Terça-feira, 4 de Abril de 2023
Semana Santa
Leituras:
Is 49,1-6
Sl 70(71),1-2.3-4a.5-6ab.15.17 (R. 15)
Jo 13,21-33.36-38
PRIMEIRA LEITURA
Eu te farei luz das nações, para que minha salvação chegue até aos confins da terra.
(Segundo canto do Servo do Senhor).
Leitura do Livro do Profeta Isaías 49,1-6:
1
Nações marinhas, ouvi-me,
povos distantes, prestai atenção:
o Senhor chamou-me antes de eu nascer,
desde o ventre de minha mãe
ele tinha na mente o meu nome;
2
fez de minha palavra uma espada afiada,
protegeu-me à sombra de sua mão
e fez de mim uma flecha aguçada,
escondida em sua aljava,
3
e disse-me:
“Tu és o meu Servo, Israel,
em quem serei glorificado”.
4
E eu disse:
“Trabalhei em vão,
gastei minhas forças sem fruto, inutilmente;
entretanto o Senhor me fará justiça
e o meu Deus me dará recompensa”.
5
E agora diz-me o Senhor
– ele que me preparou desde o nascimento
para ser seu Servo –
que eu recupere Jacó para ele
e faça Israel unir-se a ele;
aos olhos do Senhor esta é a minha glória.
6
Disse ele:
“Não basta seres meu Servo
para restaurar as tribos de Jacó
e reconduzir os remanescentes de Israel:
eu te farei luz das nações,
para que minha salvação
chegue até aos confins da terra”.
Palavra do Senhor.
Salmo responsorial
Sl 70(71),1-2.3-4a.5-6ab.15.17 (R. 15)
R. Minha boca anunciará vossa justiça.
1
Eu procuro meu refúgio em vós, Senhor: *
que eu não seja envergonhado para sempre!
2
Porque sois justo, defendei-me e libertai-me! *
Escutai a minha voz, vinde salvar-me! R.
3
Sede uma rocha protetora para mim, *
um abrigo bem seguro que me salve!
Porque sois a minha força e meu amparo, †
o meu refúgio, proteção e segurança!
4a
Libertai-me, ó meu Deus, das mãos do ímpio. R.
5
Porque sois, ó Senhor Deus, minha esperança, *
em vós confio desde a minha juventude!
6a
Sois meu apoio desde antes que eu nascesse, *
b
desde o seio maternal, o meu amparo. R.
15
Minha boca anunciará todos os dias *
vossa justiça e vossas graças incontáveis.
17
Vós me ensinastes desde a minha juventude, *
e até hoje canto as vossas maravilhas. R.
Aclamação ao Evangelho
R. Honra, glória, poder e louvor
a Jesus, nosso Deus e Senhor!
V. Salve, ó rei, obediente ao Pai,
vós fostes levado para ser crucificado,
como um manso cordeiro é conduzido à matança.
EVANGELHO
Um de vós me entregará…
O galo não cantará
antes que me tenhas negado três vezes.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João 13,21-33.36-38:
Naquele tempo,
estando à mesa com seus discípulos,
21
Jesus ficou profundamente comovido e testemunhou:
“Em verdade, em verdade vos digo,
um de vós me entregará”.
22
Desconcertados,
os discípulos olhavam uns para os outros,
pois não sabiam de quem Jesus estava falando.
23
Um deles, a quem Jesus amava,
estava recostado ao lado de Jesus.
24
Simão Pedro fez-lhe um sinal
para que ele procurasse saber
de quem Jesus estava falando.
25
Então, o discípulo,
reclinando-se sobre o peito de Jesus,
perguntou-lhe:
“Senhor, quem é?”
26
Jesus respondeu:
“É aquele a quem eu der o pedaço de pão
passado no molho”.
Então Jesus molhou um pedaço de pão
e deu-o a Judas, filho de Simão Iscariotes.
