Palavra: At 9,1-5; 26-27:
1. “Saulo só respirava ameaças e morte contra os discípulos do Senhor. Ele apresentou-se ao sumo sacerdote,
2. e lhe pediu cartas de recomendação para as sinagogas de Damasco, a fim de levar presos para Jerusalém todos os homens e mulheres que encontrasse seguindo o Caminho.
3. Durante a viagem, quando já estava perto de Damasco, Saulo se viu repentinamente cercado por uma luz que vinha do céu.
4. Caiu por terra, e ouviu uma voz que lhe dizia: ‘Saulo, Saulo, por que me persegues?’
5. Saulo perguntou: ‘Quem és Tu, Senhor?’ A voz respondeu: ‘Eu sou Jesus, a quem você está perseguindo’…
26. Saulo chegou a Jerusalém, e procurava juntar-se aos discípulos. Mas todos tinham medo dele, pois não acreditavam que ele fosse discípulo.
27. Então Barnabé tomou Saulo consigo, o apresentou aos apóstolos, e lhes contou como Saulo no caminho tinha visto o Senhor; como o Senhor lhe havia falado, e como ele havia pregado corajosamente em nome de Jesus na cidade de Damasco.
A conversão de Paulo nos relata que de perseguidor ferrenho ele passa a ser um apóstolo destemido. A sua conversão é uma iniciativa de Jesus, pois Deus tinha um grande plano e missão para Paulo, pregar o Evangelho aos pagãos. Paulo é chamado à conversão e à missão pelo Jesus que está vivo na comunidade. Assim como Saulo, muitos outros têm uma vida desregrada e são chamados por Deus à conversão. Maria Madalena, Santo Agostinho e tantos outros foram exemplos desse convite.
Isso quer dizer que seja qual o for o tipo de vida que levamos, há sempre uma possibilidade de resgatarmos com muita fé e confiança a nossa qualidade de vida espiritual. Por mais que tenhamos negado a Deus, por mais que tenhamos nos afastado das práticas religiosas, por mais que tenhamos deixado de lado o que nos foi ensinado sobre os verdadeiros valores cristãos, o Pai nos oferece através da própria vida, oportunidades de reconciliação e de resgate de nós mesmos.
A conversão de Paulo é um processo que passa da morte para a vida e ressurreição. Paulo fica três dias numa cegueira total para que pudesse se desestruturar nele a visão antiga. É preciso repensar o que significam as nossas desestruturas atuais. O que precisamos enxergar? As nossas atitudes, o nosso comportamento, as nossas falas, a nossa dureza, quantas vezes já maltratou e magoou quem está próximo de nós? Quem de nós, julgando fazer o que é certo, não prejudicou outras pessoas? Quem de nós já não agiu como Saulo, perseguindo ou condenando as ações dos outros?
Paulo, mesmo convertido, passa pela desconfiança da comunidade. Demorou um tempo para que ele fosse aceito pelos mesmos. Isso só acontece quando começa a proclamar o nome de Jesus. Nossas atitudes sem dúvida também passam por esse crivo, mas é importante resistir, convictos de que Deus tem planos para nós e que seremos compreendidos. Contudo, devemos nos manter firmes, na graça de Deus, resistindo às tentações e buscando reatar as relações que destruímos, procurando nos manter firmes em nossa sobriedade, seja dos vícios, seja das ambições desenfreadas, seja da preguiça, da gula, enfim, cada pessoa sabe onde necessita de mudança.
O processo é lento e árduo e depende da nossa perseverança, para que os outros vejam o nosso testemunho e comecem a seguir o nosso exemplo de transformação. Se nós tivermos verdadeiramente restaurando a nossa vida, comprometido com Jesus, as pessoas que estão ao nosso redor perceberão esse novo jeito de ser e ficarão curiosos e desejosos desse nosso bem estar espiritual também.
Portanto, da mesma forma que Jesus questionou Saulo sobre as suas práticas, hoje nos convida a traçar um novo projeto em nossa vida. Se até então nos preparamos para ter esse Deus trino conosco, está na hora de nos erguer e caminhar em direção das praticas do bem, renovados pela esperança e constante fé. Já fomos perdoados dos nossos erros e temos em mãos a grande borracha da “reparação” para apagar e refazer de maneira diferente o que nos é proposto. Mãos à obra?
Malena Andrade – Psicóloga assessora da Pastoral da Sobriedade na Diocese de Blumenau