O homem se foi. Levou consigo o carinho do povo brasileiro. Não sou católico. Não deveria ter nada com isso. Mas tenho. Em primeiro lugar, porque respeito as crenças. Todas elas. Depois, porque respeito a figura do Papa. É inegável o impacto que ele tem no mundo. Positivo ou negativo.
Também respeito o ser humano por trás do papa Francisco. É um jesuíta franciscano. Combinação exótica, quase impossível. Duas ordens derivadas dos filósofos eclesiásticos que mais admiro. E, ao que consta, e ao que pudemos ver nesta breve estada, ele é coerente com as suas duas doutrinas.
Por último, e não menos importante, ele tem sido a prova de que um líder que tem vontade de mudar as coisas pode fazer isso. Ele nos mostrou que pode ser coerente com o que prega. Ele devolveu a simplicidade, com ternura e firmeza, à sua condição de virtude.
Mais que isso, ele mostrou que a virtude deve ser perseguida. Que todos admiramos pessoas virtuosas, não admiramos apenas espertos, malandros e gente que chega ao sucesso passando por cima de tudo. Um resgate da honra, da ética, da dignidade humana. Uma lição de liderança baseada no exemplo, no esforço, na dedicação e no sacrifício.
Um grande exemplo para nossos líderes, que se acovardam frente aos problemas. Que usam desculpas como a governabilidade, o consenso, a necessidade de acordos, para não serem virtuosos. Para não fazer bem feito. Para não fazer da forma correta. Para não se esforçarem, não se sacrificarem por nós. As ruas disseram isso. É isso que queremos. Boa hora para uma figura como o Papa passar por aqui.
Volte sempre, papa Francisco! Que você nos inspire. É isso que queremos e esperamos dos líderes.
CARLO ENRICO BRESSIANI|Professor universitário