No domingo dentro da Oitava do Natal ou, se não houver, no dia 30 de dezembro, é celebrada a Festa de Jesus, Maria e José – a Sagrada Família. Trata-se de celebração muito oportuna, especialmente nos tempos atuais, em que a instituição tradicional da família – entendida cristãmente, ou seja, estruturada em torno do casamento monogâmico e indissolúvel – padece de grave crise.
Com efeito, o divórcio, o aborto e mais recentemente o chamado “casamento homossexual”, vêm entrando livre e impunemente nas legislações de todo o mundo. E há legislações que não somente permitem tais aberrações mais, indo ainda mais longe, prevêem punições para quem, em nome da Lei de Deus, se opuser a elas!
Com isso se inverte a ordem natural das coisas e se viola gravemente a justiça. Deus, como Criador, tem o direito de ser obedecido pelos indivíduos, pelas sociedades, pelas nações. Numa época em que tanto se fala, o mais das vezes abusivamente, de direitos humanos, por que ninguém, ou quase ninguém, se lembra dos direitos de Deus?
O projeto de Deus para a redenção de toda a humanidade tem como centro a encarnação do seu Filho como homem vivendo entre nós. Quis que seu amado Filho fosse o exemplo de tudo. Por isso ele foi acolhido no seio de uma verdadeira família. Uma humilde e honrada família, ligada pela fé e os bons costumes. Ele escolheu, seus anjos agiram e a Sagrada Família foi constituída.
Deus Pai enviou Jesus com a natureza divina e a natureza humana: o Verbo encarnado, trazendo a sua redenção para todos os seres humanos. Ou seja: a salvação do ser humano somente se dá através de Jesus, quem crer e seguir terá a vida eterna no Reino de Deus.
Assim, Jesus nasceu numa verdadeira família para receber tudo o que necessitava para crescer e viver, mesmo sendo muito pobre. Maria, José e Jesus são o símbolo da verdadeira família idealizada pelo Criador.
A única diferença, que a tornou a “Sagrada Família”, foi a sua abnegação, a aceitação e a adesão ao projeto de Deus, com a entrega plena às suas disposições. Mesmo assim, não perderam sua condição humana, imprescindível para que todas as profecias se cumprissem. A família residiu em Nazaré até que Jesus estivesse pronto para desempenhar sua missão.
Lá, Jesus aprendeu a andar, correr, brincar, comer, rezar, cresceu, estudou, foi aprendiz e auxiliar de seu pai adotivo, José, a quem amava muito e que por ele era muito amado também. Foi um filho obediente à mãe, Maria, e demonstrou isso já bem adulto, e na presença dos apóstolos, nas bodas de Caná, quando, a pedido de Maria, operou o milagre do vinho.
Quando o Messias começou a trilhar os caminhos, aldeias e cidades, pregando o Evangelho, era reconhecido como o filho de José, o carpinteiro da Galiléia. Até ser identificado como o Filho de Deus aguardado pelo povo eleito, Jesus trabalhou como todas as pessoas fazem. Conheceu as agruras dos operários, suas dificuldades e o suor necessário para ganhar o pão de cada dia.
Essa família é o modelo de todos os tempos. A família deve ser criada no amor, na compreensão, no diálogo, com consciência de que haverá momentos difíceis e crises formais. Só a certeza e a firmeza nos propósitos da união e a fé na bênção de Deus recebida no casamento fará tudo ser superado. Pedir esse sacramento à Igreja é uma decisão de grande responsabilidade, ainda maior nos novos tempos, onde tudo é passageiro, fútil e superficial.
Esta celebração serve para que todas as famílias se lembrem da humilde Sagrada Família, que mudou o rumo da humanidade. Ela representa o gesto transcendente de Deus, que se acolheu numa família humana para ensinar o modo de ser feliz: amar o próximo como a nós mesmos.
A Igreja comemora a festa da Sagrada Família em data móvel, no domingo após o Natal, ou, alternativamente, no dia 30 de dezembro.
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