Os discípulos não perdem tempo e nem titubeiam para expressar o que desejam: estar com aquele que armou sua tenda entre nós; com o Emanuel, Deus Conosco; com o Deus Salva, Jesus!
Padre César Augusto; SJ – Vatican News
Além de instruir Samuel no reconhecimento do Senhor, Eli, ensina ao seu formando a ser disponível para Deus.
No Evangelho, João 1,35-42, João Batista, que estava preparando dois de seus discípulos, vê Jesus passar e o aponta para eles e declara: “Eis o Cordeiro de Deus!”. Os discípulos, entendendo o anúncio do Precursor, deixam-no e seguem Jesus. Este, percebendo que está sendo seguido, volta-se para trás e pergunta o que desejam. Eles respondem com uma pergunta:” Mestre, onde moras?” Jesus responde: “Vinde ver!” E eles seguindo-o ficam longo tempo com o Senhor. Eis um outro modo de encontrar o Senhor. Estando em situação de quem recebe instrução para ser discípulo Dele. Os discípulos não perdem tempo e nem titubeiam para expressar o que desejam: estar com aquele que armou sua tenda entre nós; com o Emanuel, Deus Conosco; com o Deus Salva, Jesus!
Do mesmo modo que Samuel, eles tiveram um mestre para conduzi-los ao Senhor. No caso de Samuel, ele estava no Templo e foi até ao Senhor, que o chamava; agora, é o Senhor que vai até eles, passa despercebido para os demais, menos para João. Na sequência, Jesus pergunta o que eles querem (Samuel perguntou o que o Senhor queria. Agora é o inverso, é o Senhor quem pergunta e pergunta o que eles querem). E eles querem a intimidade com o Senhor. Na verdade, foi o Senhor que se insinuou e se fez desejar. “Ninguém vem a mim se o Pai, antes não o atrair”. Cfr Jo 6,44.
Nesse vai e vem que o Evangelho descreve, temos a cena em que André vai buscar seu irmão Simão, contar-lhe a novidade do encontro com o Messias e levá-lo ao Senhor. Este, ao vê-lo, já sinaliza sua missão futura ao anunciar a troca de nome para Cefas, isto é, Pedro.
A segunda leitura, a Segunda Carta de Paulo aos Coríntios 6,13c-15a.17-20 tem um tom ético moralista, mas que na verdade expressa um cuidado do Apóstolo em coibir práticas pagãs e destacar a pertença nossa ao Corpo de Cristo, oficializada pelo batismo. Nesse sentido, a sexualidade permite ao ser humano expressar sua entrega, sua doação ao seu cônjuge, como se fosse ao próprio Cristo. Muitas pessoas, contemporâneas nossas, pensam exatamente o contrário disso que afirmamos pela fé e veem o sexo como um relacionamento descompromissado e relaxante. Sabemos muito bem que tivemos exageros na orientação moral em um passado bem recente, em que tudo era visto como mal, como fruto da concupiscência. Hoje, à luz de uma pastoral esclarecida, percebemos que temos o norte para onde deveremos caminhar, a busca de verdadeira integração da personalidade, mas, ao mesmo tempo, sendo compreensivos com aqueles que estão em situação de aprendizagem e buscam a verdade da fé.
Concluindo, somos vocacionados a seguir o Senhor, a fazer sua vontade, não apenas dentro de um aspecto espiritual, invisível, mas com expressão material, encarnada, pois somos seres humanos e não anjos.
Deus nos criou à sua imagem e semelhança para que o Verbo pudesse tomar carne e Ele, Jesus Cristo, foi um homem perfeito em tudo, jamais contrariando os planos de Deus, para que nós pudéssemos tê-lo como modelo.
Somos vocacionados a seguir Jesus Cristo em tudo, deixando que ele viva em nós e, com isso, possibilitando seu contato com os demais, nossos companheiros de caminhada.