Nos sucessores imediatos de Pedro na cátedra de Roma, o terceiro, de nome Clemente – escreve santo Irineu no ano 180 – “vira os apóstolos e conversara com eles, ouvira a voz da pregação deles e tivera a tradição deles diante dos olhos”. Não é a única notícia que santo Irineu nos dá do papa Clemente. Por ele sabemos que o autor da importante carta escrita pela Igreja de Roma à de Corinto é o papa Clemente.
Vivia em Roma e foi contemporâneo de são João Evangelista, são Filipe e São Paulo; de Filipe era um dos colaboradores e do último, um discípulo. Paulo até citou-o em seus escritos. A antiga tradição cristã apresenta-o como filho do senador Faustino, da família Flávia, parente do imperador Domiciano. Foi Papa numa época de muitas perseguições aos seguidores de Cristo.
Governou a Igreja de 88 a 97, quando levou avante a evangelização firmemente centrada nos princípios da doutrina. Enfrentou as divisões internas que ocorriam. Foi considerado o autor da célebre carta anônima enviada aos coríntios, que não seguiam as orientações de Roma e pretendiam desligar-se do comando único da Igreja. Através da carta, Clemente I animou-os a perseverarem na fé e na caridade ensinada por Cristo, e participarem da união com a Igreja.
Restabeleceu o uso do crisma, seguindo a tradição de são Pedro, e instituiu o uso da expressão “amém” nos ritos religiosos. Com sua atuação séria e exemplar, converteu até Domitila, irmã do imperador Domiciano, também seu parente, fato que ajudou muito para amenizar a sangrenta perseguição aos cristãos.
Clemente I expandiu muito o cristianismo, assustando e preocupando o então imperador Nerva, que o exilou na Criméia. A essa altura, assumiu, como papa, Evaristo. Enquanto nas terras do exílio, Clemente I encontrou milhares de cristãos condenados aos trabalhos forçados nas minas de pedra. Passou a encorajá-los a perseverarem na fé e converteu muitos pagãos.
A notícia chegou ao novo imperador Trajano, que, irritado, primeiro ordenou que ele prestasse sacrifício aos deuses. Depois, como recebeu a recusa, mandou jogá-lo no mar Negro com uma âncora amarrada no pescoço que se retraiu para entregar aos cristãos o corpo do mártir para veneração.
Tudo aconteceu no dia 23 de novembro do ano 101, como consta do Martirológio Romano.
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Santa Felicidade e sete irmãos
+ 165
Eles viveram nos tempos do imperador Antonino e foram presos e mortos todos juntos no ano 165, em Roma. Não se encontram informações muito precisas, entretanto são os dados registrados nas “Atas” sobre este martírio coletivo. Este não teria sido o único caso de uma mãe que recebeu a pena capital juntamente com os filhos. Há, por exemplo, o caso dos “sete irmãos Macabeus”, de que fala a Sagrada Escritura no capítulo sete do segundo livro dos Macabeus.
Além disso, quanto a esta mártir, consta que o próprio papa são Gregório Magno teria encontrado uma gravura mural que representava esta mãe, de nome Felicidade, rodeada por sete jovens, numa das catacumbas de Roma.
A tradição conta que Felicidade era uma rica viúva que foi acusada de ser cristã pelos sacerdotes pagãos ao imperador. Públio que era prefeito de Roma, ficou encarregado do seu julgamento. Começou o interrogatório somente com Felicidade, todavia não obteve resultado algum. No dia seguinte, mandou conduzir a mãe e os sete filhos para adorarem os deuses pagãos. Mas Felicidade exortou os filhos a que não fraquejassem na fé. O juiz, então, condenou mãe e filhos à morte.
Através das “Atas” é possível saber todos os seus nomes e a forma de martírio de cada um. Nela, eles estão citados como “os sete irmãos mártires”: Januário, Félix, Filipe, Silvano, Alexandre, Vidal e Marcial. Januário, após ser açoitado com varas e ter padecido no cárcere, foi morto com flagelos de chumbo. Félix e Filipe foram espancados e mortos a golpes de pau. Silvano foi jogado num precipício. Alexandre, Vidal e Marcial foram decapitados.
Apesar de saberem que sofreriam muito antes de morrer, todos mantiveram a firmeza na fé e não renegaram o Cristo. A última a morrer, por decapitação foi Felicidade, que sofreu muitas torturas até a execução no dia 23 de novembro.
A tradição cristã reverencia todos estes santos mártires na mesma data
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Santo Columbano
+615
Os monges irlandeses foram grandes viajantes, indo para longínquas terras impulsionados pelo desejo de pregar o Evangelho. Assim a Irlanda doou à Europa da idade média inúmeros monges missionários que espalharam e fizeram crescer a Igreja cristã, e que foi catequizada por são Patrício no século V. Da “ilha dos santos” para a Europa, eles vieram, austeros, retos e amorosamente motivados, dar origem à chamada “peregrinação pelo Senhor”. Além de expandir muito as regiões de fé cristã, colaboraram para a renovação cultural do velho continente. Um monge proeminente foi Columbano, nascido no ano 540 na cidade de Leinster.
Columbano era um nobre muito rico, culto e dotado de inteligência incomum. Ele próprio se iniciou no estudo das Sagradas Escrituras. Depois, estudou as ciências humanas e a teologia em um mosteiro da Irlanda do Norte, em Bangor, considerado o de regras mais rígidas de todo país. Teve como guia espiritual o próprio abade, santo Comgall. Passou décadas e mais décadas de ilha em ilha, onde os mosteiros cresciam. Ele mesmo fundou um em Bangor, que se tornou famoso, e por uma década, foi professor dos noviços.
Aplicado e dos mais destacados religiosos de sua época, estudou ao lado de muitos deles, alguns dos quais se tornaram santos. Aos cinquenta anos, deixou seu país para atuar como missionário, acompanhado de outros doze monges. E passou para a história da Igreja por sua presença de visionário reformador e fundador de mosteiros, dono de uma singular personalidade que unia vigor e poesia, determinação férrea e descuidada improvisação, e principalmente, pela rigidez das regras de disciplina imposta aos monges dos seus mosteiros.
Em 590, entrou na Europa decadente daqueles tempos medievais, entrando pela França, onde fundou o primeiro mosteiro em Luxeuil, a seguir outros dois na região da Borgonha – Itália. Assim, atraiu centenas de seguidores, revigorando a fé cristã. Depois, chegou a Suíça, onde deixou o discípulo Gallo, agora santo, o qual fundaria, mais tarde, um célebre mosteiro que leva o seu nome.
Na Itália, a fama de sua sabedoria e santidade já era conhecida. Atuou como conselheiro do rei dos longobardos, mas estranhou-se com ele por causa da sua oposição aos hereges arianos. Foi para as montanhas da Ligúria, entre Gênova e Pávia, onde ergueu a igreja e o Mosteiro de Bobbio, que tantos frutos daria ao catolicismo no futuro.
Neste mosteiro, o abade Columbano morreu no dia 23 de novembro de 615.
E essa é a data da festa para a sua celebração.
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