Aniversário dos IX anos de criação da Diocese
Abertura do Ano Sacerdotal
Encerramento do Ano Paulino
21.06.09
Homilia de Dom José
Caros irmãos no sacerdócio, Diáconos, Religiosos, religiosas, seminaristas, autoridades civis e militares, povo de Deus, Passaram-se já nove anos do surgimento desta Diocese, quando o saudoso Papa João Paulo II nos concedeu a graça de criá-la, desmembrando-a de parte da Arquidiocese de Florianópolis e de partes das Dioceses de Rio do Sul e Joinville. Seu primeiro bispo foi Dom Angélico; ele, com o primeiro grupo de padres, liderou os trabalhos para dar à nova Diocese a configuração que ela tem hoje. A ele e aos operários da primeira e da última hora, os recém-chegados às nossas pastorais, movimentos, associações e outros organismos, o nosso muito obrigado. Imaginemos como é uma grande construção, em que uma pessoa tem um papel, uma tarefa, uma missão. Assim também se constrói a igreja.
Agradeçamos a Deus pela caminhada desta Diocese, pelas lutas vencidas e pelas alegrias desfrutadas, pelas graças conseguidas, pelos maravilhosos frutos produzidos e pelos outros que continuam sendo colhidos. Quantas testemunhas, fiéis de nossa Igreja, poderiam, aqui no meu lugar, contar até nos pequenos detalhes como a semente lançada produziu frutos!
Certamente não devem ter faltado momentos de cansaço, incertezas e lentidões. Mas isso faz parte da obra que está em construção, isso é, faz parte do Reino. Quantas vezes os apóstolos saíram para pescar e voltaram desanimados, com as redes vazias!
O evangelho de hoje coloca em evidência uma imagem de igreja jogada para cá e para lá, uma igreja simbolizada por uma barca que transportava Jesus e os seus apóstolos, fragilizada pela ventania e pelas ondas que se lançavam sobre ela e que estava prestes a afundar.
Pobre Jesus! Quais são os companheiros que ele escolheu para conduzir essa barca? As palavras de Jesus são como facadas: Ele chama os apóstolos de medrosos e sem fé. Um bando de medrosos, um bando de incrédulos.
Jesus tinha consciência da fragilidade das pessoas que havia chamado para continuar a sua missão; sabia que tinha ao seu redor pessoas que não confiavam nele, pessoas inseguras, que queriam ocupar o primeiro lugar na vida e, depois, também na vida eterna, que lutavam para ter os melhores lugares com orgulho e arrogância, mas que, diante de um pequeno desafio, estariam prontos a largar tudo e a fugir. O Papa, no dia de abertura do Ano Sacerdotal, pronunciou palavras duríssimas contra os pastores que escandalizam as suas ovelhas. Parece que a fraqueza dos primeiros apóstolos continua nos apóstolos de hoje. O que fazer?
Na carta aos Coríntios, São Paulo, cujo ano a ele dedicado está para se encerrar, nos dá uma luz. Ele diz: Cristo, morreu por todos, para que vivos não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou. Não viver mais para si! Não pensar mais em si, renunciando à tendência egoísta que nos levaria a tirar vantagem sobre tudo e todos. Quem quer me seguir – diz Jesus – renuncie a si mesmo, carregue a sua cruz e me siga. Somos pastores e não mercenários. O Cura d´Ars dizia, a esse respeito, que O padre não é padre para si mesmo, é-o para vós. E São Paulo continua dizendo que, se vivemos por Cristo, somos criaturas novas, e tudo, então, será novo. Se nós formos novos, tudo será novo, um barco novo, uma Igreja nova.
Uma segunda luz vem do próprio evangelho. Os apóstolos, com medo de morrer, acordam Jesus. Isso significa que às vezes pode acontecer que Jesus adormeça, mas não quer dizer que ele tenha deixado o barco, ou tenha deixado sozinhos os seus amigos como eles fizeram com Jesus. Qual deve ser a nossa atitude, diante do silêncio de Jesus? É a nossa intercessão, a nossa oração. Os padres são os grandes intercessores para que a Igreja não afunde.
Como não lembrar a esse propósito, mais uma vez, o exemplo de São João Maria Vianney, o Cura d´Ars? São suas estas palavras: Um bom pastor, um pastor segundo o coração de Deus é o maior tesouro que o bom Deus pode conceder a uma paróquia e um dos dons mais preciosos da misericórdia divina». Ele falava do sacerdócio como se não conseguisse alcançar plenamente a grandeza do dom e da tarefa confiados a uma criatura humana: «Oh como é grande o padre! () Se lhe fosse dado compreender-se a si mesmo, morreria. () Deus obedece-lhe: ele pronuncia duas palavras e, à sua voz, Nosso Senhor desce do céu e encerra-se numa pequena hóstia».
Esse é o verdadeiro poder que devemos perseguir, o poder da oração e da intercessão. A nós foi dado esse sublime dom, a nós foi conferida essa graça. Durante este Ano Sacerdotal procuremos crescer na perfeição evangélica, cresçamos na conversão e, aí sim, tudo será novo. Maria, mãe dos sacerdotes, que é a grande intercessora perto do Pai, nos obtenha a graça de santas vocações, conceda à nossa Igreja, que vai completar no ano que vem o X aniversário de sua criação,mais operários para a sua messe.