(Pe. Carlos Evangelista – organizador)
O Concílio Vaticano II insiste na vocação de todos os batizados ao apostolado. Pelo Batismo, todos participam da missão sacerdotal, real e profética de Cristo, e são enviados pelo Senhor para a atividade missionária. Dentro dessa vocação universal à missão, o Apostolado da Oração constitui a união dos fiéis que, por meio do oferecimento cotidiano de si mesmos, unem-se ao Sacrifício da Eucaristia, no qual se exerce continuamente a obra de nossa redenção, e dessa forma, pela união com Cristo, da qual vem toda a vitalidade no apostolado, colaboram na salvação do mundo. Assim como Cristo, ensinando e praticando as obras de misericórdia, propagou seu Reino e ao mesmo tempo redimiu o mundo, oferecendo sua vida ao Pai pela humanidade, rogando por ela e consumando seu oferecimento no mistério pascal; assim também toda obra apostólica deve estar baseada na oração e no sacrifício a fim de contribuir para a edificação do Corpo de Cristo.
Para exercer sua vocação apostólica, o Apostolado da Oração – e por que não dizer todo cristão – segue um programa de espiritualidade cujo centro é a Eucaristia. Que meditando e aprofundando nossa vocação de “Batizados e enviados”, aprendamos do Senhor a “sair em missão no mundo”.
A Missa com o oferecimento cotidiano
A Eucaristia é a fonte e o ponto culminante da evangelização, de onde vem todo o vigor da Igreja. É necessário que a espiritualidade dos fiéis seja determinada pelo mistério eucarístico, penetre e informe sua vida e os leve a uma consciente e vital participação desse mistério. Pelo oferecimento cotidiano cada um oferece a si próprio a Deus, por Cristo: “Deus, nosso Pai, eu te ofereço todo o dia de hoje: Minhas orações e obras, meus pensamentos e palavras, minhas alegrias e sofrimentos, em reparação de nossas ofensas, em união com o Coração de teu Filho Jesus, que continua a oferecer-se a Ti, na Eucaristia, pela salvação do mundo. Que o Espírito Santo que guiou a Jesus seja meu guia e meu amparo neste dia, para que eu possa ser testemunha do teu amor. Com Maria, Mãe de Jesus e da Igreja, rezo especialmente pelas intenções do Santo Padre para este mês: Pelos médicos e pelas equipes humanitárias presentes em zonas de guerra, que arriscam a própria vida para salvar a dos outros”.
Esta oferta espiritual que pertence ao exercício do sacerdócio comum dos fiéis é simultaneamente exercício da missão profética, uma vez que exige o testemunho de vida, caridade, trabalho e atividade apostólica; segue-se daí que, vivendo conforme o oferecimento feito, dá-se testemunho da verdade e manifesta diante dos homens a Cristo que vive nos fiéis.
Culto do Sagrado Coração de Jesus
Por amor, Cristo entregou sua vida por nós (1Jo 3,16), e nos incorpora no mistério de sua vida e nos transforma em nação eleita e sacerdócio real (1Pd 2,9). É preciso que Lhe respondamos com o nosso amor. A Igreja nos ensina que o amor de Cristo está principalmente representado no Seu Coração, como fonte de salvação e misericórdia. Correspondendo ao amor de Nosso Senhor Jesus Cristo, a Ele nos consagramos pessoalmente, a Ele oferecemos a reparação pelos pecados próprios e do mundo. Imitamos o exemplo do amor de Cristo aos irmãos, e com a caridade Lhe retribuímos o amor com que pelo Coração humano nos amou.
Devoção à Nossa Senhora
A veneração com amor filial à Bem-Aventurada Virgem Maria, Mãe da Igreja, ligada intimamente à obra da Redenção, procura imitar o exemplo dela, que, de coração generoso consagrou-se totalmente como serva do Senhor. A oração diária do Terço, recomendando ao seu Coração materno todas as preocupações da Igreja, lembra a todos que o culto de Maria Santíssima de modo algum impede a união imediata dos fiéis com Cristo, mas antes é facilitada pela devoção à Sua Mãe.
Em comunhão com a Igreja
Para que a Igreja possa cumprir sua missão, unindo todos os homens com Cristo e entre si e realizar a edificação de seu Corpo pelo Sacrifício Eucarístico, é necessário que todos promovam em si e nos outros a vontade de sentir com a Igreja universal e participar de suas necessidades. Pelo oferecimento diário unem-se às intenções que o Papa propõe para cada mês: “Pela evangelização: Pelos sacerdotes, para que, com a sobriedade e humildade da sua vida, se empenhem numa solidariedade ativa para com os mais pobres” (intenções para o mês de junho).
Cuidado cotidiano com a vida de oração
Além do mais, estamos convencidos de que a humanidade se encontra hoje numa nova idade da sua história, e é agitada por profundas e rápidas mudanças e por um grave desequilíbrio. É urgente o dever de orar com fervor para que o mundo, liberto por Cristo, que, pela cruz e ressurreição, destruiu o poder do maligno, se transforme de acordo com os desígnios de Deus e atinja a sua perfeição. Obedecendo ao preceito do Senhor de orar sempre sem nunca desfalecer (Lc 18,1), assumimos tudo o que se refere ao cultivo da prática da oração. Seguindo o exemplo da Igreja, que não cessa de receber o pão da vida na mesa da Palavra e da Eucaristia, apreciamos a leitura e meditação da Sagrada Escritura, cultivamos a oração mental e as várias formas de preces que livremente escolhem, além dos retiros espirituais que são uma excelente escola de oração e de união com Deus na ação.