Sábado, 25 de setembro de 2010
“A beata Chiara Badano é uma missionária de Jesus, uma apóstola do Evangelho como boa noticia para um mundo de prazeres, mas às vezes doente de tristeza e infelicidade. Ela nos convida a encontrar a frescura e o entusiasmo da fé”. Disse isto o Arcebispo Angelo Amato, prefeito da Congregação da Causa dos Santos, presidindo o rito de beatificação da jovem focolarina (1971-1990), ocorrido neste sábado de tarde, 25 de setembro, no santuário romano do Divino Amor.
Diante de milhares de fiéis reunidos de todas as partes do mundo com os jovens nas primeiras filas, Dom Amato, representando Bento XVI, inscreveu o nome de Chiara no catálogo dos bem-aventurados. É a primeira vez que um membro do Movimento dos Focolares vem elevado à honra dos altares.
“O convite a encontrar o entusiasmo da fé – disse o purpurado – é dirigido a todos, aos jovens em primeiro lugar, mas também aos adultos, aos consagrados, aos sacerdotes. A todos é dada a graça suficiente para tornar-se santo. Respondamos com alegria a este convite à santidade e agradeçamos ao Papa Bento XVI pelo dom da beatificação da nossa Chiara Luce”, como gostava de chamá-la a fundadora dos focolares Chiara Lubich. Se trata – prosseguiu – de um sinal concreto da confiança e da estima que o Papa tem pelos jovens, nos quais vê o vulto jovem e santo da Igreja”.
A espiritualidade focolarina foi vivida pela nova beata de maneira exemplar. A este propósito, o arcebispo sublinhou como o “vestido de noiva com o qual Chiara foi ao encontro de Jesus era valorizado pelos “sete diamantes” da espiritualidade cristã e focolarina: Deus Amor; fazer a vontade de Deus; Palavra de vida vivida; amor para com o próximo; amor recíproco que realiza a unidade; presença de Jesus na unidade”. “Mas existe – acrescentou – um sétimo diamante, o mais precioso, que brilha mais do que os outros: é o amor a Jesus crucificado e abandonado”. Este – segundo Chiara Lubich – é “o elo principal, que resume a espiritualidade focolarina e que a beata interpretou exemplarmente. O amor a Jesus abandonado infundiu-lhe aquela energia espiritual, aquela graça capaz de suportar cada adversidade.
Dom Amato, depois, percorreu as etapas da enfermidade que atingiu a jovem Chiara e que em pouco tempo a conduziu à morte. “Atacada aos dezesseis anos por osteossarcoma (câncer nos ossos) – disse – aceita a cruz com dor, mas com serena coragem: ”Não tenho mais as pernas e gostava de andar de bicicleta, mas o Senhor me deu as asas”. Sofria, mas a alma cantava. Rejeita a morfina porque – dizia – “tira-me a lucidez e eu posso oferecer a Jesus somente a minha dor”. No fim de dezembro de 1989, quando o câncer já a estava devorando, recebe de Chiara Lubich a “Palavra de Vida: “Quem permanece em mim e eu nele, este dá muito fruto” (Jo 15,5). No dia 26 de julho do mesmo ano , a Lubich lhe dá um nome novo, “Luz”. Nome certíssimo porque Chiara era uma explosão de luz divina, que surpreendia a todos, jovens e adultos. Dizia sempre: “Jesus é para amar e basta”. E desde pequena, foi generosíssima no corresponder ao ideal do amor de Deus e do próximo”. Uma existência breve, mas vivida intensamente, durante a qual a nova bem-aventurada soube testemunhar o Evangelho da caridade para com qualquer um que encontrasse no caminho”. “Os dias da existência terrena de Chiara – recordou o Cardeal – foram dias de caridade doada de mãos cheias. Ela transformou a dor em alegria, as trevas em luz, dando significado e sabor também ao tormento do seu fraco corpo. Na enfermidade ela se revelou mulher forte e sábia: “Vós sois o sal da terra e a luz do mundo””.
O purpurado, em seguida, falou de alguns episódios da vida de Chiara Luce que revelam a sua caridade para com o próximo. “Com apenas onze anos – recordou – ela se propõe a amar quem me parece antipático”. Quando convidava alguém para o almoço dizia para a mãe colocar a toalha mais bonita, “porque hoje Jesus vem nos encontrar”. Naquele lugar havia uma certa senhora Maria, uma mulher marginalizada, que não gozava de consideração alguma e não ia na Igreja. Chiara, sempre que a encontrava pela estrada, a ajudava a carregar os objetos pesados e chamava-a “senhora” Maria. Quando Maria soube da morte de Chiara, deseja ir na Igreja. Vestiu-se como se deve, participou da missa e deu como oferta quase cinqüenta mil liras, muito para aqueles tempos”. Um dia uma amiga perguntou a Chiara: “Com os amigos no bar, tu falas de Jesus, procuras passar alguma coisa de Deus?” “Não, não falo de Deus”. “Mas então, tu deixas escapar as ocasiões?” E ela: “Não conta tanto falar de Deus, eu devo dá-lO””.
