«[O rico] levantou os olhos e viu Abraão com Lázaro a seu lado» – São Pedro Crisólogo (c. 406-450) bispo de Ravena, doutor da Igreja Sermão 122, sobre o rico e Lázaro

Tags

5ª-feira da 2ª Semana da Quaresma – 21 de Março de 2019 – Cor: Roxo

 

Evangelho – Lc 16,19-31
Tu recebeste teus bens durante a vida e Lázaro os males;
agora ele encontra aqui consolo e tu és atormentado.

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 16,19-31:
Naquele tempo, Jesus disse aos fariseus:
19 ‘Havia um homem rico,
que se vestia com roupas finas e elegantes
e fazia festas esplêndidas todos os dias.
20 Um pobre, chamado Lázaro, cheio de feridas,
estava no chão à porta do rico.
21 Ele queria matar a fome
com as sobras que caíam da mesa do rico.
E, além disso, vinham os cachorros lamber suas feridas.
22 Quando o pobre morreu,
os anjos levaram-no para junto de Abraão.
Morreu também o rico e foi enterrado.
23 Na região dos mortos, no meio dos tormentos,
o rico levantou os olhos e viu de longe a Abraão,
com Lázaro ao seu lado.
24 Então gritou: ‘Pai Abraão, tem piedade de mim!
Manda Lázaro molhar a ponta do dedo
para me refrescar a língua,
porque sofro muito nestas chamas’.
25 Mas Abraão respondeu: ‘Filho, lembra-te
que tu recebeste teus bens durante a vida
e Lázaro, por sua vez, os males.
Agora, porém, ele encontra aqui consolo
e tu és atormentado.
26 E, além disso, há um grande abismo entre nós:
por mais que alguém desejasse,
não poderia passar daqui para junto de vós,
e nem os daí poderiam atravessar até nós’.
27 O rico insistiu: ‘Pai, eu te suplico,
manda Lázaro à casa do meu pai,
28 porque eu tenho cinco irmãos.
Manda preveni-los, para que não venham também eles
para este lugar de tormento’.
29 Mas Abraão respondeu:
‘Eles têm Moisés e os Profetas, que os escutem!’
30 O rico insistiu: ‘Não, Pai Abraão,
mas se um dos mortos for até eles,
certamente vão se converter’.
31 Mas Abraão lhe disse:
`Se não escutam a Moisés, nem aos Profetas,
eles não acreditarão,
mesmo que alguém ressuscite dos mortos’.’
Palavra da Salvação.

 

Comentário do dia 
São Pedro Crisólogo (c. 406-450)
bispo de Ravena, doutor da Igreja
Sermão 122, sobre o rico e Lázaro

«[O rico] levantou os olhos e viu Abraão com Lázaro a seu lado»

 

«Abraão era muito rico», diz-nos a Escritura (Gn 13,2). […] Abraão, meus irmãos, não era rico devido a si próprio, mas devido aos pobres; pois em vez de guardar a sua fortuna, partilhava-a. […] Este homem, ele próprio estrangeiro, não cessou de tudo fazer para que os estrangeiros deixassem de se sentir estrangeiros. Vivendo numa tenda, não podia suportar que alguém passasse sem abrigo. Perpétuo viajante, acolhia todos os hóspedes que apareciam. […] E

m vez de repousar na generosidade de Deus, sabia-se chamado a reparti-la: usava-a para defender os oprimidos, para libertar os prisioneiros, para arrancar ao seu destino homens que estavam para morrer (Gn 14,14). […] Na presença do estrangeiro que recebe (Gn 18,1s), Abraão não se senta, permanece de pé. Não é conviva do seu hóspede, faz-se seu servidor; esquece que em sua casa é ele o senhor, traz ele próprio os alimentos e, preocupado com uma preparação cuidada, pede ajuda à mulher.

Quando é para si, deixa-se tratar pelos empregados, mas confia o estrangeiro que recebe à sabedoria da esposa. Que direi ainda, meus irmãos? É uma delicadeza tão perfeita… que atraiu o próprio Deus para a casa de Abraão, que O forçou a ser seu hóspede. Assim veio a Abraão, repouso dos pobres, refúgio dos estrangeiros, Aquele que, mais tarde, haveria de dizer-Se acolhido na pessoa do pobre e do estrangeiro: «Tive fome e destes-Me de comer; tive sede e destes-Me de beber; fui estrangeiro e recebestes-Me» (Mt 25,35).

E lemos ainda no Evangelho: «O pobre morreu e foi colocado pelos Anjos ao lado de Abraão». É natural, meus irmãos, que Abraão até no seu repouso acolha todos os santos, e até na sua beatitude se ocupe do seu serviço de hospitalidade. […] Pois não se sentiria plenamente feliz se, mesmo na glória, não continuasse a exercer o seu ministério de partilha.

Intenção do Apostolado da Oração
Reconhecimento dos direitos das comunidades cristãs
Pelas comunidades cristãs, em particular as que são perseguidas, para que sintam a proximidade de Cristo e para que os seus direitos sejam reconhecidos.

Leia também...