XXX Domingo do Tempo Comum – 24 de outubro de 2020 – Reflexão sobre a liturgia da Palavra

Tags

A abnegação, o esquecer-se de si e ter Deus em primeiro lugar e desejar ao próximo tudo de bom como se fosse para si próprio, manifestam de modo irrefutável nossa fé no Senhor Jesus e provocam a crença nos corações que nos observam

Padre César Agusuto, SJ – Vatican News

A primeira leitura, Êxodo 22,20-26 nos fala de como o Senhor é misericordioso e de como Ele está ligado ao pobre, ao sofredor. Podemos entender, por detrás das palavras desta perícope, a visão de um povo recém saído da opressão do Egito, imaginando uma sociedade solidária e onde o poder é para servir e não para oprimir. Os versículos 24,25 e 26 nos dizem que a vida e a dignidade estão acima da propriedade e da Lei, já que a solidariedade se tornará, na nova sociedade, a verdadeira Lei. Com essa afirmação nos questionamos sobre quais são nossos verdadeiros valores quando a questão é o dinheiro, o nosso dinheiro e, pior, se ele está envolvido com a sobrevivência, com a dignidade do pobre. Nesse ponto deveremos refletir sobre nossos deveres para com Deus quando se trata de nosso relacionamento com os empregados, dependentes (pessoas que dependem de nossa compreensão e abnegação para terem uma vida com dignidade).

Ouça e compartilhe
Tocamos em uma questão social, claro! Mas foi o Senhor, nosso Pai, que nos criou a todos como irmãos. A imagem do Senhor está gravada em nós, em nossos serviçais e dependentes. Existirem pessoas que vivem no luxo e outras, na miséria, é uma aberração diante de Deus e um contra testemunho diante dos demais, especialmente dos que não professam a mesma fé que professamos, crer que Deus é Pai bondoso. Não existe meritocracia! Se tive várias oportunidades, foi o Senhor que confiou em meu coração e inteligência para que eu abrisse as fontes de vida para os menos favorecidos.

O Evangelho, extraído de Mateus 22,34-40, apresenta o Mandamento do Amor como chave para o louvor a Deus. Os estudiosos da Bíblia, no tempo de Jesus, encontraram 613 mandamentos. E aí, qual o mais importante? Se todos estão na Bíblia, não seriam todos? Sabemos por relatos nos Evangelhos, que para muitos doutores judeus, o Sábado era o mais importante, daí criticarem Jesus por curar em dia de sábado. A caridade, para eles, não era o mais importante. E colocam essa questão para Jesus. O Senhor responde: recordando Deuteronômio 6, 5: “Portanto amarás a Iahweh teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda a tua força.” E acrescenta o amor ao próximo, já citado em Levítico 19, 18: “Não te vingarás e não guardarás rancor contra os filhos de teu povo. Amarás o teu próximo como s ti mesmo. Eu sou Iahweh.” Para Jesus esses dois mandamentos de amar se tornam um só.
Finalmente, a carta de Paulo aos Tessalonicenses 1,5-10, nos fala da importância do testemunho, mesmo em meio a tribulações. Trazer a público aquilo que está guardado no coração, é valorizar o testemunho, a vivência exemplar de nossos irmãos e incentivar nosso seguimento e o de outros ao martírio, ou seja, ao testemunho. E será desse modo a propaganda da fé, não através dos tradicionais meios de comunicação, mas através da ação do Espírito na vida das Comunidades.

Concluindo, as leituras de hoje nos propõe darmos testemunhos de nossa fé, primeiro através da solidariedade e depois através da vivência pacífica em meio a tribulações. Ou seja, a abnegação, o esquecer-se de si e ter Deus em primeiro lugar e desejar ao próximo tudo de bom como se fosse para si próprio, manifestam de modo irrefutável nossa fé no Senhor Jesus e provocam a crença nos corações que nos observam.

Padre César Augusto, SJ – Vatican News

Leia também...