“ Não havia lugar para eles na hospedaria” (Lc 2,7). Neste ano, escutando a narração evangélica do nascimento de Jesus, não se poderia pensar numa cidade como as nossas, onde parece que tudo está preparado para receber o Salvador: luzes, cantos, árvores enfeitadas, presépios, tudo muito lindo.
Será que de verdade as coisas mudaram? Será que se Jesus escolhesse chegar, novamente, neste Natal, com aspecto humano, seria recebido dessa forma tão alegre e acolhedora? Será que teríamos a capacidade de trocar aquela manjedoura com um berço bem confortável para Ele?
Tudo isso me fez lembrar o nascimento da pequena Danica, uma filipina que veio fechar o número da população mundial em sete bilhões de pessoas. Como Jesus, ela nasceu num casebre; o dela, situado na grande Manila, no meio da miséria, mas, por ter tido fama mundial, já nasceu com sorte: ganhará uma bolsa de estudo e seus pais, recursos para montar uma loja. Essa menina veio do céu! Por outro lado, seu nascimento suscitou polêmicas a respeito do crescimento demográfico do nosso planeta.
Na realidade, haveria espaço para todos neste mundo, se procurássemos aprofundar nosso conhecimento sobre a vida, sobre o sentido do nascimento de Jesus, de Danica e de tantas outras crianças que nasceram depois deles. Talvez fosse possível fazer a fome desaparecer do mundo, em que todos pudessem comer o necessário; isso seria possível se nós fossemos os primeiros a aceitar não nos fecharmos no comodismo e no egoísmo das nossas “hospedarias”, gritando que “Está tudo lotado”.
Querida Danica, talvez neste Natal o presente mais bonito seja você, porque nestas semanas de turbulências econômicas em nível internacional em que vivemos, você vem nos lembrar que os velhos sistemas econômicos e financeiros estão nos levando à beira de um abismo. Obrigado por você nos ajudar a olhar para além dos números catastróficos e a entender que o mais importante é mudar de vida. Queremos acolhê-la como um sinal de esperança, a esperança de um mundo que possa reconhecer que a vinda de uma criança é sinal de um Deus que ainda não se cansou de nós, seres humanos.
Feliz Natal
Dom José Negri, PIME
Bispo Diocesano de Blumenau
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