A caridade de Chiara era a expressão da sua união com Cristo. “Com os seus atos de amor – disse o arcebispo – a nossa beata encheu a mala para a sua santa viagem. O amor a Jesus era vivido por ela quotidianamente em mil atos de caridade. Não propósitos ao vento, mas fatos concretos. A Gianfranco Piccardo, voluntário que partia para fazer trinta poços de água potável em Benin (África), doa as suas economias, um milhão e trezentos mil liras, presente do seu último aniversário, dizendo:” Eu não preciso deles, eu tenho tudo””.
A sua caridade também se manifestou nos últimos dias da sua vida. “Esta menina, de aparência frágil – acrescentou – na realidade era uma mulher forte. Também sobre o leito de morte fez um último dom, aquele das córneas ainda transplantáveis, porque não estavam contaminadas pelo mal. Foram implantadas e duas jovens hoje enxergam graças a ela”. Também os médicos ficaram maravilhados com o comportamento de Chiara diante da doença e do sofrimento. “Fora do comum, excepcional, incrível: são estes – concluiu o arcebispo – os adjetivos usados pelos seus médicos para descrever a serenidade e a coragem de Chiara diante da doença mortal. É verdade! A sua atitude era fora do comum, porque completamente sobrenatural, fruto da graça divina, de fé infinita e de heroísmo virtuoso. Ela falava do vestido de noiva para os seus funerais, como faria uma moça que se prepara para o matrimonio. Dizia: “Eu não choro, porque sou feliz”. E à mãe :”Quando quiseres me procurar, olha para o céu, me encontrarás numa estrelinha”. Chiara Lubich, explicando o nome “Luz” que lhe tinha dado, escreve que, vendo uma sua foto, a jovem “não tinha os olhos da simples alegria, mas alguma coisa a mais, diria a luz do Espírito””.
A sua memória litúrgica foi fixada para o dia 29 de outubro.
(L´Osservatore Romano, 26 de setembro de 2010 – Tradução do italiano por Pe. Raul Kestring)
Abaixo, a mesma matéria no idioma original:
Chiara Badano e la luce dello Spirito
sabato 25 settembre 2010
"La beata Chiara Badano è una missionaria di Gesù, un’apostola del Vangelo come buona notizia a un mondo ricco di benessere, ma spesso malato di tristezza e di infelicità. Ella ci invita a ritrovare la freschezza e l’entusiasmo della fede". Lo ha detto l’arcivescovo Angelo Amato, prefetto della Congregazione delle Cause dei Santi, presiedendo il rito di beatificazione della giovane focolarina (1971-1990), svoltosi sabato pomeriggio, 25 settembre, nel santuario romano del Divino Amore.
Davanti a migliaia di fedeli giunti da ogni parte del mondo e con i giovani in prima linea, monsignor Amato, in rappresentanza di Benedetto XVI, ha iscritto il nome di Chiara nell’albo dei beati. È la prima volta che un’appartenente al Movimento dei Focolari viene elevata all’onore degli altari.
"L’invito a ritrovare l’entusiasmo della fede – ha detto il presule – è rivolto a tutti, ai giovani anzitutto, ma anche agli adulti, ai consacrati, ai sacerdoti. A tutti è data la grazia sufficiente per diventare santi. Rispondiamo con gioia a questo invito di santità e ringraziamo Benedetto XVI per il dono della beatificazione della nostra Chiara Luce", come amava chiamarla la fondatrice dei Focolari Chiara Lubich. "Si tratta – ha proseguito – di un segno concreto della fiducia e della stima che il Papa ha nei giovani, nei quali vede il volto giovane e santo della Chiesa".
La spiritualità focolarina è stata vissuta dalla nuova beata in maniera esemplare. A questo proposito, l’arcivescovo ha sottolineato come "l’abito nuziale col quale Chiara andò incontro al Signore Gesù era impreziosito dai "sette diamanti" della spiritualità cristiana e focolarina: Dio Amore; fare la volontà di Dio; Parola di vita vissuta; amore verso il prossimo; amore reciproco che realizza l’unità; presenza di Gesù nell’unità". "Ma c’è – ha aggiunto – un settimo diamante, il più prezioso, che brilla più degli altri, ed è l’amore a Gesù Crocifisso e abbandonato". Questo – secondo Chiara Lubich – è "il cardine principe, che riassume la spiritualità focolarina e che la beata ha interpretato al meglio. L’amore a Gesù abbandonato le infuse quell’energia spirituale, quella grazia capace di sopportare ogni avversità".
