Nasceu em Corleone, na Sicília, a 6 de Fevereiro de 1605. Na sua juventude exerceu a profissão de sapateiro. Era de estatura e aparência corpulenta, temido por todos. Era homem mundano e sobretudo gostava de armas. Bem depressa e gostosamente abraçou a carreira militar, mais pela ambição de mandar do que por amor à disciplina.
Um dia, entre Bernardo e um seu companheiro, azedaram-se as palavras e das palavras passou-se aos factos. Os dois lançaram mão às espadas e o duelo foi muito breve. Bernardo feriu de morte o adversário e pôs-se em fuga deixando ali estendido um agonizante.
Para escapar à justiça dos homens refugiou-se numa igreja, recorrendo, assim, ao chamado “direito de asilo”. Evitou desta forma os rigores da lei, mas não conseguiu subtrair-se à acusação da sua consciência.
Na solidão e reflexão, pensou longamente no seu crime e em toda a sua vida errada, inútil e sem sentido, odiada pelas pessoas e prejudicial para a salvação da sua alma, o dom mais precioso que o homem tem. Arrependeu-se por isso, pediu o perdão do Senhor e o perdão dos homens e entregou-se a áspera penitência.
Para reparar o seu passado, como sinal de penitência, decidiu vestir o hábito dos Capuchinhos. Deixou Corleone, que a partir daquele momento, lhe trazia à memória rastos e cenas de sangue. Bateu à porta do convento de Caltaniessetta, no coração da Sicília, sendo ali admitido como simples irmão e assim permaneceu durante toda a sua vida.
Foi ali, a partir de então, um verdadeiro homem novo que surgiu no convento de Caltanissetta, um homem resolvido a alcançar uma perfeição sempre maior, com humildade, obediência, austeridade. Dormia no chão da sua própria cela, nunca mais de três horas por noite e multiplicava os seus jejuns. Apesar de inculto e sem letras, atingiu a mais elevada contemplação, conheceu os mais profundos mistérios, lia no interior das consciências, curou muitos doentes, distribuiu consolação e conselhos, intercedeu com orações que atraíram graças sem conta do céu. Foi assim durante 35 anos até à morte.
A oração assídua, a caridade prodigiosa, a devoção filial à Virgem Imaculada, foram o segredo da sua santidade. Teve sempre a preocupação de se identificar com o Senhor Crucificado. Pegou no Evangelho e empenhou-se em vivê-lo integralmente. Todos os dias da sua vida foram uma subida constante para Deus e apostolado para levar as almas para o Senhor.
A 12 de Janeiro de 1667, em Castelnovo, junto a Palermo, Jesus veio chamá-lo para Si. E ele purificado por uma constante penitência de expiação, sublimado na mais fervorosa das orações, cheio de alegria, trocou a terra pelo céu. Tinha 62 anos de idade.
Cem anos depois, a 16 de Maio de 1768, o Papa Clemente XII proclamava Beato, o Capuchinho Bernardo de Corleone. No dia 10 de Junho de 2001, em Roma, o Papa João Paulo II inscreveu o irmão Bernardo de Corleone no Catálogo dos Santos.
Fonte: https://www.capuchinhos.org/capuchinhos/santos-e-beatos/sao-bernardo-de-corleone
Santo Arcádio
Séc. III
Na metade do século III, os cristãos sofriam com a derradeira e a mais cruel e perversa das suas perseguições. Tinham as casas arrombadas, os bens confiscados e as famílias humilhadas com as pessoas sendo levadas ao tribunal e condenadas à morte, por causa de sua Fé.
Na cidade africana de Cesárea da Mauritânia, os cristãos que desejavam fugir da execução eram obrigados a assistir os cultos aos deuses pagãos. Eles deviam conduzir pelas ruas os animais destinados ao sacrifício, acender o incenso e participar das festas movidas a orgias e outras extravagâncias públicas.
Arcádio, que viveu nesta época, resolveu escapar daquela insanidade e manter suas orações e contemplações espirituais, refugiando-se num lugar deserto. Entretanto, como era um cidadão muito conhecido, logo sua ausência foi notada e as autoridades saíram em sua procura. Para obrigá-lo a se entregar, prenderam um seu parente próximo, que nada revelou sobre onde ele estava escondido. Mas Arcádio, ao saber do ocorrido, foi ao tribunal e se entregou, exigindo que soltassem o inocente.
Todas as ameaças imagináveis foram lançadas contra ele, para que abandonasse sua fé, mas de nada adiantaram. Irado, o juiz não só o condenou à morte, como determinou que a pena fosse aplicada de forma “lenta e muito cruel”.
A tortura durou horas e em todos os momentos Arcádio reafirmava seus conceitos, incitando os outros cristãos a fazerem o mesmo. Uma a uma suas articulações foram sendo cortadas e, mesmo assim ele ainda fez um último discurso testemunhando seu incondicional amor à Jesus Cristo, para depois morrer.
Segundo a tradição, conta-se que os pagãos se admiraram tanto com sua coragem, que muitos se converteram e mesmo os que não o fizeram, também passaram a respeitar sua memória, celebrada no dia 12 de janeiro.
Santo Arcádio consta somente no Martirológio Romano, o seu nome não aparece em nenhum do Oriente. Isto porque, o precioso documento do culto deste santo foi levado para Verona, pelo primeiro bispo desta diocese, chamado Zenon, de origem africana e nascido na cidade do mártir.
Parece que ele trouxe consigo a Ata onde foi narrado o martírio de Arcádio e o difundiu entre os cristãos através dos seus sermões, logo no início de seu apostolado no território italiano.
www.obradoespiritosanto.com