Drogas: Como prevenir – Psicóloga Malena andrade

Tags

A Prevenção é uma das cinco dimensões da Pastoral da Sobriedade. Prevenção se faz, sobretudo, fornecendo informações, formação e apoio. Sempre lembro aqui da importância de compreender sobre o que estamos lidando, para amparados pelo conhecimento, ter uma estrutura maior no combate à dependência.

No caso do consumo de substâncias químicas e outras drogas de abuso, afirma-se que a prevenção é dirigida a quem nunca fez uso. Atualmente, os órgãos de saúde direcionam a prevenção àqueles que de alguma forma já experimentaram, mas não fizeram disso uma prática. Neste caso a Prevenção passa a ter um sentido de evitar que o indivíduo torne-se um consumidor habitual.

Aliado à Prevenção está a Promoção de Saúde, que vem tratar de condições de bem estar, de vida saudável, de corpo e mente sãos, produzindo um diálogo pautado em contextos que promovam a vida, sem discursar efeitos negativos, apenas enfatizando os positivos. A Promoção de Saúde é dinamizada com atividades físicas, exercícios de estímulos mentais, prática da boa alimentação, entre outros.

A Prevenção se apresenta de forma mais conscientizadora, que tem o propósito emergente de restaurar as condições de saúde, apresentando as consequências negativas do vício. Seu discurso é mais cru e chama a atenção aos efeitos causados pelo consumo, aos desgastes sociais, profissionais e familiares e se remete a uma atuação voltada ao resgate.

Tanto a Prevenção, quanto a Promoção de Saúde, requer responsabilidade social e coletiva, as quais dão condições básicas para que algo aconteça ou seja impedido de acontecer. Para ser eficiente um programa de prevenção precisa ser bem planejado, desenvolvido por um determinado período de tempo e ser avaliado continuamente. E, obviamente, deverá ainda formar pessoas para desenvolvê-lo, envolvendo os diversos segmentos da sociedade.

Segundo as diretrizes da Pastoral da Sobriedade, é fundamental, portanto, que a educação ofereça oportunidades para que crianças, adolescentes, jovens e adultos tenham experiências positivas, da alegria de conviver, servir e cultivar momentos e situações de felicidades. Os educadores e os pais, de modo particular, precisam educar para a liberdade com responsabilidade, e para a autonomia com uma metodologia que alie sabiamente ternura e firmeza.

Em se tratando de Prevenção, a Pastoral da Sobriedade alerta que dois extremos devem ser evitados: de um lado, a ausência ou omissão e o laxismo (tendência de fugir do dever, do compromisso, das regras e normas) – porque as crianças devem ter oportunidade de conhecer e aprender limites importantes já na infância, e, do outro lado, a super proteção e o rigor excessivo, porque não há amadurecimento das pessoas frente às dificuldades, tornando-as vulneráveis, ingênuas ou ainda inibidas.

A informação educativa deve ser sempre centrada na verdade, evitando sensacionalismo, exagero, ameaça e chantagem. A informação deve ser clara, direta e construtiva, destacando o sentido da vida, os valores da amizade, do respeito ao outro, do prazer focado nas construções de relacionamentos saudáveis em casa, na escola, no trabalho, etc.

Os Grupos de Auto Ajuda se enquadram na Prevenção, pois atendem além de familiares e dependentes, pessoas que já viveram de perto o problema das drogas e não sabem como lidar com a situação. Nestes encontros semanais, temos ainda a oportunidade de partilharmos nossas dificuldades, tirarmos dúvidas e o que é mais importante: praticarmos o exercício da oração, do encontro com Deus. É nessa perspectiva que, amparados pelo amor, temos condições de darmos conta da nossa sobriedade. Não apenas uma sobriedade de excessos químicos e de álcool, mas uma sobriedade de pecados, de maus pensamentos, de manias, de compulsões, de julgamentos, etc.

Às vezes, costumamos ver o problema só no outro. É muito difícil reconhecer que a mudança deve começar por nós. Para isso, vivenciamos o primeiro dos passos da Sobriedade que é o “ADMITIR” que temos vícios e pecados. Somos chamados à participação para que possamos aprender, conhecer e promover a mudança a partir de nós mesmos. O desafio é grande, mas basta que abramos o coração para que a graça seja concebida.

 Malena Andrade – Psicóloga assessora da Pastoral da Sobriedade da Diocese de Blumenau

Leia também...