“É mais fácil Deus conter a ira do que a Misericórdia”. A essas palavras de Santo Agostinho o Papa acrescenta: “É mesmo assim! A ira de Deus dura um instante, ao passo que a sua misericórdia é eterna” (MV, n. 21). Como é consolador ouvir isso! É ainda mais consolador experimentá-lo e constatar que é verdade.
No documento em que proclama o Jubileu Extraordinário da Misericórdia (n. 20), o Papa fala da relação entre a misericórdia e a justiça. Lembra que para superar uma visão legalista de justiça, “seria preciso ter presente que, na Sagrada Escritura, a justiça é concebida como um abandonar-se confiante à vontade de Deus”; é o ser humano deixar de ser o próprio centro porque “o seu centro e a sua essência são sempre o mesmo: o Deus que manifestou o seu amor imenso em Cristo morto e ressuscitado” (EG, n. 11). Jesus usa da misericórdia para buscar os pecadores e oferecer perdão e salvação: Jesus quer trilhar com cada um de nós um caminho de misericórdia!
“A misericórdia não é contrária à justiça, mas exprime o comportamento de Deus para com o pecador, oferecendo-lhe uma nova possibilidade de se arrepender, converter e acreditar” (MV, n. 21). A misericórdia contém um apelo: “Convertei-vos e crede no Evangelho porque o Reino de Deus está próximo” (cf. Mc 1, 15). É uma trilha que passa pela conversão e leva ao Reino. Sempre “um caminho”, uma “peregrinação”. É a “poderosa energia” do mistério da ressurreição (cf. CIC n. 1169) que ressuscitou Cristo e nos fará novos e eternos com vida plena.
Misericórdia não significa que tudo passa a ser permitido; não é o reino do “Laissez-faire”, do “deixar à vontade”, do “passar a mão na cabeça”, do “fazer vistas grossas”, da “complacência” consigo ou com os outros. É a certeza de que Cristo é “o Caminho” que leva à Vida, às Bem-aventuranças, passando por um processo pascal!
Nossa Diocese, com apenas 15 anos, quer seguir com um ardor cada vez mais intenso essa trilha para cruzar a “Porta Santa” da misericórdia, levando consigo crianças, jovens e adultos – multidões! – numa verdadeira História de Salvação.
Dom João Francisco Salm
Administrador Apostólico da Diocese de Blumenau