27
Depois do pedaço de pão,
Satanás entrou em Judas.
Então Jesus lhe disse:
“O que tens a fazer, executa-o depressa”.
28
Nenhum dos presentes compreendeu
por que Jesus lhe disse isso.
29
Como Judas guardava a bolsa, alguns pensavam
que Jesus lhe queria dizer:
“Compra o que precisamos para a festa”,
ou que desse alguma coisa aos pobres.
30
Depois de receber o pedaço de pão,
Judas saiu imediatamente.
Era noite.
31
Depois que Judas saiu,
disse Jesus:
“Agora foi glorificado o Filho do Homem,
e Deus foi glorificado nele.
32
Se Deus foi glorificado nele,
também Deus o glorificará em si mesmo,
e o glorificará logo.
33
Filhinhos,
por pouco tempo estou ainda convosco.
Vós me procurareis,
e agora vos digo, como eu disse também aos judeus:
‘Para onde eu vou, vós não podeis ir'”.
36
Simão Pedro perguntou:
“Senhor, para onde vais?”
Jesus respondeu-lhe:
“Para onde eu vou,
tu não me podes seguir agora,
mas me seguirás mais tarde”.
37
Pedro disse:
“Senhor, por que não posso seguir-te agora?
Eu darei a minha vida por ti!”
38
Respondeu Jesus:
“Darás a tua vida por mim?
Em verdade, em verdade te digo:
o galo não cantará
antes que me tenhas negado três vezes”.
Palavra da Salvação.
Comentário do dia
São João Crisóstomo (c. 345-407)
presbítero de Antioquia, bispo de Constantinopla, doutor da Igreja
Homilias sobre a conversão pronunciadas aquando do seu regresso do campo, n.°1
«Judas […] saiu imediatamente. Era noite.»
Judas exprimiu o seu arrependimento: «Pequei ao entregar sangue inocente» (Mt 27, 4). Mas o demónio, ao ouvir estas palavras, percebeu que Judas estava no bom caminho e, assustado com esta transformação, refletiu: «O Mestre é benevolente; quando ia ser traído por ele, chorou pelo seu destino e suplicou-lhe de mil maneiras que não o fizesse; seria muito de admirar que não o recebesse se ele se arrependesse com toda a sua alma, que renunciasse a abraçá-lo se ele se erguesse e reconhecesse o seu pecado. Não foi por isso que Ele foi crucificado?».
Após estas reflexões, lançou uma profunda perturbação no espírito de Judas, fazendo com que nele crescesse um imenso desespero, capaz de o desconcertar, extenuando-o até que conseguir levá-lo ao suicídio, roubando-lhe a vida após tê-lo despojado dos sentimentos de arrependimento. Se Judas tivesse vivido, seria salvo. Basta olhar para o exemplo dos carrascos. Com efeito, se Cristo salvou aqueles que O crucificaram, se, mesmo na cruz, rezava e intercedia junto de Deus para que lhes concedesse o perdão daquele pecado (cf Lc 23,34), como não teria acolhido o traidor com total benevolência, desde que ele provasse a sinceridade da sua conversão? […]
Pedro negou-O três vezes após ter participado na comunhão dos santos mistérios; mas as suas lágrimas absolveram-no (cf Mt 26,75; Jn 21,15s). Paulo, o perseguidor, o blasfemo, o presunçoso, Paulo que perseguiu, não apenas o Crucificado, mas todos os seus discípulos, tornou-se apóstolo após ter-se convertido. Deus pede-nos apenas uma penitência ligeira para nos conceder a remissão dos nossos pecados.
Somos convidados a rezar, neste mês, com nosso Papa e todos os cristãos na seguinte intenção
POR UMA CULTURA DA NÃO VIOLÊNCIA
Rezemos pela maior difusão de uma cultura da não violência, que implica um cada vez menor recurso às armas, seja da parte dos Estados, seja da parte dos cidadãos.