4º Passso da Sobriedade: ARREPENDER-SE – Que eu possa reconhecer minhas falhas para fazer diferente

Neste ciclo procuramos voltar uma atenção maior à família, como já mencionamos antes, e continuaremos insistindo até que ele se finde. O principal propósito consiste em tratar do investimento desses valores que tem se desestruturado com muita facilidade diante dos fatos e acontecimentos atuais. A família de hoje sucumbiu à fragmentação com tantas separações, desquites e divórcios. À princípio, o casamento passou a ter, para muitos, um sentido de formalização que poderia ser desfeito com a mesma simplicidade que fora realizado, afinal parece ter significado apenas um evento.

O casamento ganhou prestígio social e mercadológico. As cerimônias se tornaram cada vez mais exuberantes e quanto mais pompa, mais deslumbre sobre as vestimentas, mais fascínio desperta nas pessoas que deste ritual participa, tomando para si o desejo de estar um dia sendo a razão deste acontecimento. A nossa Igreja procura orientar através dos cursos de noivos, todavia, com uma duração curta demais para colocar na cabeça dos participantes o verdadeiro sentido da bênção dessa união. Mas, se uma pessoa não é um ser que vive a sua prática religiosa, que não comunga dos princípios da Igreja, que não participa, que não vive a experiência cristã, não conseguirá compreender o sentido de se estar em frente ao altar.

E então surge o questionamento: Como se precaver para que não se aconteça o rompimento dessa união? É obvio que não temos domínio sobre o futuro, mas se pensamos que um casamento pode acontecer em função da necessidade de realizar-se usando um vestido de noiva ou da necessidade de apresentar pra sociedade um filho no altar, ou ainda de dar satisfações aos familiares, que fim pode-se esperar? A relação está sendo percebida de forma simplória, que pode ser rompida em razão do menor conflito. O relacionamento ganhou essa vestimenta do descaso, afinal vive-se a época de consolar o rompimento de um relacionamento apostando em outro e se não der certo, em outro e outro e outro. Não é assim?

Esse tema é muito polêmico porque colocar essa questão para um casal que quer se casar na Igreja, “conforme manda o figurino”, significa levantar sobre uma educação que não quer ser mexida neste momento. A família em peso acredita que se deve aproveitar a oportunidade para ver se o casal consegue aproximar-se um pouco desses valores. Mas como isso pode acontecer se não foi ensinado a esses pobres jovens que a união começa em oração na infância, na adolescência e não quando já estão adultos de véu, grinalda e fraque na porta da Igreja.

No entanto, a pergunta que não quer calar é: o que tudo isso tem a ver com o passo que estamos vivenciando hoje? Este é momento para refletirmos sobre a nossa união. O que ela representa em nossa vida. Onde se pauta a nossa felicidade? Na sedimentação do relacionamento, mesmo que com conflitos, com o enfrentamento das dificuldades, com o esforço e empenho diário na educação dos filhos, com o cansaço e desgaste dessa mesma relação, desembocando num sentimento diferente do que fora quando começou ou o que tem importância máxima é essa necessidade de prazer que não considera a participação do outro? Será que o que tem a ver realmente é essa satisfação frívola e inconstante a ponto de não se saber o quer mais dentro dessa família?

Que tipo de construção carregamos para dentro do nosso lar? O que temos a ver com tudo o que está acontecendo dentro dela? Qual é a nossa contribuição? É importante encarar os fatos e reconhecer as nossas falhas como pai, como mãe, como filhos, como esposo e esposa. Já colocamos aqui que é muito mais fácil atribuir os perrengues da discórdia aos outros que estão convivendo no mesmo barco, mas será que estamos nos deixando levar pela correnteza do bem? Fizemos o movimento de admitir, mas só isso não basta. Admitindo a gente se desilude, porque imaginávamos que estávamos na direção certa, quando nos chocamos contra as pedras da desunião. E logo veio o abismo que separou a todos dentro desse espaço, que mais parece um labirinto onde a família não se encontra mais, nem mesmo à hora da refeição.

Portanto, é nessas condições que devemos nos reportar àquilo que foi dito na hora das promessas da união. É preciso reaprender a confiar, a acreditar na força dessas palavras, por que elas foram apresentadas para o casal. E embora tenham tido pouca ou nenhuma noção do que estava sendo impresso neles, essa bênção ainda existe e deve se valer dela. Mas é necessário ir lá beber da fonte. Confiar na sua veracidade não quer dizer esperar que as coisas caiam do céu. O casamento firmado no altar deve ser vivido a todo instante. Aquelas palavras ali proferidas devem ecoar nos ouvidos diariamente. Infelizmente, os ouvidos tornam-se surdos aos apelos do companheiro e da companheira.

Façamos hoje uma avaliação da nossa vida em família. Pode acontecer a possibilidade de um se dar conta de tudo isso mais cedo que o outro, e às vezes colocar-se nesse momento termina gerando mais conflitos do que se não tivesse falado nada. Se com as nossas palavras não conseguimos convencer, que seja então com a nossa prática. A nossa mansidão pode vir a falar mais que as palavras. Por isso é tão importante entregar esses desafios nas mãos de Deus, para que Ele possa envolver nossa família e transformá-la através de nós, da nossa dedicação, da nossa crença e da nossa transformação.

E aí chegamos ao ponto de nos colocarmos diante do Pai e pedirmos: – Se é para ser moldado, que comece por mim, Senhor. Que eu possa enxergar onde errei, que eu possa confiar nas bênçãos que a mim foram direcionadas, que eu possa viver e praticar o Teu amor, mas acima de tudo que eu possa reconhecer minhas falhas para fazer diferente. Que eu possa no reconhecimento me arrepender, e humilhado crescer diante de Teus olhos. Que o meu arrependimento possa gerar também o arrependimento dos demais, pois eu mereço a minha família inteira, não aos pedaços.

 Malena Andrade – Psicóloga assessora da Pastoral da Sobriedade da Diocese de Blumenau

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