Hoje em dia precisamos da intervenção da Igreja na problemática das drogas. Ela tem uma insubstituível missão nesse campo e reconhece que precisa atuar firmemente, combatendo naquilo que lhe compete, enquanto ação fundamental na vida de seus fieis e de seus filhos mais dispersos.
Se pensarmos na pregação de Jesus, hoje, como há dois mil anos atrás, suas chances de aceitação seriam poucas e haveria inúmeras resistências ao seu projeto. Sabemos que os obstáculos, hoje, são muitos; mas, assim como Jesus semeou a sua palavra e ela ainda está frutificando, temos a certeza de que a nossa ação evangelizadora, não apenas por meio de pregação, mas pelo serviço, pelo amor e pela caridade, garante-nos que podemos olhar para a frente, e mesmo percebendo a fadiga do trabalho, é certa a colheita do amanhã.
Nesse sentido, a Igreja investe no serviço, no diálogo, no anúncio do evangelho e na comunhão com o Cristo. Ela se renova e mantém viva e perseverante a fidelidade à Eucaristia e à Oração, perpetuando unidade na diversidade. O diálogo sobre os fatos atuais possibilita a aceitação e o respeito às diferenças. A Pastoral da Sobriedade empenha-se numa atividade pastoral concreta, partilhando na vivência solidária os difíceis caminhos percorridos pelos dependentes e familiares.
Embora tenha sido criada recentemente (1998), comparada a outras pastorais, a PS cedo se lançou ao desafio de atuar em cinco dimensões: prevenção, intervenção, recuperação, reinserção familiar e social e atuação política. Com essa abrangente proposta, busca implementar ações de serviço que promovam a vida, em comunhão com os irmãos, acolhendo a todos sem distinção, através do diálogo, com o amor do Pai, anunciando a ação de Deus, que abre literalmente as portas da prisão (At 5,19) e devolve a liberdade.
A PS visa manter a integração das demais pastorais no apoio ao resgate da juventude, e entende como prioridade a formação de novos integrantes dessa luta, capacitando a agentes todos aqueles que se sensibilizam com a causa. Devemos nos sentir convidados a sermos sacramentos vivos e repetirmos os gestos do Pai que estende a mão ao filho pródigo.
Precisamos de um envolvimento maciço, capaz de criar redes cada vez mais compactas que possam envolver nossos jovens, produzindo a experiência do amor. Temos diversos grupos que atuam com a juventude, mas a maioria dessa juventude traz sua espiritualidade mais espontânea, produzida provavelmente pela educação familiar, por sua prática religiosa de berço.
Em contrapartida, os jovens que estão lá fora, no mundo das drogas, vivem o distanciamento dessa experiência cristã. Como convertê-los? Como resgatá-los? Como aproximá-los destes outros jovens para que possam se deixar seduzir pelas novas vivências espirituais? Que cuidado precisamos ter para que o contrário não aconteça e percamos os jovens que aqui já se encontram? O que podemos fazer para não perdermos mais jovens para as drogas?
Todas estas perguntas nos fazem sentir pequeninos diante da imensidão da tarefa, e quando há obreiros, a messe não diminui, mas torna-se mais resistente. Neste meu recado de hoje, o convite é para você, que mesmo tendo muita ocupação no seu dia-a-dia, reconhece que ainda pode fazer um pouquinho mais pelo seu irmão. O convite é direcionado a você que acredita que a experiência cristã é fundamental nesse resgate e que você pode ser o instrumento. Você é convidado a ser a rede. Vamos lá?
Malena Andrade – Psicóloga, assessora da Pastoral da Sobriedade da Diocese de Blumenau