Obrigado Gaspar…
Transformar em palavras os sentimentos nem sempre é fácil para mim. Sempre acho que não conseguirei transmitir exatamente aquilo que gostaria. Parece que fica faltando alguma coisa. Mesmo assim, tentarei dizer, mesmo com simplicidade, algumas palavras a esta comunidade que me acolheu com tanto carinho e que me fez realizar plenamente no ministério sacerdotal. Confesso que dizer até logo é dolorido dentro dos limites humanos, mas totalmente superável com a graça divina e a oração.
Não deveria ser assim, pois quando ingressamos na Ordem Franciscana e fazemos a primeira profissão, escolhemos um modo de vida missionário, como foi desde o início com os primeiros discípulos de São Francisco de Assis. Estamos sempre em saída. Deixar tudo e se entregar completamente nas mãos do Senhor exige fé e uma constante disposição de renovar aquele “sim” que dissemos lá no início de nossa vocação. No entanto, o padre é um ser humano, sujeito a tentações, fraquezas, emoções e sentimentos. Então, vocês podem imaginar o quanto é difícil dizer adeus, até breve!
Fui apresentado a esta Paróquia no dia 21 de dezembro de 2003 na missa das 19 horas na Igreja Matriz, portanto, em doze anos estabeleci laços de carinho, amor e fraternidade. Fui acolhido como muito afeto (e que povo acolhedor é o gasparense!), e posso afirmar que fui uma pessoa feliz nesta caminhada com o povo de Gaspar. Agradeço a Deus por me ter concedido a graça de morar em Gaspar…. Sempre ouvia comentários sobre Gaspar e pensava: “Um dia gostaria de morar lá”…
Neste tempo aqui em Gaspar fui Vigário Paroquial por seis anos, guardião da Fraternidade por nove anos, Pároco por seis anos e Definidor Provincial por três anos. Mas a principal obra para qual eu me doei foi a construção do Reino de Deus. Claro, essa construção jamais existiria dentro dos meus limites e da minha pequenez, mas foi possível graças à comunhão e participação de todos. Por isso, sou grato a todos. Em primeiro lugar a Deus, à Igreja de Cristo, à Ordem Franciscana e a Província Franciscana da Imaculada Conceição, que me acolheu como frade há 29 anos (fiz minha primeira profissão no dia 10 de janeiro de 1986), depois a esta Diocese de Blumenau e esta Paróquia, com suas 16 Comunidades. Não posso deixar de agradecer às minhas irmãs religiosas e aos religiosos, às autoridades, civis e militares, desta cidade, com quem sempre me relacionei com respeito e reverência. Não posso deixar de agradecer aos empresários, comerciários e meios de comunicação que sempre buscaram o bem comum e o melhor de nossa comunidade. Agradeço especialmente às Comunidades e todo o povo santo que se doou com paixão pelo Reino de Deus. Como foi bonito ver esse milagre da multiplicação nas Festas de São Pedro Apóstolo e dos Padroeiros das Comunidades. Muitas pessoas, Pastorais e Movimentos colaboraram de maneira eficiente com meu ministério e outros de maneira silenciosa, mas não menos importante, a todos e todas minha gratidão.
Recentemente, numa celebração na Santa Marta, o Papa Francisco disse: “A herança mais bonita que podemos deixar aos outros é a fé”. Procurei, dentro dos meus limites, trabalhar pela fé, anunciando a Palavra de Deus, partilhando os sacramentos, sobretudo o Sacramento da Eucaristia. A fé, esse bem espiritual do povo, foi sempre a minha principal preocupação. Claro, não atuei só no plano espiritual. Zelei, com ajuda da comunidade, pelo patrimônio físico da comunidade paroquial. O que conseguimos fazer nesses doze anos não é mérito meu, mas tive a ajuda de entusiasmados colaboradores eficientes em trabalhos voluntários. Não posso deixar de externar a minha gratidão aos dizimistas e benfeitores. Obrigado pela generosidade e pelo compromisso de fidelidade que mantiveram durante estes anos!
Vivemos grandes celebrações e grandes momentos como paroquianos. Fizemos uma história bonita. Cresci muito aqui como cristão, franciscano, padre e ser humano. Peço perdão pelas minhas falhas, pelos meus pecados, principalmente se se magoei alguém devido às minhas limitações humanas… Não poderia deixar de agradecer ainda pelo apoio e conforto que me deram quando perdi meu pai e ainda recentemente minha mãe deixou nossos familiares e foi morar no céu. Mas nós, como sacerdotes, também ganhamos novas famílias. E aqui, posso afirmar, foi muito difícil para mim participar das dores de tantos irmãos que se despediram para sempre de seus entes queridos… Pessoas muito próximas e que deixaram um vazio na comunidade…
Sempre os terei no meu coração. Levarei daqui grandes lembranças. Podem sempre contar comigo e, desde já, se sintam convidados a me visitar na minha nova residência, a Paróquia Santo Antônio do Pari.
Termino com uma frase de um escritor muito famoso: Hermann Hesse (autor de ‘Sidharta’ e ‘O Lobo da Estepe’)
A cada chamado da vida, o coração
deve estar pronto para a despedida e para
novo começo, com ânimo e sem lamúrias,
aberto sempre para novos compromissos.
Dentro de cada começar mora um encanto
que nos dá forças e nos ajuda a viver.
Fiquem com a bênção de Deus!
A todos, um abraço Fraterno,
Frei Germano Guesser, OFM
Gaspar, fevereiro de 2016
Fonte: https://www.facebook.com/freigermano.guesser?fref=ts