Dom Murilo toma posse em Salvador

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Com a entrega do báculo, Dom Geraldo entregou a administração da Arquidiocese que esteve à frente nos últimos 12 anos

 Uma grande festa! Foi assim que o povo alegre e acolhedor da Bahia recebeu Dom Murilo Krieger, o seu novo arcebispo. Esse clima festivo pôde ser evidenciado na recepção de chegada no aeroporto, na noite do dia 22 de março, e na celebração em que tomou posse, no dia 25. Dom Murilo é o 27º arcebispo de Salvador, a primeira diocese do Brasil.

A celebração de posse foi realizada na Catedral Basílica, no Centro Histórico da capital baiana, na noite do dia 25 de março. Ela foi acompanhada por quatro cardeais e mais de 60 bispos, além de padres e diáconos de todos os cantos do Brasil. Autoridades políticas de Salvador e Santa Catarina também estiveram presentes. Destaque especial para os governadores dos dois Estados.

Fiéis lotaram a igreja e também puderam assistir a celebração por telões em uma capela interna ou em frente à catedral. Emissoras de TV católicas também transmitiram ao vivo toda a celebração. Cada momento foi intensamente registrado por dezenas de cinegrafistas, fotógrafos e reportes, que se amontoaram no pequeno espaço entre o altar e as autoridades, padres e convidados.

A posse foi precedida da procissão de entrada, em que os bispos, padres e diáconos que saíram da Igreja de São Domingos, na mesma praça da Catedral. Eles formaram um corredor, em que Dom Murilo, Dom Geraldo Magela Agnello – seu antecessor – e Dom Gregório Paixão, bispo auxiliar da Arquidiocese, seguiram até a Catedral.

Durante a solenidade de posse, Dom Geraldo fez a saudação a Dom Murilo. Emocionado, ele disse que deixa o cargo, que ocupou nos últimos 12 anos, com a sensação de missão cumprida. “O que deveria ter feito, acredito que fiz com todo respeito, amor e dedicação”, disse.

Sobre a vinda de Dom Murilo, disse saber que “não faltará luz e graça para o pastoreio que agora assume”. Ele ainda falou que estava muito feliz pelo Papa o ter escolhido para representá-lo na beatificação de Irmã Dulce, benemérita que possui uma importante obra social na capital baiana.

Em seguida, Dom Lorenzo Baldisseri, Núncio Apostólico, representante do Papa no Brasil, tomou a palavra. Ele falou do legado de Dom Geraldo. “A Igreja no Brasil lhe será sempre grata. A vida dos cristãos nessa terra foi dignificada”. Sobre o pastoreio de Dom Murilo, disse que ele poderá contar sempre com o auxílio de Dom Geraldo, auxiliando-o na condução do rebanho.

Pai, irmão e amigo

Na sequência, Dom Murilo recebeu de Dom Geraldo e de Dom Lorenzo o báculo, símbolo da posse da Arquidiocese, e sentou-se na cadeira episcopal. Em sua homilia, Dom Murilo falou do seu antecessor. “Em sua pessoa, sempre me impressionaram a bondade e o senso de equilíbrio. Sua permanência em Salvador, após deixar o governo da Arquidiocese, assegura-me que terei, perto de mim, o apoio de um amigo e a ajuda de um colaborador eficaz”.

Dom Murilo também falou dos bispos e arcebispo que o antecederam, e dos que conviverá no Regional Nordeste 3 da CNBB. Lembrou dos presbíteros, diáconos e religiosos de Salvador. Segundo ele, em sua experiência, a maior parte do que um Bispo consegue realizar em sua Diocese, é por meio de seus sacerdotes. “Procurarei ser seu pai, seu irmão mais velho, seu amigo”.

“É com muita emoção que tomo posse na cidade que, além de ser a primeira diocese do Brasil, presta em seu nome uma homenagem a Jesus Cristo”. Ao final, ele confiou o seu ministério episcopal ao Senhor do Bonfim e à Nossa Senhora da Praia, dois santos muito queridos dos baianos, e foi ovacionado.

