Para mostrar a todos a excelência de Jesus dentro da tradição dos profetas, Lucas recorda o dia em que o Mestre, com trinta anos de idade, foi à sinagoga e o presidente dela convidou-o a fazer a segunda leitura do dia.
Padre Cesar Augusto – Vatican News
O Livro de Neemias nos dá um relato do que poderíamos chamar a “primeira celebração da Palavra”. Ela foi realizada quando se percebeu a desordem que havia no meio do povo, onde cada um fazia o que desejava. Por ignorância, não se praticava a Lei e o caos imperava.
Esdras, doutor da Lei mosaica, foi enviado por Artaxerxes, rei persa, a Jerusalém, para colocar ordem na cidade.
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Ele preparou o povo e esperou o primeiro dia do novo ano para fazer uma solene celebração litúrgica, com todas as pessoas capazes de compreender.
Os convocados compareceram, com absoluta boa vontade e sabiam que a solenidade duraria muitas horas, e na verdade era o Senhor quem os convocava.
Esdras, consciente de que o momento era emblemático, usou de sua sensibilidade para demonstrar ao povo a grandeza do momento: mandou erguer um estrado de madeira, em um lugar visível a todos, e nele criou um ponto elevado para ser o local da tribuna, onde seria proclamada a Lei do Senhor. Era necessário que todos o vissem e ouvissem quando fosse abrir o livro e fazer sua leitura.
Quando isso aconteceu, o povo todo ficou de pé e o ouvia com atenção. Esdras explicava seu sentido para que o povo pudesse compreender a leitura. Ao final da proclamação o povo disse “Amém! Amém! e se prostrou por terra. Era o Senhor que falava através de Esdras e a prostração foi o sinal de que todos estavam conscientes disso.
O povo, conhecedor de suas próprias falhas, chorava, contudo Esdras chamava-lhes a atenção para o aspecto da amizade de Deus; ela é mais importante que tudo, daí não chorar, mas festejar. Mais ainda, a alegria do Senhor é e será a força do povo. Por outro lado, sentir-se pecador, deve ser celebrado com alegria, pois ter essa consciência é um dom de Deus!
São Lucas, logo no início de seu Evangelho, escreveu: “…história dos acontecimentos que se realizaram entre nós, como nos foram transmitidos por aqueles ministros da palavra”. O evangelista nos diz que o que vai narrar não é uma fábula, mas aconteceu realmente e nos foi transmitido pelos servidores de Jesus Cristo, o personagem central de seus relatos.
Para mostrar a todos a excelência de Jesus dentro da tradição dos profetas, Lucas recorda o dia em que o Mestre, com trinta anos de idade, foi à sinagoga e o presidente dela convidou-o a fazer a segunda leitura do dia. Jesus abriu o rolo que continha os escritos que falavam sobre sua vinda, mas indecifráveis até então. Escolheu o texto do profeta Isaías que diz: “O Espírito do Senhor está sobre mim e…enviou-me a anunciar a boa nova aos pobres”. Ao enrolar o volume e entregá-lo ao assistente, Jesus diz, com esse gesto, que todos os escritos do Antigo Testamento acabaram, naquele instante, de cumprir sua missão: conduzir as pessoas até ele. Por isso podem ser enrolados e guardados.
Nesse exato momento, todos os olhos estão voltados para ele. Todos desejam ouvir o que o Mestre irá dizer. Começaram os novos tempos!
Se hoje continuamos a ler textos do Antigo Testamento, os lemos antes dos do Novo, pois eles são indispensáveis para nossa preparação à acolhida de Jesus Cristo.
A partir da homilia de Jesus, após as leituras bíblicas, sabemos que ela deverá estar dentro da realidade das pessoas e sempre ser mensagem de alegria, de esperança em Deus.