Santo Efrém Siro (cerca 306-373), diácono na Síria, doutor da Igreja
Hinos sobre o Paraíso, no. 5 ; SC 137, 76
“Toda a criação geme e sofre dores de parto… também nós gememos interiormente esperando a redenção do nosso corpo” (Rm 8,22-23)
A contemplação do Paraíso me arrebatou com a sua paz e a sua beleza. Ali mora a beleza sem mancha; ali reside a paz sem tumulto. Feliz quem merecerá recebê-lo, se não pela justiça, ao menos pela bondade; se não por causa das obras, ao menos por piedade…
Quando o meu espírito voltou sobre as regiões da terra, mãe dos espinhos, todo tipo de dores e de males vieram ao meu encontro. Assim, entendi que a nossa terra é uma prisão. E os prisioneiros que nela estão fechados choram quando saem. Espantou-me também o fato de que as crianças choram quando saem do útero materno: choram quando saem das trevas para irem na direção da luz, de um espaço estreito na direção da vastidão do universo. Assim, a morte é para os homens como uma espécie de parto: aqueles que morrem choram ao deixar o universo, mãe das dores, para entrar no Paraíso de delícias.
Ó tu, Senhor do Paraíso, tem piedade de mim! Se não me é possível entrar no teu Paraíso, torna-me, ao menos, digno dos alimentos que se estendem à sua entrada. No centro do Paraíso está a mesa dos santos; mas do lado de fora, os frutos de tal mesa caem como migalhas para os pecadores que, também ali, poderão viver da tua bondade.