A Igreja do Brasil celebra neste sábado, 7, o centenário do Nascimento de Dom Helder Câmara.Uma referência para a Igreja de nosso País, Dom Helder foi um dos fundadores da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e da Conferência Episcopal Latino-Americana (CELAM), teve forte presença no Concílio Vaticano II e, são muitos os testemunhos sobre sua atuação para que o Concílio fosse acolhido e repercutisse no Brasil e na América Latina.“Todas as recordações que eu tenho é de uma pessoa de muita liderança“, lembra Padre Ernanne Pinheiro, assessor político da CNBB, que trabalhou ao lado de Dom Helder durante 19 anos, em Recife (PE), precisamente entre os anos de 1967 e 1986.Padre Ernanne conta que era muito fácil trabalhar com ele, porque ele era muito atencioso e se dispunha a fazer tudo o que lhe pediam. “Ele fazia tudo de madrugada, ‘amanhã cedo eu lhe mando’, ele dizia. Ele tinha o método de trabalhar de duas as quatro da manhã, depois dormir mais duas horas. Chamava de vigília“, recorda.Preocupação com os pobresConhecido por seu trabalho com os mais pobres, até hoje, inúmeras de suas iniciativas acontecem em todo o Brasil.O Cardeal Arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Pedro Scherer, lembra a preocupação de Dom Helder com os pobres do mundo, realidade que ele era convidado a falar em conferências e eventos de grande importância.“A opção preferencial pelos pobres era a necessidade de haver justiça no mundo e de que a pobreza pudesse ser superada. De fato a pobreza superada com dignidade. Dom Helder ajudou muito a divulgar a palavra do Concílio, sobre a questão da justiça, da paz, da superação da pobreza, da afirmação da dignidade humana e, por isso, podemos dizer que Dom Helder, certamente, foi um profeta que ajudou a Igreja e a humanidade, talvez no seu todo, a compreender melhor a importância da atenção aos pobres para que o mundo pudesse ter paz“, destacou o Cardeal.Padre Ernani lembra que o trabalho com os pobres começou quando, em 1955, o então Bispo de Lille, na França, Cardeal Achille Lienart, veio ao Brasil por ocasião do Congresso Eucarístico Internacional no Rio de Janeiro. Dom Lienart chamou Dom Helder e disse que ele teria que fazer alguma coisa com as favelas do Rio. “Foi aí que ele começou a Cruzada São Sebastião preparando apartamentos para tirar o pessoal das favelas“, explica.Diante das acusações de que era comunista, recorda Padre Ernani, Dom Helder mesmo dizia: “Quando eu cuidava dos pobres, eu era considerado santo, mas se eu perguntava por que existiam tantos pobres, então me chamavam de comunista“.ReconhecimentoDom Helder foi indicado quatro vezes para o Prêmio Nobel da Paz. Além disso, recebeu o Prêmio Martin Luther King, nos EUA e o Prêmio Popular da Paz, na Noruega e diversos outros prêmios internacionais.Recebeu títulos de doutor honoris causa em Direito e Teologia em várias universidades da Bélgica, da Suíça, Alemanha, Holanda, Itália, Canadá e Estados Unidos, além dos títulos que recebeu nas universidades brasileiras.Também, recebeu o título de Cidadão Honorário de 28 cidades brasileiras e duas estrangeiras: a cidade de São Nicolau na Suiça e Rocamadour, na França.Sobre Dom HelderDom Helder nasceu em Fortaleza (CE), no dia 7 de fevereiro de 1909 e faleceu no dia 28 de agosto de 1999, como arcebispo emérito de Olinda e Recife (PE).Desde sua juventude Dom Helder mostrou sua determinação e comprometimento com as realidades sociais. Foi ordenado sacerdote com apenas 22 anos de idade, após autorização especial da Santa Sé e aos 43 já era bispo auxiliar do Rio de Janeiro.No dia 12 de março de 1964 foi designado para ser arcebispo de Olinda e Recife (PE), função que exerceu até 2 de abril de 1985.
Site CNBB, 7 de fevereiro de 2009