Neste final de semana, 28 e 29 de novembro, inicia-se o tempo litúrgico do Advento. Esta denominação provém de um verbo latino, advenire, que significa chegar, vir. De fato, nas quatro semanas antes do Natal, preparamo-nos intensamente para a vinda de Jesus, através de Maria!
Na alegre expectativa do Messias, João Batista pedia ao povo arrependimento dos pecados, conversão. O povo, então, impressionado com o urgente apelo, perguntava: “O que devemos fazer” (Lc 3,10)? A mesma pergunta fazemos também nós, hoje.
Fazer a coroa de Advento, rezar a novena de Natal, preparar as luzes e o presépio, certamente são atitudes louváveis e próprias deste tempo. Indicam nossa sintonia com a grande festa do nascimento do Salvador.
Mas João Batista, nos desafia a olharmos as pessoas necessitadas de comida, roupa, justiça, de vida digna. Nesse sentido, por exemplo, no Brasil atual, segundo o IBGE, há mais de 13 milhões de pessoas na extrema pobreza, aquelas que, de acordo com o Banco Mundial, vivem com até R$ 151 por mês. E quase 52 milhões na pobreza – com renda de até R$ 436 por mês. Como discípulos de Jesus e pessoas de boa vontade, não podemos nos furtar a essa urgência de transformação, a este verdadeiro pedido de socorro. Aliás, o Papa Francisco, em sua recente encíclica Fratelli Tutti, impacta todo o mundo com o mesmo e forte apelo: construir fraternidade.
O Advento é tempo de recordar também a segunda vinda de Jesus. Professamos essa verdade apostólica em nossos encontros celebrativos: “De novo há de vir em sua glória para julgar os vivos e os mortos” (Cf. Credo Niceno-Constantinopolitano). Os primeiros cristãos entendiam que essa vinda era iminente. Ele viria logo.
E nessa espera, no intuito de estarem preparados para este momento, como lemos nos Atos dos Apóstolos, partilhavam os seus bens, participavam da eucaristia, eram perseverantes em ouvir os ensinamentos dos apóstolos, frequentavam diariamente o templo (Cf At 2,43). Traduzindo para os nossos dias: frequentar a Igreja, ouvir os evangelizadores (o Papa, os bispos, padres, pastores, pregadores, pregadoras), participar da missa ou celebração dominical da Palavra, repartir os bens (dízimo, ajuda a projetos sociais, socorro aos pobres, coleta da Evangelização). São atitudes muito recomendadas para o tempo do Advento.
A terceira forma do Senhor chegar a nós é pela sua presença na comunidade. Ele mesmo promete: “Onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome, eu estou no meio deles” (Mt 18,20). Nessa consoladora e comprometedora afirmação não há qualificação alguma de pessoas que possam atrair a divina presença. “Onde dois ou mais”, isto é, todos e todas que se coloquem em atitude de fé, na comunhão dos irmãos e irmãs. “Em meu nome” quer dizer, prontos a fazer a vontade de Deus, a escutar a Igreja, atentos principalmente à vivência do amor fraterno.
Seja nosso Advento abençoado com a iluminadora e encorajadora presença de Jesus entre nós. E através de nós, no mundo.
Pe. Raul Kestring