Monsignor Amato ha poi ripercorso le tappe della malattia che colpì la giovane Chiara e che in poco tempo la condusse alla morte. "Colpita a sedici anni da osteosarcoma – ha detto – accetta la croce con dolore, ma con serena fortezza: "Non ho più le gambe e mi piaceva tanto andare in bicicletta, ma il Signore mi ha dato le ali". Soffriva, ma l’anima cantava. Rifiuta la morfina perché – diceva – "mi toglie lucidità e io posso offrire a Gesù soltanto il mio dolore". Alla fine di dicembre del 1989, quando la malattia la stava divorando, riceve da Chiara Lubich la "Parola di Vita": "Chi rimane in me ed io in lui, questi porta molto frutto" (Giovanni 15,5). Il 26 luglio dello stesso anno, la Lubich le dà un nome nuovo, "Luce". Nome indovinatissimo perché Chiara era un’esplosione di luce divina, che sorprendeva tutti, giovani e adulti. Diceva spesso: "Gesù è da amare e basta". E fin da piccola, fu generosissima nel corrispondere all’ideale dell’amore di Dio e del prossimo". Un’esistenza breve ma vissuta intensamente, durante la quale la nuova beata seppe testimoniare il Vangelo della carità verso chiunque incontrasse sulla sua strada. "I giorni dell’esistenza terrena di Chiara – ha ricordato il prefetto – furono giorni di carità donata a piene mani. Ella cambiò il dolore in gioia, le tenebre in luce, dando significato e sapore anche allo strazio del suo corpo debole. Nella malattia, ella si rivelò donna forte e sapiente: "Voi siete il sale della terra e la luce del mondo"".
Il presule ha poi proposto alcuni episodi della vita di Chiara Luce che rivelano la sua carità verso il prossimo. "Ad appena undici anni – ha ricordato – si propone di "amare chi mi sta antipatico". Quando invitava qualcuno a pranzo diceva alla mamma di mettere la tovaglia più bella, "perché oggi Gesù viene a trovarci". In paese c’era una certa signora Maria, una donna emarginata, che non godeva di nessuna considerazione e non andava mai in chiesa. Chiara, incontrandola spesso per strada, l’aiutava a portare gli oggetti pesanti e la chiamava "signora" Maria. Quando Maria seppe della morte di Chiara, volle andare in chiesa. Si vestì come si deve, partecipò alla messa e diede come offerta ben cinquantamila lire, molte per quei tempi". Un giorno un’amica domanda a Chiara: "Con gli amici al bar, ti capita di parlare di Gesù, cerchi di far passare qualcosa di Dio?". "No, non parlo di Dio". "Ma come, ti fai sfuggire le occasioni?": E lei: "Non conta tanto parlare di Dio. Io lo devo dare"".
La carità di Chiara era l’espressione della sua unione con Cristo. "Con i suoi atti d’amore – ha detto l’arcivescovo – la nostra beata ha anche riempito la valigia per il suo santo viaggio. L’amore a Gesù era da lei vissuto quotidianamente in mille episodi di carità. Non propositi al vento, ma fatti concreti. A Gianfranco Piccardo, volontario in partenza per scavare trenta pozzi d’acqua potabile in Benin, consegna i suoi risparmi, un milione e trecentomila lire, regalo per il suo ultimo compleanno, dicendo: "A me non servono, io ho tutto"".
La sua carità si manifestò anche negli ultimi giorni della sua vita. "Questa ragazza, all’apparenza fragile – ha aggiunto – in realtà era una donna forte. Anche sul letto di morte fece un ultimo dono, quello delle cornee ancora trapiantabili, perché non intaccate dal male. Furono espiantate e due giovani oggi vedono grazie a lei". Anche i medici rimasero meravigliati dal comportamento di Chiara di fronte alla malattia e alla sofferenza. "Innaturale, eccezionale, incredibile: sono questi – ha concluso il presule – gli aggettivi usati dai medici curanti per descrivere la serenità e la fortezza di Chiara di fronte alla malattia mortale. È vero. Il suo atteggiamento era innaturale, perché completamente soprannaturale, frutto di grazia divina, di fede infinita e di eroismo virtuoso. Lei parlava dell’abito di sposa per i suoi funerali, come farebbe una ragazza che si prepara per il matrimonio. Diceva: "Io non piango, perché sono felice". E alla mamma: "Quando mi vorrai cercare, guarda in cielo, mi troverai in una stellina". Chiara Lubich, spiegando il nome "Luce" che le aveva dato, scrive che, guardando una sua foto, la giovane "non aveva gli occhi della semplice gioia, ma qualcosa di più, direi la luce dello Spirito"". La sua memoria liturgica è stata fissata al 29 ottobre.
(©L’Osservatore Romano – 26 settembre 2010)