Palavra: Lc 15, 18-24:
18. “Disse o filho pródigo: ‘Vou me levantar e vou encontrar meu pai e dizer a ele: – Pai, pequei contra Deus e contra ti;
19. já não mereço que me chamem teu filho. Trata-me como um dos teus empregados’.
20. Então se levantou e foi ao encontro do pai. Quando ainda estava longe o pai o avistou e teve compaixão. Saiu correndo, o abraçou e o cobriu de beijos.
21. Então o filho disse: ‘Pai, pequei contra Deus e contra ti; já não mereço que me chamem teu filho’.
22. Mas o pai disse aos empregados: ‘Depressa, tragam a melhor túnica para vestir meu filho. E coloquem um anel em seu dedo e sandálias nos pés.
23. Peguem um novilho gordo e o matem. Vamos fazer um banquete.
24. Porque este meu filho estava morto e tornou a viver, estava perdido e foi encontrado.”
Como a maioria dos dependentes químicos, o filho pródigo pensou que a sua vida poderia ser de eterna satisfação e não se importou com o esforço que a família desempenhou durante a vida inteira. Nem sequer valorizou o relacionamento familiar. Resolveu que o melhor momento era o agora e que nada mais tinha importância. Muitos jovens costumam pensar assim: importante é ser feliz. Mas será que essa atitude já não denuncia uma condição de infelicidade que precisa ser revista com bastante atenção?
O que as drogas e outros vícios transparecem é que o sofrimento precisa ser suprimido, que a dor ou a angústia é tanta, que precisa ser esquecida quando deveria ser enfrentada. O que as companhias têm a ver com isso? Elas nos levam a nos afastar ainda mais dos enfrentamentos porque estão distantes das relações que precisamos trabalhar o perdão, o afeto, o compromisso e por aí vai…
Obviamente, uma vez nos distanciando do vazio que certamente também nós provocamos, vamos tornar a repetir os erros até que caiamos em nós mesmos. As drogas, os vícios, as compulsões vão mesclando a nossa vida e nos levando ao projeto de morte física e espiritual. Vamos nos enganando enquanto tentamos fazer de conta que somos felizes e que através dessas atitudes alcançamos satisfação. É no processo das consequências que nos damos conta que pegamos um desvio que nos levou à escuridão, que o nosso coração precisa é de amor, de cuidado e de aproximação justamente daqueles que procuramos nos distanciar em um momento ou outro.
O fim do poço é o reinício de uma possibilidade de vida nova e assim precisa ser interpretado. O fim do poço significa que não há mais o que fazer senão submergir, admitir que o desvio chegou ao fim, que por mais dolorosa que seja, a caminhada de volta precisa ser retomada. Alguém em algum lugar já dizia que mais dolorosa que a ilusão é a desilusão, mas é exatamente esta que nos ajuda a enxergar as coisas com mais clareza. Então não pode ser ruim como um todo, da mesma forma que o fim do poço.
Admitir os erros é desmascarar-se, e não há como admitir sem o arrependimento, sem o desejo de voltar atrás. A coragem é o fôlego que precisamos para nos impulsionar à Caminhada de Vida Nova. Verdadeiramente arrependidos, seremos acolhidos com ternura pelo Pai, da mesma forma que o filho pródigo foi percebido antes de chegar a casa, cujo pai correu ao seu encontro. Deus, em seu amor incondicional demonstra além da compaixão e do perdão o restabelecimento da dignidade humana e o reconhecimento de sermos seu filho. Guiados pelo ensinamento cristão e prática do bem, comecemos por nós mesmos a tomar as rédeas da nossa vida, reinterpretando a nossa história e direcionando-a a uma felicidade plena, através dos enfrentamentos e das coisas que precisamos enxergar. Aí está o Caminho da Casa do Pai.
* Ouça também o Programa de Rádio “Sobriedade em Cristo” que vai ao ar pela Rádio Arca da Aliança – AM 1260 (todas as segundas-feiras, as 12:30h)
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Malena Andrade – Pscóloga assessora da Pastoral da Sobriedade da Diocese de Blumenau