Dia 27 de março de 2023
Segunda-feira da 5ª Semana da Quaresma
EVANGELHO
Quem dentre vós não tiver pecado, seja
o primeiro a atirar-lhe uma pedra.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João 8,1-11:
Naquele tempo,
1
Jesus foi para o monte das Oliveiras.
2
De madrugada, voltou de novo ao Templo.
Todo o povo se reuniu em volta dele.
Sentando-se, começou a ensiná-los.
3
Entretanto, os mestres da Lei e os fariseus
trouxeram uma mulher surpreendida em adultério.
Colocando-a no meio deles,
4
disseram a Jesus:
“Mestre, esta mulher foi surpreendida em
flagrante adultério.
5
Moisés na Lei mandou apedrejar tais mulheres.
Que dizes tu?”
6
Perguntavam isso para experimentar Jesus
e para terem motivo de o acusar.
Mas Jesus, inclinando-se,
começou a escrever com o dedo no chão.
7
Como persistissem em interrogá-lo,
Jesus ergueu-se e disse:
“Quem dentre vós não tiver pecado,
seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra”.
8
E tornando a inclinar-se,
continuou a escrever no chão.
9
E eles, ouvindo o que Jesus falou,
foram saindo um a um,
a começar pelos mais velhos;
e Jesus ficou sozinho,
com a mulher que estava lá, no meio, de pé.
10
Então Jesus se levantou e disse:
“Mulher, onde estão eles?
Ninguém te condenou?”
11
Ela respondeu: “Ninguém, Senhor”.
Então Jesus lhe disse:
“Eu também não te condeno.
Podes ir, e de agora em diante não peques mais”.
Palavra da Salvação.
Comentário do dia
São João Paulo II (1920-2005)
papa
Mulieris dignitatem, cap. 5 (trad. © Libreria Editrice Vaticana)
«Quem de entre vós estiver sem pecado, atire a primeira pedra»
Cristo sabe o que há no homem (cf Jo 2,25), no homem e na mulher. Conhece a dignidade do homem, o seu valor aos olhos de Deus. Ele mesmo, Cristo, é a confirmação definitiva deste valor. Tudo o que diz e faz tem o seu cumprimento definitivo no mistério pascal da redenção. O comportamento de Jesus a respeito das mulheres que encontra ao longo do caminho do seu serviço messiânico é um reflexo do desígnio eterno de Deus, o qual, tendo criado cada uma delas, a escolhe e a ama em Cristo (cf Ef 1,1-5). […] Jesus de Nazaré confirma esta dignidade, recorda-a, renova-a e faz dela um conteúdo do Evangelho e da redenção, para a qual foi enviado ao mundo. […]
Jesus entra na situação concreta e histórica da mulher, situação sobre a qual pesa a herança do pecado. Esta herança exprime-se, entre outras coisas, no costume que discrimina a mulher em favor do homem, e está enraizada também dentro dela. Deste ponto de vista, o episódio da mulher «surpreendida em adultério» (Jo 8,3) é particularmente eloquente. No final, Jesus diz-lhe: «Não tornes a pecar»; mas primeiro desperta a consciência do pecado nos homens. […] Jesus parece dizer aos acusadores: esta mulher, com todo o seu pecado, não é talvez também, e antes de tudo, uma confirmação das vossas transgressões, da vossa injustiça «masculina», dos vossos abusos? Esta verdade é válida para todo o género humano. […]
A mulher é deixada só, é exposta diante da opinião pública com «o seu pecado», enquanto por trás deste «seu» pecado se esconde um homem pecador, culpado pelo pecado de outrem, antes, corresponsável pelo mesmo. E, no entanto, o seu pecado escapa à atenção, passa sob silêncio. […] Quantas vezes a mulher paga pelo próprio pecado, mas só ela paga e paga sozinha! Quantas vezes é abandonada na sua maternidade, quando o homem, pai da criança, não quer aceitar as suas responsabilidades! E ao lado das numerosas «mães solteiras» das nossas sociedades, é preciso tomar em consideração também todas aquelas que, muitas vezes, sofrendo diversas pressões, inclusive da parte do homem culpado, «se livram» da criança antes do seu nascimento. «Livram-se» dela, mas a que preço?
Intenção para este mês de março de 2023 sugerida pelo Papa Francisco
PELAS VÍTIMAS DE ABUSOS
Rezemos por quantos sofrem por causa do mal cometido por parte de membros da comunidade eclesial: para que encontrem na própria Igreja uma resposta concreta às suas dores e aos seus sofrimentos.