVI concluiu concedendo a Bênção Urbi et Orbi, deixando, em seguida, sob os aplausos e acenos de saudação dos presentes na Praça São Pedro, o balcão central da Basílica Vaticana. (RL)
Cidade do Vaticano (Radio Vaticano)