«Todo aquele que se declarar por mim, diante dos homens, também me declararei por ele diante do meu Pai que está no Céu. Mas aquele que me negar diante dos homens, também o hei de negar diante do meu Pai que está no Céu» (Mt 10, 32-33).
Escrita em 1984 (1)
Esta Palavra é de grande conforto e de estímulo para todos nós, cristãos.
Com ela, Jesus exorta-nos a viver com coerência a nossa fé n’Ele. Porque o nosso destino eterno depende da atitude que tivermos assumido para com Ele, durante a nossa existência terrena. Se nos tivermos declarado por Ele diante dos homens – diz Jesus – dar-lhe-emos motivo para se declarar por nós diante do Seu Pai. Se, pelo contrário, O tivermos negado diante dos homens, também Ele nos negará diante do Pai.
«Todo aquele que se declarar por mim, diante dos homens, também me declararei por ele diante do meu Pai que está no Céu. Mas aquele que me negar diante dos homens, também o hei de negar diante do meu Pai que está no Céu».
Jesus recorda o prêmio ou o castigo, que nos esperam depois desta vida, porque nos ama. Como diz um Padre da Igreja, Ele sabe que, por vezes, o receio de um castigo é mais eficaz do que a promessa de uma boa recompensa. Por isso, alimenta em nós a esperança da felicidade sem fim e, ao mesmo tempo, para nos salvar, suscita em nós o medo da condenação.
Aquilo que Lhe interessa é que consigamos viver para sempre com Deus. É, aliás, a única coisa que conta. Foi para esse objetivo que fomos chamados à existência: na verdade, só com Ele atingiremos a completa realização de nós mesmos, a satisfação plena de todas as nossas aspirações. É por isso que Jesus nos exorta a “declararmo-nos por Ele”, já nesta Terra. Se, pelo contrário, nesta vida, não quisermos ter nada a ver com Ele, se agora O negarmos, quando tivermos que passar para a outra Vida, encontrar-nos-emos separados d’Ele para sempre.
No final do nosso caminho terreno, portanto, Jesus limitar-se-á a confirmar diante do Pai a escolha que cada um tiver feito na Terra, com todas as suas consequências. E, referindo-se ao Juízo Final, mostra-nos toda a importância e a seriedade da decisão que aqui tomarmos: na verdade, está em jogo a nossa eternidade.
«Todo aquele que se declarar por mim, diante dos homens, também me declararei por ele diante do meu Pai que está no Céu. Mas aquele que me negar diante dos homens, também o hei de negar diante do meu Pai que está no Céu».
Como aproveitar este aviso de Jesus? Como viver esta Sua Palavra?
É Jesus que no-lo diz: «Todo aquele que se declarar por mim…».
Decidamo-nos, então, a declarar-nos por Ele diante dos homens, com simplicidade e franqueza.
Vençamos o respeito humano. Deixemos a mediocridade e as meias medidas, que esvaziam de autenticidade até a nossa vida de cristãos.
Lembremo-nos que somos chamados a ser testemunhas de Cristo: Ele quer fazer chegar a todos os homens a sua mensagem de paz, de justiça, de amor, precisamente através de nós.
Testemunhemo-lo onde quer que nos encontremos, por motivos de família, de trabalho, de amizade, de estudo, ou pelas várias circunstâncias da vida.
Demos esse testemunho, antes de mais, com o nosso comportamento: com a honestidade da vida, com a pureza dos costumes, com o desapego do dinheiro, com a participação nas alegrias e nos sofrimentos dos outros.
Demo-lo, de modo especial, com o nosso amor recíproco, com a nossa unidade, para que a paz e a alegria pura, que Jesus prometeu a quem estiver unido a Ele, nos inundem a alma já nesta terra e transbordem sobre os outros.
E a quem nos perguntar por que nos comportamos assim, por que estamos tão calmos, apesar das dificuldades deste mundo tão atribulado, não tenhamos vergonha de responder, com humildade e sinceridade, usando aquelas palavras que o Espírito Santo nos sugerir. Daremos, assim, testemunho de Cristo também com a palavra, até no campo das ideias.
Então, talvez muitos daqueles que O procuram, O poderão encontrar.
Outras vezes, podemos ser mal entendidos, contestados. Podemos tornar-nos alvo de troça, ou até de aversão ou de perseguição. Jesus avisou-nos também disso: «Se me perseguiram a Mim, também perseguirão a vós» (2).
Estamos no caminho certo. Continuemos, por isso, a testemunhá-lo com coragem até no meio das provações, mesmo que nos custe a vida. A meta que nos espera vale esse preço: é o Céu, onde Jesus, que amamos, se declarará por nós diante do seu Pai, por toda a eternidade.
Chiara Lubich
1) Publicada em Città Nuova, 1984/12, pp. 10-11; 2) Jo 15, 20.