Homenagens

Após a comunhão, uma leiga fez a saudação ao novo arcebispo em nome de todos os leigos da Arquidiocese. Ela falou da disposição deles em auxiliá-los em seu episcopado. Cônego Edson Menezes da Silva, fez um longo discurso em nome dos padres. “Sinta-se acolhido e já muito amado por cada um de nós”, disse.

Ao final, Pe. Valter, pároco da Paróquia Santo Amaro da Purificação, fez a leitura da ata de posse do novo arcebispo, que foi assinada por Dom Murilo.

Ao final da solenidade, os convidados se dirigiram para o Centro de Eventos da Cúria Metropolitana. Lá, foram recepcionados e receberam toda a costumeira atenção de Dom Murilo, que calmamente posou para fotos. Eles ainda puderam degustar de um coquetel oferecido pela Arquidiocese de Salvador.

Desafios da nova missão

Para Dom Geraldo Magela Agnelo, arcebispo emérito de Salvador e que a administrou por 12 anos, os maiores desafios de Dom Murilo estão no campo social. “O combate à pobreza, miséria, falta de emprego e a moradia deficiente, certamente são hoje os maiores desafios da Arquidiocese de Salvador”, disse Dom Geraldo. Mas acredita que Dom Murilo tem condições de lidar e superar esses desafios.

Quanto ao sincretismo religioso, Dom Geraldo não acredita que isso se configurará como um grande desafio. Segundo ele, tendo a oportunidade de analisar, ele vai compreender e saberá como lidar. “É uma realidade bastante diferente para quem vem do sul, mas como eu também vim e me adaptei, Dom Murilo, como homem de comunicação, terá ainda mais facilidades”, acrescentou.

Mais distante da família

Um misto de tristeza e alegria. É assim que pode ser traduzido o sentimento da família de Dom Murilo. Tristeza porque ele agora estará bem mais longe de seus familiares, que, em sua maioria, residem em Florianópolis e Brusque, sua terra natal. E alegria pelo ministério que está assumido.

“Quando recebi a informação, tive uma atitude de espanto, incredulidade e tristeza, que são atitudes egoístas. Afinal, o tínhamos tão perto depois de tanto tempo ele estando longe – agora mais longe ainda”, disse Maria Teresinha Merico, uma das três irmãs e um irmão de Dom Murilo, todos presentes a celebração.

Segundo ela, analisando melhor, viu que ele é um padre para a Igreja. “O baiano é um povo bom e merece atenção. Com certeza Dom Murilo vai realizar o seu trabalho com amor, carinho e a dedicação que eles merecem”, disse.

A saudade ficará mais forte porque a família já estava acostumada com a sua presença. Eram freqüentes os encontros familiares, que agora certamente serão mais raros. “Já passamos por isso antes. Agora vamos valorizar ainda mais os momentos que passarmos juntos”, disse Teresinha.

Como o povo baiano recebe o novo arcebispo?

“Com alegria, por saber que é um bispo com longa experiência, e expectativa, por estar em uma realidade bastante diversa do sul. Mas pelo pouco que li e ouvi dele, já inspirou grande confiança. A certeza de que é um eleito do Senhor, e sendo Ele fiel, dá os justos para que cuide do seu rebanho”, Elenita França, leiga consagrada da Comunidade Verbo de Vida.

“Como uma graça, um presente de Deus para a nossa Arquidiocese. Já no primeiro momento percebemos que se tratava de um mimo de Deus para nós. Sabemos que fará um excelente trabalho e o nosso desejo é colaborarmos para que ele exerça o seu ministério”, Dom Gregório Paixão, bispo auxiliar da Arquidiocese de Salvador.

“Muita felicidade, sobretudo por também ser um religioso, que tem uma formação mais austera. Como é um homem do povo e de comunicação, estará bastante aberto ao diálogo, a conhecer, entender e apoiar as muitas espiritualidades presentes na Arquidiocese”, Irmã Rita Maria da Sagrada Paixão, Fraternidade Arca de Maria.

Clique aqui para ver fotos da celebração…

(Texto: Jornalista Zulmar Faustino)

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